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São Paulo – Depois de fazer milhões de vítimas entre trabalhadores de todo o mundo, o assédio moral é cada vez mais comum em órgãos e entidades ligadas ao poder público. É o caso de universidades públicas, por exemplo. Com recursos praticamente em extinção, tem se tornado comum a competição acirrada entre professores e pesquisadores em busca de mais verba para suas pesquisas. O resultado é um sistema de opressão que destrói a solidariedade, a ética e traz sofrimento psíquico e doença para servidores, colegas e familiares.
O alerta foi feito na tarde de quarta 24 pelo professor e pesquisador Roberto Heloani, da Faculdade de Educação e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, em palestra no 4° Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde: Acidentes, Adoecimentos e Sofrimentos do Mundo do Trabalho. Realizado desde segunda-feira pela Fundacentro, na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, na capital paulista, o evento segue até sexta-feira 26.
"O assédio moral no setor público é praticado pelas mentes privatizadas, que seguem à risca o mesmo modelo adotado no setor privado. Isso acontece quando a gente trata, avalia e remunera pessoas como se fossem máquinas e elas passam a se comportar como tal", comparou Heloani.
De acordo com o professor, a lógica da flexibilização que já destruiu o coletivo de trabalho por onde passou, faz agora vítimas no setor público. "Para se ter uma ideia, 90% dos hospitais públicos são geridos por organizações sociais no estado de São Paulo.
Numa perspectiva de obtenção de lucros cada vez mais maiores, vale tudo menos a saúde e a vida do trabalhador. "Falar em ética no trabalho, hoje, é coisa de ficção científica", disse ele, destacando uma suposta modernidade que faz consumidores trabalharem de graça para as empresas. É o caso do auto serviço de check in nos aeroportos, que segundo Heloani ceifou 1 milhão de postos de trabalho. "Chegará o dia em que os passageiros vão abastecer a aeronave."
O professor disse que até os anos 1960 havia "ética no capitalismo" e os trabalhadores contavam com seguridade e previdência, com perspectiva de futuro. "Porém, a partir dos anos 1980, a mente das pessoas começou a ser 'flexibilizada' e desde o início dos anos 1990, com o Consenso de Washington, as regras começaram a mudar no Brasil", disse, destacando o discurso do governo norte-americano, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que defendiam "a modernização" dos países da América Latina com a abertura de suas economias para o mercado estrangeiro, especialmente para o Norte americano.
"E o que se tem hoje é dizer para o trabalhador, depois de 30 anos de trabalho, que ele não vai ter a casa grande com piscina prometida quando começou a trabalhar. E sim um terreninho num bairro da periferia para construir sua casinha, se quiser. Isso é fraude, artigo 171 do código penal. E com os acidentados então, que estão perdendo seus benefícios?"
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 25/8/2016
O alerta foi feito na tarde de quarta 24 pelo professor e pesquisador Roberto Heloani, da Faculdade de Educação e do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Unicamp, em palestra no 4° Congresso Internacional de Ciências do Trabalho, Meio Ambiente, Direito e Saúde: Acidentes, Adoecimentos e Sofrimentos do Mundo do Trabalho. Realizado desde segunda-feira pela Fundacentro, na Faculdade de Direito da USP, no Largo São Francisco, na capital paulista, o evento segue até sexta-feira 26.
"O assédio moral no setor público é praticado pelas mentes privatizadas, que seguem à risca o mesmo modelo adotado no setor privado. Isso acontece quando a gente trata, avalia e remunera pessoas como se fossem máquinas e elas passam a se comportar como tal", comparou Heloani.
De acordo com o professor, a lógica da flexibilização que já destruiu o coletivo de trabalho por onde passou, faz agora vítimas no setor público. "Para se ter uma ideia, 90% dos hospitais públicos são geridos por organizações sociais no estado de São Paulo.
Numa perspectiva de obtenção de lucros cada vez mais maiores, vale tudo menos a saúde e a vida do trabalhador. "Falar em ética no trabalho, hoje, é coisa de ficção científica", disse ele, destacando uma suposta modernidade que faz consumidores trabalharem de graça para as empresas. É o caso do auto serviço de check in nos aeroportos, que segundo Heloani ceifou 1 milhão de postos de trabalho. "Chegará o dia em que os passageiros vão abastecer a aeronave."
O professor disse que até os anos 1960 havia "ética no capitalismo" e os trabalhadores contavam com seguridade e previdência, com perspectiva de futuro. "Porém, a partir dos anos 1980, a mente das pessoas começou a ser 'flexibilizada' e desde o início dos anos 1990, com o Consenso de Washington, as regras começaram a mudar no Brasil", disse, destacando o discurso do governo norte-americano, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial, que defendiam "a modernização" dos países da América Latina com a abertura de suas economias para o mercado estrangeiro, especialmente para o Norte americano.
"E o que se tem hoje é dizer para o trabalhador, depois de 30 anos de trabalho, que ele não vai ter a casa grande com piscina prometida quando começou a trabalhar. E sim um terreninho num bairro da periferia para construir sua casinha, se quiser. Isso é fraude, artigo 171 do código penal. E com os acidentados então, que estão perdendo seus benefícios?"
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 25/8/2016