Entregadores de aplicativos de várias cidades do interior do estado de São Paulo estão em greve e prometem manter o breque dos apps até que as empresas respondam à pauta de reivindicações. Eles trabalham para empresas como iFood, Uber Eats, Box Delivery, Rappi e James Delivery.
No Twitter, Galo postou que os entregadores de Jundiaí estão em greve há seis dias e a pauta, além do fim dos bloqueios injustos, inclui aumento da taxa mínima de 5 pra 10 reais. “A gasolina tá um absurdo e o que já estava difícil agora tá quase que impossível”, disse o entregador.
Só nos últimos 12 meses, até setembro, a gasolina subiu 39,60%, segundo dados do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), indicador oficial de inflação.
O perfil Treta no Trampo também postou um aviso de que, a partir das 15h de hoje, tem tuitaço em apoio aos grevistas: #BrequeDosApps
Outro perfil do Twitter, o Explana, disse em uma postagem: Em Jundiaí mandando o papo: 6° dia de greve consecutivo! Amanhã é dia de breque em Niterói e São Gonçalo.
Em Paulínia, a paralisação começou na última sexta-feira 8 e os trabalhadores dizem que seguirão de braços cruzados ao menos até a próxima sexta 15, segundo o Brasil de Fato.
Nesse dia está marcado o início do breque dos entregadores de Bauru.
Em São Carlos, trabalhadores decidiram em assembleia realizada na noite dessa quarta-feira 13 dar uma trégua temporária para juntar dinheiro para as despesas e parar de novo no dia 15, disse um entregar ao Brasil de Fato.
Nessa terça 12 teve paralisação em Rio Claro, das 14h às 17h.
Justiça x exploração
As operadoras de aplicativos, em nome da modernização e da prestação de serviços, criaram novos sistemas de entrega, aumentaram o leque de opções aos clientes. Se por um lado, o cliente tem mais comodidade, por outro lado, o preço é pago pelos trabalhadores.
Porém, a Justiça do Trabalho vem dando decisões favoráveis aos trabalhadores em vários estados brasileiros, reconhecendo a exploração da mão de obra.
Confira algumas decisões favoráveis aos trabalhadores:
A decisão unânime acompanhou o voto da relatora, Carina Rodrigues Bicalho, que entendeu que na Uber estavam presentes os elementos que configuram vínculo e apontou a existência de relação de subordinação, ainda que em outro formato.
Em setembro, a 8ª Turma do Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região (TRT-4) reconheceu o vínculo de emprego entre um motorista e a Uber do Brasil e ainda condenou a empresa ao pagamento de indenização no valor de R$ 1 milhão por danos sociais.
No despacho, o relator da ação, desembargador Marcelo Ferlin D’Ambroso, disse que a forma de prestação de serviços não altera a essência da relação de emprego, “fundada na exploração de trabalho por conta alheia. Por outras palavras, não há nada de novo nisso, a não ser o novo método fraudulento de engenharia informática para mascarar a relação de emprego", completou.
Em julho, no Ceará, a Justiça Ceará obrigou a Uber a pagar direitos trabalhistas a um motorista do aplicativo.
Em abril, Justiça do Rio Grande do Sul mandou a Uber assinar carteira de motorista e pagar salário de R$ 3 mil por mês.