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Seminário Internacional

Entidades de 40 países discutem futuro do trabalho e ameaças a direitos

Linha fina
Onda neoliberal avança em diversas partes do mundo, apoiada em governos de direita, que promovem "reformas" que reduzem direitos trabalhistas e ameaçam movimentos sociais
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Foto: Roberto Parizotti

Entidades sindicais de 40 países se reuniram na sede nacional da CUT, em São Paulo, no dia 7, para discutir as perspectivas para o mundo do trabalho em um contexto de avanço do neoliberalismo, que ameaça direitos trabalhistas conquistados em todo o mundo.

A reportagem é da Rede Brasil Atual

O primeiro dia da 13ª Conferência da Universidade Global do Trabalho (Global Labor University – GLU) teve como tema O Futuro do Trabalho: Democracia, Desenvolvimento e o Papel do Trabalho. Outras mesas da conferência, na quarta 8, e quinta 9, serão realizadas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

Na abertura, o presidente da CUT, Vagner Freitas, denunciou aos dirigentes sindicais estrangeiros o golpe parlamentar e jurídico que se instalou no Brasil desde 2016.

"O objetivo do golpe de 2016 foi o de destruir a CUT, o MST, o PT, os movimentos populares e o Lula como referência de liderança no Brasil e personalidade do mundo. Mas os golpistas não vão nos destruir. Vamos enfrentá-los nas ruas e nas urnas e vamos vencer", destacou. 

Freitas alertou também para o crescimento do desemprego e da informalidade que, junto com a destruição de direitos promovida pela "reforma" trabalhista do governo Temer, comprometem a qualidade do trabalho. 

Representante da GLU, Michelle Willians afirmou que o mundo do trabalho vive uma "tormenta perfeita", o que demanda maior unidade dos trabalhadores. "Os ricos estão cada vez mais ricos, obscenamente ricos, enquanto mais de 2 bilhões de pessoas em todo mundo, que representam um terço da população, estão sem trabalho formal. Além disso, há uma crise de alimentação provocada pelas tempestades ,furacões e o aumento da temperatura no globo”, enfatizou.

Segundo representantes sindicais estrangeiros, o golpe do impeachment contra a ex-presidenta Dilma Rousseff, e a retirada de direitos que se seguiu, acendeu o sinal de alerta para a perda de direitos e fortalecimento da onda neoliberal em todo o mundo. 

"O Brasil é um exemplo de como a perda do financiamento sindical eliminou direitos. Há poucos anos o Brasil era visto como exemplo de políticas progressistas e hoje se nota a perda rápida desses direitos. Isto nos coloca em alerta. Não podemos só confiar nos bons políticos, precisamos de uma sociedade forte", afirmou o diretor-executivo do Centro Internacional para o Desenvolvimento e Trabalho Decente (International Center for Development and Decent Work, ICDD), Christoph Scherrer.  

Mudanças estruturais

Na segunda mesa de debates, Mudanças Estruturais e Futuro do Trabalho, o presidente da Fundação Perseu Abramo (FPA), Marcio Pochmann, que também é economista e professor da Unicamp, destacou as mudanças tecnológicas que vem incidindo sobre o processo produtivo – a chamada Indústria 4.0 – e afirmou a importância dos trabalhadores se organizarem, também do ponto de vista analítico, para disputarem espaço nessa nova sociedade. 

"Do ponto de vista organizativo da classe trabalhadora, qual seria a agenda que nos permitiria disputar esse futuro? Se há grande produtividade, que está elevando o progresso técnico como o resultado da luta inter-capitalista, qual é a parte dessa produtividade que ficará com os trabalhadores?", questionou Pochmann.

"A revolução tecnológica trará um impacto negativo por razões diferentes. Não é somente a questão da robotização, mas também como os dados de trabalhadores dentro de uma empresa poderão ser utilizados", afirmou o secretário-geral da Federação Internacional dos Trabalhadores de Transporte (International Transport Workers Federation, ITF), Victor Figueroa. 

O secretário-geral da Confederação Sindical das Américas (CSA), Victor Baez, associou a destruição de direitos trabalhistas ao receituário neoliberal apoiado por organismos internacionais que influenciam governos de direita na América Latina. "Passou pela Argentina, e também pelo Brasil, a senhora secretária do FMI. Já fizeram muitos ajustes. Uma coisa que tem muito a ver com o trabalho docente é a proteção social, e eles tentam tirar, e tiraram aqui no Brasil muitos direitos trabalhistas. Na Argentina, estão querendo fazer a mesma coisa."

 

 

 

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