Apontado como tema prioritário para os bancários em consulta realizada por sindicatos de todo o país, a questão do emprego no setor financeiro foi debatida em mesa de negociação, realizada em 25 de julho, entre Comando Nacional dos Bancários e Fenaban (federação dos bancos).
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Sobram lucros e também demissões
Segundo a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), do Ministério do Trabalho, em 2012 a categoria bancária era composta por 512.835 trabalhadores; foi reduzida para 486 mil em 2016, uma queda de 5,3% no período. Números mais recentes, do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), também do Ministério do Trabalho, mostram que de janeiro de 2012 a junho de 2018, o setor bancário eliminou 57.045 postos de trabalho, o que representou, neste período, uma redução de 11,5% na categoria. Apenas no primeiro semestre deste ano, o total de vagas extintas pelos bancos já chegou a 2.846.
Por outro lado, os lucros seguem crescendo, mesmo em um período de crise financeira no Brasil. O lucro líquido dos maiores bancos atuantes no país teve variação real positiva de 12% entre 2012 e 2017. Além disso, o volume de atividades das empresas do setor também apresentou crescimento nesse período: a carteira de crédito cresceu 25% acima da inflação e o número de clientes com conta corrente e conta poupança apresentou alta de 9% e 31%, respectivamente.
Em 2017, os cinco maiores bancos que atuam no país (Itaú, Bradesco, Santander, BB e Caixa), que empregam em torno de 90% da categoria, lucraram juntos R$ 77,4 bilhões, aumento de 33,5% em relação a 2016. Só no primeiro trimestre deste ano, eles já atingiram R$ 20,3 bi em lucro, 18,7% a mais do que no mesmo período de 2017.
“Um setor, que lucra cada vez mais, deveria cumprir sua responsabilidade social e gerar empregos, combatendo a sobrecarga de trabalho, uma das principais causas de adoecimento do bancário, e melhorando o atendimento à população”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários, Ivone Silva, lembrando ainda que a queda na renda dos brasileiros tende a se agravar com as formas de contratação precárias permitidas pela reforma trabalhista, em vigor desde novembro de 2017.
Os representantes dos bancários cobraram que os bancos reconheçam a Convenção 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho) que prevê negociação com o movimento sindical no caso de dispensas com motivações de ordem econômico-financeiras, tecnológicas, estruturais, como fusões e/ou incorporações.
A Fenaban disse não achar necessário dar estabilidade à categoria porque a sua rotatividade é a menor dentre todos os setores. O Comando argumentou que metade da categoria bancária tem estabilidade, já que são funcionários do BB e da Caixa e bancos estaduais, e que é por somente essa razão que a rotatividade é baixa.
Contratos precários
Sobre os contratos precários previstos na reforma trabalhista de Temer, na negociação sobre emprego os representantes dos bancos afirmaram que não têm intenção de adotar as novas formas de contratação previstas na lei trabalhista, mas disseram que não há necessidade de assinar cláusula na CCT para isso.
“Nós insistimos que, se eles não vão contratar intermitentes, autônomos, se não vão terceirizar, como afirmam na mesa, então por que não se comprometem com essas afirmações por escrito?”, questionou Ivone, lembrando ainda que as negociações tem o intuito justamente de estabelecer tudo que foi dito por escrito, na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.
“Esperamos agora que a Fenaban apresente proposta que contemple a garantia dos empregos e resguarde a categoria bancária de contratos precários permitidos pela nova legislação trabalhista. É inadmissível que, com resultados tão positivos, os bancos estejam contribuindo para esse quadro social desumano, com desemprego nas alturas, ao fechar postos de trabalho”, conclui Ivone.
A Fenaban se comprometeu a apresentar uma proposta global à categoria na terça-feira 7. No dia 8 bancários de todo o país se reúnem em assembleias de avaliação da proposta. Em São Paulo, a assembleia terá início às 19h, em primeira chamada, e 19h30 em segunda chamada, na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Centro).
Veja como foram as negociações com a Fenaban
> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta
> 4ª rodada: Em mesa de emprego, bancos não se comprometem contra contratações precárias
> 5ª rodada: Bancos não apresentam proposta