Um homem especial por ser capaz de reunir os indignados e uni-los em torno de utopias que indicam o sentido da justiça, da igualdade e do bem comum. Este era Walter Barelli, morto no último dia 18 de julho, segundo Clemente Ganz Lúcio, diretor técnico do Dieese. Em artigo, Clemente ressalta a importância do legado vasto e significativo para os trabalhadores deixado por Barelli. Leia abaixo:
Todos somos diferentes. Humanos e igualmente diferentes.
Há um destino comum, irremediável, que a cada dia se aproxima de todos.
Durante a vida, a inteligência e a ciência nos ajudam a fazer o bem, a promover a paz e o amor, a superar desigualdades e a buscar o bem viver.
Mas a inteligência e a ciência também são capazes de nos tornar infinitamente estúpidos, ávidos por fazer o mal e a guerra, por destilar o ódio, por reproduzir a pobreza e a miséria, promover desigualdades e injustiças.
Quando a estupidez predomina, homens e mulheres se indignam, colocam-se em movimento e lutam contra ela.
Mas há homens e mulheres especiais que, diante das inúmeras formas de estupidez, são capazes de enunciar o sentido da justiça, da igualdade e do bem comum.
Há ainda homens e mulheres muito especiais porque são capazes de reunir os indignados e uni-los em torno de utopias que indicam o sentido da justiça, da igualdade e do bem comum.
Há aqueles e aquelas que fazem tudo isso durante toda a vida. Esses são bravos!
No dia 18 de julho perdemos um desses bravos, nosso companheiro Walter Barelli, que dedicou sua vida, sua sabedoria e o conhecimento econômico, para reunir e unir homens e mulheres que, em movimento, lutaram contra as inúmeras formas de estupidez humana, afirmando sempre o sentido da justiça e da igualdade.
Sua vida deixou muitas sementes, frutos e árvores.
Na vida pública e profissional, expandiu o DIEESE e promoveu sua credibilidade científica com dados e análises sobre o mundo do trabalho. Foi professor na Unicamp e no Cesit, na PUC/SP e na FGV/SP. Ministro do Trabalho e Secretário do Trabalho de São Paulo, entre tantas outras atividades.
Seu legado é vasto e significativo para os trabalhadores.
A sua ausência trará saudade.
Quando reunidos, poderemos dizer: bravo Barelli, presente!
Mas há um legado que deve ser continuado: sua capacidade de reunir e unir os diferentes e indignados, para se colocarem em movimento, acreditando que vale a pena a luta pela utopia da justiça, da igualdade e do bem comum.
O tempo histórico futuro próximo exige um grande esforço de união. O legado de Barelli é um enorme estímulo para vencer esse desafio de unir.
Se assim o fizermos, poderemos dizer: Bravo Barelli, vive!
*Sociólogo, diretor técnico do DIEESE