O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região está promovendo um curso de gênero voltado para dirigentes e funcionários da entidade. Com várias turmas e duração de dois dias cada, o curso tem o objetivo de atualizar diretores e funcionários sobre os debates que ocorrem hoje na sociedade, aperfeiçoando-os para atuar na defesa da categoria e no acolhimento de casos de assédio moral e sexual.
“Recentemente atualizamos e aprimoramos nosso Canal de Denúncias, para que ele pudesse dar conta, de forma mais eficiente, de problemas que afligem as trabalhadoras e trabalhadores do setor financeiro”, diz a secretária de Saúde do Sindicato, Valeska Pincovai.
O Canal de Denúncias é uma conquista da Campanha Nacional dos Bancários de 2010, e nasceu de uma reivindicação do movimento sindical por um instrumento que combatesse o assédio moral institucionalizado no setor bancário. O Canal, acessado por meio do site do Sindicato, prevê sigilo total do denunciante, prazos de apuração da denúncia e uma resposta do banco após esse prazo.
Mas no novo formato da ferramenta, por exemplo, problemas como assédio sexual e discriminação por raça ou orientação sexual estão mais explícitos e figuram na lista de motivos da denúncia.
“Essas mudanças acompanham também os avanços que tivemos nas negociações com a Fenaban, no sentido de combater a violência contra a mulher e o assédio sexual no trabalho”, lembra Valeska.
A dirigente destaca que o curso visa, sobretudo, preparar diretores e funcionários para que saibam acolher as vítimas de violência de gênero, cuja grande maioria é formada por mulheres. “O assédio sexual é uma enorme violência física e simbólica, e a vítima precisa ser acolhida com humanidade e muito cuidado.”
Valeska lembra ainda o pioneirismo do Sindicato nesse tema, ao gestar o projeto Basta! Não irão nos calar, que oferece assessoria jurídica gratuita para mulheres vítimas de violência. O projeto ultrapassou os muros da entidade e hoje é gerido também pela Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Uma das coordenadoras do Basta!, a advogada Phamela Godoy também ministra o curso (junto com a socióloga Rita Quadros). “Para que o atendimento destas mulheres contribua de fato para que o ciclo da violência seja rompido, é preciso que esse atendimento ocorra de forma humanizada e acolhedora, a partir da perspectiva de gênero. O curso tem este objetivo, o de oferecer ferramentas para o atendimento e atuação nos casos”, explica Phamela.