Nesta terça-feira, 27 de agosto, será realizada mais uma mesa de negociação entre Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban (federação dos bancos) no âmbito da Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2024, mobilização da categoria para a renovação da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).
Entre outros pontos, os bancários reivindicam reajuste salarial que contemple a reposição total da inflação (INPC de 1º de setembro de 2023 a 31 de agosto de 2024) mais aumento real para salários, PLR, VA e VR e demais verbas.
“A expectativa de bancários e bancárias de todo o país, de bancos públicos e privados, é de que a Fenaban finalmente apresente uma proposta de reajuste que contemple o aumento real nos salários, PLR, VA, VR e demais verbas. Os trabalhadores, que constroem os altíssimos lucros dos bancos, merecem valorização, direitos e melhores condições de trabalho”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
Fenaban propôs perda salarial. Comando rejeitou
Na última negociação, em 21 de agosto, os banqueiros trouxeram para a mesa proposta de índice que representaria perdas salariais para a categoria: 85% do INPC como reajuste salarial.
O índice proposto resultaria em perda de 0,57% na remuneração das bancárias e bancários – considerando a projeção da inflação para data-base da categoria, que é de 3,96% em 1º de setembro, o percentual de 85% do INPC equivaleria a um reajuste de apenas 3,37%.
Além disso, esse índice abaixo da inflação colocaria o reajuste bancário entre os 1,4% piores reajustes dentre os 8.810 já firmados em 2024.
O Comando Nacional dos Bancários rejeitou a proposta na mesa de negociação.
Bancos podem valorizar os bancários
Em 2023, os bancos tiveram lucro de R$ 145 bilhões no país. Já no 1º semestre de 2024, o lucro dos cinco maiores bancos foi de R$ 60 bilhões, aumento de 15% em relação ao mesmo período do ano passado.
Além disso, no Brasil, os bancos têm rendimento médio de 15% ao ano acima da inflação. A título de comparação, nos Estados Unidos a rentabilidade média é de 6,5% acima da inflação, na Espanha 10% e na Inglaterra 9%.
Ainda que representem 10% das instituições financeiras do Brasil, os bancos têm resultado nove vezes maior que as instituições de pagamento, respondendo por 71% do lucro produzido no setor financeiro, sem contar que muitos bancos são detentores de instituições de pagamento. 82% do mercado de crédito e 81% dos ativos do mercado financeiros estão com os bancos.
“Os dados do setor comprovam, de forma inconteste, que não existe qualquer justificativa para que os bancos não valorizem os bancários com aumento real”, pontua Neiva.
Demais reivindicações
O Comando Nacional dos Bancários cobra ainda respostas da Fenaban sobre as demais reivindicações da categoria. Os bancos ainda não trouxeram propostas para a PLR, VA e VR; medidas para a defesa do emprego; contra a terceirização; de combate às metas abusivas; linhas de crédito diferenciadas para os bancários; melhorias na ajuda de custo do teletrabalho; jornada de 4 dias; isonomia salarial entre homens e mulheres, entre outras.
Mobilização
Durante toda a semana, a categoria intensificará os protestos nas agências, departamentos, e também nas redes sociais, nas quais bancários e bancárias de todo o país publicarão postagens com a hashtag #MerecemosRespeito, marcando os perfis oficiais da Febraban (@febraban_oficial no Instagram e @Febraban para o X).
Na quinta-feira 29, 19h, o Sindicato promoverá uma plenária, no Auditório Azul da sua sede (Rua São Bento, 413, Centro), para informar, mobilizar e debater com os bancários os próximos passos da Campanha Nacional.
“Estaremos mobilizados, nas ruas e redes, para cobrar uma proposta global dos banqueiros, que contemple aumento real, direitos e melhores condições de trabalho. Participe das nossas atividades, nas ruas e redes, da nossa plenária, e vamos juntos até a vitória. Merecemos respeito”, conclui a presidenta do Sindicato.