Atualização: Na última negociação, os bancários conquistaram proposta com aumento real em 2024 e 2025, com a manutenção de todos os direitos e avanços em 10 novas cláusulas sociais. Para 1º de setembro de 2024, o reajuste será de 4,64% para salários e todas as verbas (VA e VR, PLR, auxílio-creche e demais cláusulas econômicas) – o que representa 0,7% de aumento real, sobre uma inflação projetada de 3,91%. Para 2025, o acordo prevê aumento real de 0,6% sobre salários e demais verbas.
O Sindicato indica a aprovação da proposta da Fenaban. Indica também a aprovação das propostas da Caixa e do Banco do Brasil.
O ganho real de 2024 e 2025, portanto, será de pelo menos 1,31%, podendo ficar acima, a depender do INPC de agosto, que será divulgado pelo IBGE somente em 10 de setembro.
O Comando conquistou ainda a antecipação do pagamento da 13ª cesta alimentação para outubro, e o pagamento da antecipação da PLR será em setembro. A Fenaban chegou a cogitar o pagamento das verbas somente em dezembro.
Em mais uma mesa de negociação da Campanha Nacional dos Bancários 2024, nesta terça-feira 13, a Federação dos Bancos (Fenaban) enrolou e não apresentou respostas às reivindicações da categoria para o reajuste salarial dos bancários 2024, e nem se comprometeu em apresentar na mesa seguinte, no dia 20.
A mesa desta terça foi a sétima rodada de negociação e a segunda a discutir cláusulas econômicas. Os bancários querem a reposição da inflação e aumento real de 5% nos salários, na PLR e demais verbas, e reajustes maiores para VA e VR. Mas, apesar de ser um dos setores mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira, os bancos vieram para a mesa sem respostas para essas reivindicações.
O Comando deixou clara a sua insatisfação.
“Faz quase dois meses que entregamos a nossa pauta para os bancos e até agora eles não trouxeram respostas para nossas reivindicações econômicas. Vamos continuar mobilizando a categoria, nos locais de trabalho e nas redes sociais. Ontem fizemos um Dia de Luta e nesta quinta, dia 15, faremos protestos em todo o país por proposta decente”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional
“Os bancos continuam chorando na mesa. O argumento apresentado por eles foi a competitividade no setor. E nós prontamente rebatemos lembrando que os bancos seguem com presença segura no mercado financeiro do país”
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e também coordenadora do Comando Nacional
Sem justificativa para a enrolação
O Comando destacou ainda que, com a melhora na economia, 86% dos acordos trabalhistas fechados até agora no país tiveram aumento real, segundo levantamento do Dieese com base em mais de 6,7 mil negociações.
“Grande parte desses setores que fecharam acordos com aumento real têm lucratividade e rentabilidade menores que as dos bancos. Em 2023, os cinco maiores bancos, juntos, tiveram um lucro de R$ 108,6 bilhões. Nos últimos 10 anos, o lucro deles cresceu 169% acima da inflação e a rentabilidade média do setor é de 15% acima da inflação, muito maior que a dos bancos de outros países como os EUA (6,5%) e Inglaterra (9%). Então, com todos esses excelentes resultados, não há justificativa para não trazerem respostas para o reajuste dos bancários”, diz Neiva.
Cláusulas sociais
A Fenaban apresentou algumas respostas para as reivindicações de cláusulas sociais apresentadas pelo Comando nas rodadas anteriores. Entre elas, respostas para o combate ao assédio moral, ao assédio sexual e outras violência no trabalho, de promoção de igualdade salarial entre homens e mulheres e por mais mulheres nas áreas de TI dos bancos.
Segundo a Fenaban, serão 10 cláusulas sobre esses temas e o texto será apresentado nas próximas mesas.
“Não houve, no entanto, respostas para algumas demandas como o fim da terceirização, defesa do emprego, ampliação do teletrabalho e da ajuda de custo, jornada de 4 dias e ações voltadas para neurodivergentes e PCDs. Cobramos novamente que tragam propostas também sobre essas questões”, informa Neiva.
Leia abaixo sobre as propostas apresentadas pela Fenaban.
Assédio Moral e Sexual
Já existe mecanismo de combate a esses tipos de violência, conquistado pela categoria na CCT. A novidade trazida pela Fenaban é a inclusão do termo "assédio moral". Outro ponto importante é que hoje a adesão ao instrumento é voluntária, e pela proposta apresentada na mesa, a cláusula seria obrigatória para todos os 170 bancos no país.
“Pela primeira vez, os bancos concordaram em incluir a palavra assédio moral na CCT, e isso é um avanço muito importante e consequência da nossa luta e insistência durante todos esses anos”, ressalta Neiva, lembrando que atualmente a cláusula usa o termo “prevenção de conflitos” no ambiente de trabalho, já que nas campanhas anteriores os bancos não aceitaram usar o termo “assédio moral”.
Os trabalhadores destacaram que a cláusula sobre assédio deve estar atrelada à garantia de anonimato para as vítimas e denunciantes. E, ainda, que os bancos devem garantir prazos acelerados de apuração para pessoas que estiverem sob risco iminente. Os bancos concordaram também com o acompanhamento na negociação setorial sobre o tema.
