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Chapéu
Campanha dos Bancários 2024

Mesa com Fenaban: Sindicato cobra aumento real, mas bancos se fazem de vítimas e propõem precarização

Imagem Destaque
Na foto: as dirigentes Aline Molina, Neiva Ribeiro e Juvandia Moreira, na mesa de negociação com a Fenaban

A sexta mesa de negociação entre Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (federação dos bancos), nesta quarta-feira 7, debateu as reivindicações da categoria para as cláusulas econômicas e discutiu o reajuste bancário 2024.

Os bancários querem reajuste salarial com aumento real (acima da inflação) de 5%; reposição da inflação e aumento real de 5% também na PLR e demais verbas de natureza salarial, como auxílio-creche/babá; e reajustes maiores nos vales alimentação e refeição.

“O setor bancário é um dos mais lucrativos e rentáveis da economia brasileira e tem todas as condições de atender à reivindicação da categoria por aumento real. Entre 2003 e 2023, o lucro dos cinco maiores bancos cresceu 169% acima da inflação, e a rentabilidade média também tem ficado invariavelmente muito acima da inflação, em média 2,5 pontos percentuais acima, e isso mesmo durante a pandemia. Portanto, não há qualquer desculpa para que os bancos não valorizem seus trabalhadores e trabalhadoras, que constroem diariamente esses excelentes resultados"

Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

A Fenaban falou de aumento de concorrência no setor, diante do surgimento de novas instituições de pagamento. Disse ainda que essa concorrência coloca o setor bancário em risco no país e sugeriu propostas que poderiam precarizar direitos e rebaixar os salários.

“Os bancos estão chorando de barriga cheia. Mesmo em momentos de crise, a rentabilidade média do setor bancário brasileiro é de 15% acima da inflação. A título de comparação, os bancos dos Estados Unidos têm rentabilidade média de 6,5% acima da inflação, na Espanha de 10% e na Inglaterra 9%. Além disso, hoje 82% do crédito brasileiro e 81% dos ativos do setor financeiro estão nas mãos dos bancos"

Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e também coordenadora do Comando.

Da esq. para dir: Aline Molina, Neiva Ribeiro e Juvandia Moreira

Aumento real é prioridade

Remuneração é prioridade para os bancários. Na consulta nacional à categoria (entre abril e junho deste ano), 93% apontaram o aumento real como prioridade; 63% apontaram reajustes na PLR e 51% apontaram como prioridade reajuste maior para VA e VR.

Algumas da reivindicações

Entre as principais reivindicações econômicas da categoria estão:

  • Reajuste nos salários que corresponda à reposição da inflação (INPC acumulado entre 1º de setembro de 2023 a 31 de agosto de 2024), mais 5% de aumento real;
  • Reposição da inflação mais aumento real de 5% também para os vales alimentação e refeição;
  • Reposição da inflação mais aumento real de 5% também nas parcelas fixas e nos tetos da PLR (Participação nos Lucros e Resultados);
  • Salários de ingresso maiores para todas as funções (de pessoal da portaria, caixas e tesouraria, comissionados a gerentes)
  • Plano de Cargos e Salários com reajustes anuais de 1%;
  • 14º salário, entre outras.

Endividamento dos bancários

O Comando também destacou na mesa dados de endividamento dos bancários apontados pela Consulta Nacional à categoria: 71% dos participantes disseram ter dívidas (o percentual do endividamento das famílias brasileiras é 78,8%).

A principal dívida dos bancários é com cartão de crédito (46%), seguida pelo crédito pessoal (42%), pelo financiamento imobiliário (29%) e pelo cheque especial (22%).

Dos endividados, 10% têm dívidas em atraso, e dentre elas, a principal é o cartão de crédito (66%), seguida pelo crédito pessoal com 45%.

O Comando reivindicou que os bancos tomem medidas para que os bancários tenham condições justas de saldarem suas dívidas.

Bancos podem valorizar os trabalhadores

Além dos excelentes resultados do setor, apenas com as receitas de tarifas os bancos cobrem em mais de 100% suas folhas de pessoal. Em 2023, a média de cobertura das despesas de pessoal com receitas de tarifas foi de 127%.

Soma-se ao bom desempenho dos bancos, o melhor cenário econômico, com o menor índice de desemprego desde 2014 (menos de 7%), uma leve queda no índice de endividamento das famílias e redução gradativa da inflação. O INPC acumulado na última data-base da categoria bancária foi de 4,06%. Atualmente, está em 3,7% e a expectativa para data-base desta negociação é de 4,04%.

A inflação controlada e o mercado de trabalho aquecido contribuem para negociações salariais vantajosas. Segundo levantamento do Dieese com base em mais de 6,7 mil negociações, 86,1% dos reajustes foram maiores que o INPC, e o ganho real médio conquistado foi de 1,59%.

Além disso, com o endividamento da população em queda, os bancos puderam reduzir seus PDDs (Provisão para Devedores Duvidosos) e essa redução resultou em aumento nos lucros: só no 1º trimestre deste ano, o lucro dos cinco maiores bancos cresceu 15,2%, totalizando R$ 29,2 bilhões.

Dia de Luta por proposta decente

O Comando reforçou que espera respostas da Fenaban na próxima mesa de negociação, que ocorre no dia 13 de agosto, tanto para as reivindicações econômicas, apresentadas nesta quarta 7, quanto para as reivindicações debatidas nas mesas anteriores, sobre saúde e condições de trabalho, empregos e igualdade de oportunidades.

“Na próxima semana queremos respostas às reivindicações que já foram apresentadas nessas seis rodadas de negociação até agora. A Fenaban tem de vir para a próxima mesa com proposta que dialogue com nossas reivindicações em defesa dos empregos, dos direitos, na questão da igualdade salarial entre homens e mulheres, na questão do combate ao assédio moral e de medidas para a defesa da saúde física e mental da categoria. Queremos resposta para a reivindicação de aumento real, de PLR maior. Outra questão fundamental é a terceirização: não vamos admitir que os bancários sejam substituídos por terceirizados; esses trabalhadores têm de vir para a categoria bancária e nossa CCT tem de ser estendida a todos os trabalhadores dos bancos. Vamos continuar mobilizando a categoria: na segunda-feira, dia 12, véspera da mesa, faremos um Dia Nacional de Luta cobrando proposta decente da Fenaban”, destaca Neiva Ribeiro.

Saiba como foram as mesas anteriores

  • primeira mesa discutiu empregos;
  • segunda mesa debateu cláusulas sociais - em especial teletrabalho, tecnologia e jornada de 4 dias;
  • terceira mesa debateu igualdade de oportunidades.
  • quarta mesa foi sobre PCDs, neurodivergentes e segurança bancária
  • e a quinta mesa foi sobre saúde e condições de trabalho
  • Paralelamente, ocorrem também as mesas de negociação específicas para a renovação dos acordos da Caixa e do Banco do Brasil. Acompanhe essas negociações nas páginas do BB e da Caixa no site do Sindicato.

Calendário de negociações

Agosto

  • 13 – Cláusulas econômicas
  • 20 – Em definição
  • 27 – Em definição
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