Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Sem perspectivas

Jovens adiam planos de emancipação no Brasil e no exterior

Linha fina
Falta de emprego e instabilidade dos empregos temporários, realidade no mundo, não é bom para quem quer construir uma família
Imagem Destaque
Foto: Pixabay

A falta de emprego e a instabilidade para quem está no regime temporário têm atrasado os planos de independência dos jovens. É o que mostra uma pesquisa divulgada recentemente pelo Observatório de Emancipação do Conselho da Juventude da Espanha (CJE).

Os mais afetados, segundo a pesquisa, são os que têm idade entre 16 e 29 anos, que querem sair da casa dos pais e atingir a tão sonhada independência. Porém, a falta de emprego ou os contratos temporários que rendem cerca de 900 euros por mês (cerca de R$ 4.500), não são o suficiente para bancar uma vida sozinha na Espanha, um dos países que tem os mais altos aluguéis. E para um em cada 5 jovens entrevistados que conseguem morar fora da casa da família, a única opção é dividir a moradia com amigos.

“Ou você tem um salário alto ou precisa da ajuda dos pais, do contrário, não tem como”, diz essa asturiana de 23 anos entrevista pelo Jornal El País. Ela divide um apartamento desde setembro, quando se mudou para a capital, e entre apartamentos “superpequenos, em bairros ruins e caros” conseguiu encontrar um para o qual destina mais de um terço do salário. Viver sozinha não é uma opção no momento: “Adoraria fazer isso mais tarde, mas não posso me permitir”.

O Centro Rainha Sofía de Adolescência e Juventude, instituição particular promovida pela Fundação de Ajuda contra a Dependência de Drogas (FAD), da Espanha, alerta que as consequências dessas redes de apoio não afetam apenas os jovens. “Quanto mais tempo os filhos levam para se emancipar, mais tempo dependem dos pais, o que empobrece a família”, diz Eulalia Alemany, diretora técnica do centro. E as repercussões também são sociais. “Provoca um atraso na maternidade. Quando você pergunta as razões pelas quais os jovens não formam uma família, a maioria aponta os fatores financeiros”, lembra a especialista.

No Brasil, a situação dos jovens não é diferente. Dados do IBGE mostram que a população jovem é a que mais tem sofrido com os impactos da recessão econômica desde 2016. Nos últimos 12 meses, a perda salarial para a faixa etária de 20 a 29 anos foi de 16%.  Já a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), divulgada este ano, entre os 47,3 milhões de pessoas de 15 a 29 anos, 23% não estudam e nem trabalham. Os dados são referentes a 2018.

Jovens se mobilizam contra desemprego e precariedade de emprego

Ainda segundo o IBGE, fatores como a crise econômica, as reformas trabalhista, a previdenciária, a liberação da terceirização, e agora a MP 881 que enfraquece ainda mais as leis trabalhistas podem contribuir para o crescimento da chamada geração Boomerang nos próximos anos. Essa categoria é conhecida assim, porque depois de um tempo fora da casa dos pais, os jovens retornam por não conseguirem se manter sem uma ajuda financeira.

A vice-presidente da Juventude Uni Américas e dirigente sindical, Lucimara Malaquias, critica a conduta dos dois países. "A Espanha aprovou uma reforma trabalhista extremamente nefasta para os trabalhadores, o resultado disto, não foi a geração de empregos, pelo contrário. Os jovens são os mais afetados pelo desemprego e pelos trabalho temporário lá e aqui também. A reforma de 2017 foi aprovada prometendo desburocratizar e novos empregos, o que não aconteceu. Agora o governo apresenta uma reforma, a da Previdência prometendo acabar com privilégios mas na verdade vai dificultar e muito o acesso à aposentadoria", diz.

Desde 2017, o IBGE mostra que a taxa de pessoas com menos de 25 anos que não conseguiam encontrar emprego estava próxima de 40%.

 

seja socio