Saúde Mental e bem-estar dos bancários
A Fenaban apresentará uma proposta de cláusula sobre saúde mental e bem-estar na próxima reunião. O Comando destacou que é fundamental reconhecer as metas abusivas como um dos principais fatores de adoecimento mental da categoria, pois sem a revisão dos programas de gestão por metas não haverá redução do adoecimento dos trabalhadores no setor. Mas os bancos continuam refutando qualquer relação entre metas e adoecimento.
Os bancários respondem por 25% dos afastamentos acidentários por saúde mental no país.
Mulheres e Tecnologia
Sobre a necessidade de mais mulheres na TI dos bancos, questão levada pelo Comando na mesa sobre Igualdade de Oportunidades, a Fenaban apresentou proposta de capacitação de mulheres para a área de tecnologia, a partir da contratação de duas entidades especializadas em trazer mulheres para este mercado. Os trabalhadores e os bancos combinaram de marcar uma nova reunião para que essas empresas sejam apresentadas.
O Comando apresentou um dado na mesa que reforça a necessidade de uma política de inclusão feminina nessa área: “Para cada vaga criada na indústria 5.0, cinco mulheres estão perdendo o emprego”, informou Juvandia Moreira.
LGBTQIA+
A Fenaban também apresentou respostas para as reivindicações de inclusão e combate à discriminação de pessoas LGBTQIA+, com destaque para pessoas trans.
Os pontos apresentados foram:
- Divulgação de informações sobre respeito e inclusão;
- garantia do uso de banheiro de acordo com o gênero reconhecido;
- reconhecimento do nome social, mesmo sem a retificação de registro civil;
- canal de repúdio à discriminação contra pessoas LGBTQIA+;
- comissão bipartite de diversidade, inclusão e pertencimento;
- inclusão do tema na SIPAT (Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho), mas apenas para 2025 ou 2026.
A Fenaban informou que hoje os bancos empregam cerca de 500 pessoas transgênero.
“Avançar nesse tema é importante para nossa CCT, que é pioneira em abordar diversidade, respeito e inclusão no setor bancário”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional
Mudanças climáticas e calamidade
Como resposta a reivindicação do Comando, a Fenaban concordou em incluir cláusula sobre a instalação de um comitê de crise diante de calamidades e mudanças climáticas para atuar em emergências como as que ocorreram no Rio Grande do Sul e Petrópolis.
Igualdade salarial
Para atender às obrigações da lei federal de igualdade salarial entre homens e mulheres, reivindicadas também pela categoria bancária, a Fenaban disse que irá melhorar a divulgação do relatório de transparência salarial do setor. Os representantes também afirmaram que estão trabalhando em um plano de ação para atingir a igualdade.
A Fenaban também assumiu o compromisso de divulgar relatórios sobre isso na intranet dos bancos e se reunir com as COES para discutir banco a banco. Falou também sobre programa de requalificação para mulheres, que vai apresentar com mais detalhes na próxima mesa.
Hoje no setor bancário, as mulheres ganham em média 20% menos que os homens bancários, e quando se faz o recorte de raça, essa desigualdade é maior ainda: as bancárias negras ganham em média 36% menos que os homens brancos bancários.
Violência contra a mulher
A Fenaban concordou em manter a cláusula de combate à violência contra a mulher na CCT e os programas de combate ao problema na sociedade, diante dos dados que apontam para a gravidade da questão.
Censo da Diversidade da categoria
Inicialmente, a Fenaban disse que não há necessidade da realização do Censo, e que existem bancos que já levantam e compartilham dados sobre a diversidade no setor.
Os bancários rebateram e cobraram a realização do Censo, sendo que o último foi divulgado em 2019 e que, ainda, o Censo é um compromisso firmado na CCT. “Esse Censo da Diversidade do setor é muito importante para a construção de políticas assertivas”, completou Neiva Ribeiro.
Após essas ponderações, a Fenaban disse que irá reavaliar a realização do Censo.
Calendário de luta
Além da mobilização nacional na próxima quinta, dia 15, os bancários farão outro Dia Nacional de Luta no dia 19, véspera da próxima mesa de negociação com a Fenaban.
Calendário de negociações
- 20 de agosto
- 21 de agosto
- 27 de agosto
Saiba como foram as mesas anteriores
- a primeira mesa discutiu empregos;
- a segunda mesa debateu cláusulas sociais - em especial teletrabalho, tecnologia e jornada de 4 dias;
- a terceira mesa debateu igualdade de oportunidades;
- a quarta mesa foi sobre PCDs, neurodivergentes e segurança bancária;
- a quinta mesa foi sobre saúde e condições de trabalho;
- e a sexta mesa iniciou o debate sobre as cláusulas econômicas
- Paralelamente, ocorrem também as mesas de negociação específicas para a renovação dos acordos da Caixa e do Banco do Brasil. Acompanhe essas negociações nas páginas do BB e da Caixa no site do Sindicato.