Imagem Destaque
São Paulo – O Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler divulgou na segunda 24 carta de solidariedade aos trabalhadores na Mercedes-Benz de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O grupo reúne representantes sindicais de vários países, com sede em Stuttgart, Alemanha. O documento considera injustificável o processo de demissão em massa desencadeado pela montadora no ABC. Observa que o quadro de pessoal da unidade sofreu de redução de 25% desde 2011 e considera a situação de crise da empresa e do país como dificuldades estruturais e conjunturais que devem ser discutidas com o Sindicato dos Metalúrgicos para que as medidas a serem tomadas para enfrentá-las sejam “aceitáveis” por ambas as partes.
O comitê reivindica a suspensão do processo de dispensas e a revogação dos cortes já efetuados. O grupo atribui a falhas de gestão da Mercedes no passado recente parte dos problemas que a fábrica enfrenta atualmente. E denuncia como irresponsabilidade social o ato de transferir as consequências aos funcionários sem antes lançar mão do Programa de Proteção do Emprego (PPE) recém-negociado entre governo, empresários e sindicatos, o que poderia assegurar os empregos por pelo menos 16 meses. “Não é possível que 1.500 famílias sejam forçadas a um futuro incerto”, diz o texto. Leia íntegra.
Caros companheiros e companheiras,
Queremos informá-los sobre a situação dos nossos companheir@s brasileiros na planta de produção de veículos comerciais em São Bernardo do Campo.
Na semana passada, as negociações entre a Mercedes-Benz do Brasil (MB Bras) e o Sindicato dos Metalúrgicos brasileiro, sobre como lidar com a crise econômica local e seu impacto no emprego, chegaram a um impasse. Na sexta-feira passada, dia 20/8, a direção da empresa notificou aproximadamente 1.500 funcionários sobre a rescisão dos seus contratos a partir de 1º/9. Em protesto contra esta medida, os trabalhadores entraram em greve por tempo indeterminado na fábrica a partir dos turnos da manhã de hoje.
Demissões em massa não se justificam. Problemas estruturais ou conjunturais precisam ser resolvidos, em nossa opinião, de forma socialmente responsável. Essas demissões não são socialmente aceitáveis, e elas devem ser imediatamente canceladas.
Demandamos à direção da empresa para retornar imediatamente à mesa de negociações e buscar uma solução com os nossos companheiros sindicalistas no Brasil. Deve ser encontrado um compromisso que seja igualmente aceitável tanto para os trabalhadores como para a empresa. Nossos companheiros grevistas brasileiros contam com nossa irrestrita solidariedade.
Esta dramática situação está baseada nos profundos problemas conjunturais e estruturais do país e da fábrica. O mercado brasileiro de caminhões está em profundo colapso e são necessários investimentos urgentes nas instalações da fábrica.
Até recentemente a direção da MB Bras e o sindicato tiveram acordo em várias medidas socialmente aceitáveis para a adaptação da força de trabalho em função da evolução da situação do mercado – por exemplo, banco de horas, programas de demissão voluntária, férias coletivas, suspensão dos contratos de trabalho (lay-off) etc. Nos últimos anos, mais de 2 mil funcionários deixaram a empresa através de demissões voluntárias. No final de maio 2015 foram pela primeira vez desligados 300 trabalhador@s que se encontravam há um ano em lay-off.
Desde o pico de vendas de 2011, a força de trabalho em São Bernardo foi reduzida em cerca de 25%.
Os companheiros brasileiros estão sob forte pressão por demissões e cortes salariais, devido ao trabalho reduzido e os saldos muito negativos dos bancos de hora. No início de julho, uma proposta negociada de medidas adicionais foi rejeitada por uma clara maioria de 75% em uma votação dos trabalhadores.
Novamente em agosto a empresa demandou uma contribuição substancial dos funcionários para lidar com os problemas estruturais da MB Bras: os trabalhadores deveriam cofinanciar os investimentos necessários através de drásticos cortes salariais. Por força da recusa desta proposta pelos trabalhadores na votação do início de julho, o sindicato rejeitou reapresentar a mesma proposta. A empresa considerou isso uma ruptura das negociações e anunciou as demissões.
Estamos cientes dos problemas estruturais em São Bernardo. Mas eles não foram causados ??pelos funcionários. A perda a longo prazo da participação de mercado no Brasil, incluindo a perda da liderança de mercado, a baixa produtividade e deficiências significativas na estrutura das plantas são consequência de anos de má gestão.
Querer “zerar” esses problemas estruturais agora, em uma época de crise de mercado extrema, é inaceitável para os trabalhadores. Isso só serve, em nossa opinião, apenas para aplicar uma pressão adicional sobre os trabalhadores e o sindicato.
A demissão de 1.500 trabalhadores é a solução mais fácil para a direção da empresa em relação à totalidade da força de trabalho que é causada pelas dificuldades econômicas e estruturais para a empresa.
No nosso entendimento, isso é totalmente inadequado porque o governo brasileiro acaba de adotar há algumas semanas uma lei de proteção ao emprego inspirada no modelo alemão. Se este programa fosse adotado, ter-se-ia um tempo de estabilidade de até 16 meses, dentro do qual se poderia chegar a um acordo com o sindicato sobre os problemas estruturais.
Nós estamos ao lado dos nossos companheiros e companheiras no Brasil. Não é possível que 1.500 famílias sejam forçadas a um futuro incerto. E ninguém pode esperar que os trabalhadores aceitem que os erros de gestão do passado sejam corrigidos jogando a responsabilidade somente nas suas costas.
