O Bradesco teve lucro líquido recorrente (que exclui efeitos extraordinários) de R$ 12,834 bilhões no primeiro semestre do ano, um crescimento de 68,3% em relação ao mesmo período de 2020. O lucro nos primeiros três meses foi de R$ 6,5 bilhões, alta de 73,6% em relação ao primeiro trimestre de 2020; e no segundo trimestre foi de R$ 6,319 bilhões, alta de 63,2% em doze meses.
O crescimento do lucro tem forte relação com dois fatores: a redução de postos de trabalho e de agências bancárias, que foram substituídas por agência de negócios, com menor número de funcionários. Em doze meses (junho de 2020 a junho de 2021), o Bradesco fechou 9.425 postos de trabalho (ao final de junho de 2021, o número de empregados da holding no país era de 87.362). E no mesmo período fechou 999 agências, abrindo 601 unidades de negócios.
“O crescimento do lucro do Bradesco é uma consequência do fechamento de postos de trabalho; de redução de investimentos em segurança com a adoção do modelo de agências de negócios; e de demissões em plena pandemia. Ou seja, é um lucro que aumenta às custas do desemprego, e isso num momento de profunda crise no país.”
Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e bancária do Bradesco
A dirigente questiona a responsabilidade social do banco, defende que uma parte do lucro da instituição deveria ser retornado à sociedade em oferta de emprego, crédito, juros e tarifas mais baixas. E reforça a importância de uma reforma tributária justa.
“O contraste entre o lucro dos bancos e a situação da população brasileira é absurdo. Os brasileiros estão sem emprego, sem moradia e voltamos para índices alarmantes de miséria, que vemos diariamente no noticiário, como no caso da fila dos ossos, em um açougue de Cuiabá. Precisamos urgentemente de uma reforma tributária que tribute os super ricos e tire das costas da população mais pobre a pesada carga de impostos sobre consumo e renda”, defende Neiva.
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Tarifas x despesas com pessoal
A extinção de vagas de emprego no Bradesco é ainda mais injusta quando comparamos a receita de prestação de serviços e tarifas do banco - que cresceu 3,4% em doze meses, totalizando R$ 13,344 bilhões - com as despesas de pessoal (considerando a PLR), que somaram R$ 9,632 bilhões. Ou seja, apenas com o que arrecada das tarifas cobradas dos clientes, o Bradesco cobre toda sua folha de pagamento em 138,5%.
Outros números do balanço
O retorno sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado do banco (ROE) foi de 18,2%, com alta de 6,4 pontos percentuais em doze meses. Segundo o relatório do banco, o crescimento observado no resultado, em relação ao 1º semestre de 2020, se deu em “função de diversos fatores, tais como maiores receitas com prestação de serviços, crescimento da margem financeira com clientes, menores despesas operacionais e menores despesas com PDD”.
A Carteira de Crédito Expandida do banco cresceu 9,9% em doze meses, atingindo R$ 726,5 bilhões.
As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 21% no período, totalizando R$ 285,6 bilhões, com destaque para o financiamento imobiliário (+40,0%), cartão de crédito (+23,1%) e o crédito consignado (+19,8%).
As operações com pessoas jurídicas somaram R$ 440,8 bilhões no país, com alta de 3,7% em doze meses. Nesse segmento destacaram-se o crédito rural (+22,0%), o CDC/ Leasing (+19,8%) e capital de giro (+9,0%).
O Índice de Inadimplência para atrasos superiores a 90 dias caiu 0,5 p.p., ficando em 2,5% no 1º trimestre. As despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) foram reduzidas em 51,8% em relação ao mesmo período de 2020, totalizando R$ 7,458 bilhões em junho de 2021.