Professores e funcionários da Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, preparam manifestações, no próximo dia 29, em protesto pela falta de pagamento do salário de julho . E uma nova greve não está descartada pelas categorias.
A reportagem é do Portal CUT.
Segundo o presidente do Sindicato dos Professores de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul (Sinpro ABC), José Jorge Maggio, o JJ, a possibilidade de greve foi decidida em assembleia dos professores e dos funcionários, na última semana.
Sem salários e sem a garantia de direitos básicos, como vale alimentação e refeição, nem os depósitos do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), as categorias se uniram para lutar por seus direitos, definir uma frente de resistência e denunciar à sociedade os desmandos da Instituição.
Além da mobilização no dia 29 de agosto, os professores decidiram ir ao trabalho diariamente de roupa preta e, no quinto dia útil, trabalhar com camiseta com dizeres “Metodista Pague Nosso Salário”. Os dirigentes sindicais também orientam que os trabalhadores enviem ao Sinpro ABC relatos e informações sobre os atrasos de salários e suas dificuldades econômicas para sensibilizar a Justiça do Trabalho.
Segundo o sindicato, mesmo depois de uma greve que durou 19 dias, a universidade não pagou ainda os salários, nem os vales alimentação e refeição, que deveriam ser pagos até o dia 10 de julho, conforme determinou o Tribunal Regional do Trabalho da 2ª Região (TRT2). A direção também não se intimidou com a multa caso não cumprisse a decisão.
O Sinpro ABC, por meio do seu departamento jurídico, está com audiência marcada para o dia 28 de agosto para homologar o acordo com o TRT 2, afim de executá-lo e cobrar a multa de um salário para cada trabalhador por infração cometida.
“Vamos incansavelmente cobrar a Metodista todas as pendências com os trabalhadores. A Igreja Metodista [mantenedora] tem muito dinheiro, as mensalidades não são as mais baratas e onde está o dinheiro?”, questionou JJ.
Apesar dos atrasos nos salários e as dificuldades financeiras por que vêm passando os funcionários e professores da universidade há ainda um temor de represálias, como demissões e perseguições.
Para o presidente do Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de Santo André, São Bernardo do Campo e São Caetano do Sul (SAAE-ABC), Donisete Gimenes Angelo, o medo é o grande motivo pela ausência dos funcionários com a luta. “A gente sabe que as pessoas têm medo de denunciar”, afirmou.
Donisete disse ainda que obteve informações de que alguns funcionários estão recebendo o salário de julho e outros não, e o medo de não receber o mês de agosto já é realidade entre eles.
“Além da Metodista pagar o que deve em prestações, o pouco que cai na conta do trabalhador é para pagar empréstimos e saldos devedores. Não resolve o problema dele, que ainda corre o risco de não receber no quinto dia útil do próximo mês, o salário de agosto”, criticou Donisete.
O dirigente contou que é muito triste ver uma Universidade tão renomada por tantos anos estar numa situação como esta.
“A Igreja está esperando o quê para tomar alguma decisão favorável”?, questiona o dirigente, que continua: “As perdas não são somente para os trabalhadores, mas também para o nome da universidade que já está perdendo alunos com toda esta negligência e descaso. Construir uma boa reputação demora, mas para destruí-la é muito rápido e estão jogando tudo que construíram por água abaixo”, finalizou.
Relação da Metodista piora com alunos e funcionários
Donisete disse que há relatos de que há muitas transferências e trancamentos de matrículas na Universidade Metodista.
Um aluno que não quis se identificar disse à reportagem do Portal CUT, que está pensando em pedir transferência para outra faculdade, porque além do descaso com os professores e a equipe da Metodista, a queda de qualidade do ensino vem sendo sentida pelos alunos. Segundo ele, no retorno às aulas disseram que mudaram o formato das aulas e dividiram a turma.
“Além de separar meus colegas de grupo na divisão de salas, na tal aula espelhada, eu e meus colegas estamos sentindo que a universidade está muito ruim no ensino”, contou o aluno.
Além disso, com o descaso e a negligência da gestão da Metodista, muitos profissionais estão se desligando e procurando outros rumos para suas vidas. Um ex- funcionário da Metodista, que também não quis se identificar, ao ser perguntado o por que saiu de lá, relatou as agruras que passou na instituição.
“Parcelas do 13º salário foram pagas no dia 29 de dezembro, sem qualquer multa pelo atraso, e os coordenadores nunca deram um posicionamento sobre essa situação. E em fevereiro deste ano, comecei a demonstrar minha insatisfação com as essas sequências de absurdos”, disse.
Ele contou ainda que foi pressionado a pedir demissão, mas conseguiu ser demitido para tentar receber seus direitos. Mas, até hoje não recebeu o valor de sua rescisão e outros direitos.
“Não me deram nenhuma satisfação. Procurei um advogado trabalhista e em breve terei minha audiência para saber como me pagarão. Sai com um salário atrasado e meses de vale alimentação não acertados. E ,claro, sem os depósitos do FGTS desde 2015, que não é pago para ninguém”, disse
Queda de elevador
Em São Bernardo, no Campus Planalto da Universidade Metodista de São Paulo, alunos e uma professora ficaram feridos após um elevador despencar do quarto andar na última segunda-feira 12.
Em nota, a Metodista lamentou o ocorrido e informou que empresa contratada havia certificado o funcionamento do equipamento na última semana, antes do início das aulas. O funcionamento do elevador, que passa por análise pericial, está temporariamente suspenso. A universidade ainda informa que registrou boletim de ocorrência e acompanha as investigações. “A instituição reforça sua solidariedade e se mantém à inteira disposição dos envolvidos no incidente”, conclui.
Porém, o presidente do Sinpro ABC, o JJ, disse que acionou o Centro de Referencia de Saúde do Trabalhador (Cerest) para que uma autoridade sanitária vá até a Metodista investigar a causa da queda do elevador e verificar se não existe mais riscos para os usuários.
“Nós iremos junto com o Cerest acompanhar a ação e queremos ter certeza se o problema da queda do elevador também não está ligado a negligência da Metodista com a saúde e vida de todos”.