Michael Brecht
Presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler e vice-presidente do Conselho de Administração da Daimler AG
Ergun Lümali
Vice-presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler
Stuttgart, 24 de Agosto de 2015
Rede Brasil Atual - 25/8/2015
O comitê reivindica a suspensão do processo de dispensas e a revogação dos cortes já efetuados. O grupo atribui a falhas de gestão da Mercedes no passado recente parte dos problemas que a fábrica enfrenta atualmente. E denuncia como irresponsabilidade social o ato de transferir as consequências aos funcionários sem antes lançar mão do Programa de Proteção do Emprego (PPE) recém-negociado entre governo, empresários e sindicatos, o que poderia assegurar os empregos por pelo menos 16 meses. “Não é possível que 1.500 famílias sejam forçadas a um futuro incerto”, diz o texto. Leia íntegra.
Caros companheiros e companheiras,
Queremos informá-los sobre a situação dos nossos companheir@s brasileiros na planta de produção de veículos comerciais em São Bernardo do Campo.
Na semana passada, as negociações entre a Mercedes-Benz do Brasil (MB Bras) e o Sindicato dos Metalúrgicos brasileiro, sobre como lidar com a crise econômica local e seu impacto no emprego, chegaram a um impasse. Na sexta-feira passada, dia 20/8, a direção da empresa notificou aproximadamente 1.500 funcionários sobre a rescisão dos seus contratos a partir de 1º/9. Em protesto contra esta medida, os trabalhadores entraram em greve por tempo indeterminado na fábrica a partir dos turnos da manhã de hoje.
Demissões em massa não se justificam. Problemas estruturais ou conjunturais precisam ser resolvidos, em nossa opinião, de forma socialmente responsável. Essas demissões não são socialmente aceitáveis, e elas devem ser imediatamente canceladas.
Demandamos à direção da empresa para retornar imediatamente à mesa de negociações e buscar uma solução com os nossos companheiros sindicalistas no Brasil. Deve ser encontrado um compromisso que seja igualmente aceitável tanto para os trabalhadores como para a empresa. Nossos companheiros grevistas brasileiros contam com nossa irrestrita solidariedade.
Esta dramática situação está baseada nos profundos problemas conjunturais e estruturais do país e da fábrica. O mercado brasileiro de caminhões está em profundo colapso e são necessários investimentos urgentes nas instalações da fábrica.
Até recentemente a direção da MB Bras e o sindicato tiveram acordo em várias medidas socialmente aceitáveis para a adaptação da força de trabalho em função da evolução da situação do mercado – por exemplo, banco de horas, programas de demissão voluntária, férias coletivas, suspensão dos contratos de trabalho (lay-off) etc. Nos últimos anos, mais de 2 mil funcionários deixaram a empresa através de demissões voluntárias. No final de maio 2015 foram pela primeira vez desligados 300 trabalhador@s que se encontravam há um ano em lay-off.
Desde o pico de vendas de 2011, a força de trabalho em São Bernardo foi reduzida em cerca de 25%.
Os companheiros brasileiros estão sob forte pressão por demissões e cortes salariais, devido ao trabalho reduzido e os saldos muito negativos dos bancos de hora. No início de julho, uma proposta negociada de medidas adicionais foi rejeitada por uma clara maioria de 75% em uma votação dos trabalhadores.
Novamente em agosto a empresa demandou uma contribuição substancial dos funcionários para lidar com os problemas estruturais da MB Bras: os trabalhadores deveriam cofinanciar os investimentos necessários através de drásticos cortes salariais. Por força da recusa desta proposta pelos trabalhadores na votação do início de julho, o sindicato rejeitou reapresentar a mesma proposta. A empresa considerou isso uma ruptura das negociações e anunciou as demissões.
Estamos cientes dos problemas estruturais em São Bernardo. Mas eles não foram causados ??pelos funcionários. A perda a longo prazo da participação de mercado no Brasil, incluindo a perda da liderança de mercado, a baixa produtividade e deficiências significativas na estrutura das plantas são consequência de anos de má gestão.
Querer “zerar” esses problemas estruturais agora, em uma época de crise de mercado extrema, é inaceitável para os trabalhadores. Isso só serve, em nossa opinião, apenas para aplicar uma pressão adicional sobre os trabalhadores e o sindicato.
A demissão de 1.500 trabalhadores é a solução mais fácil para a direção da empresa em relação à totalidade da força de trabalho que é causada pelas dificuldades econômicas e estruturais para a empresa.
No nosso entendimento, isso é totalmente inadequado porque o governo brasileiro acaba de adotar há algumas semanas uma lei de proteção ao emprego inspirada no modelo alemão. Se este programa fosse adotado, ter-se-ia um tempo de estabilidade de até 16 meses, dentro do qual se poderia chegar a um acordo com o sindicato sobre os problemas estruturais.
Nós estamos ao lado dos nossos companheiros e companheiras no Brasil. Não é possível que 1.500 famílias sejam forçadas a um futuro incerto. E ninguém pode esperar que os trabalhadores aceitem que os erros de gestão do passado sejam corrigidos jogando a responsabilidade somente nas suas costas.
Michael Brecht
Presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler e vice-presidente do Conselho de Administração da Daimler AG
Ergun Lümali
Vice-presidente do Comitê Mundial dos Trabalhadores na Daimler
Stuttgart, 24 de Agosto de 2015
Rede Brasil Atual - 25/8/2015