
A defesa da soberania e da democracia nacionais contra o fascismo; a defesa dos empregos diante dos avanços da Inteligência Artificial (IA); a defesa dos bancos públicos; a regulamentação do sistema financeiro; a redução da jornada sem redução salarial; a luta contra a terceirização e pejotização no setor; e a necessidade de estratégias de formação da classe trabalhadora e de comunicação nas redes sociais foram os principais eixos do plano de lutas aprovado pelos bancários e bancárias de São Paulo durante a 27a Conferência Estadual da Fetec-CUT/SP, ocorrida neste sábado 16, na capital paulista.
“Debatemos hoje questões fundamentais e importantíssimas neste momento de ataques dos EUA e da extrema direita ao Brasil. O plano de lutas aprovado por nós reforça a defesa da nossa soberania; a necessidade de que a tecnologia esteja a serviço de toda a sociedade e não apenas do lucro. Reforçamos a importância da redução da jornada para 4 dias, que proporcione mais qualidade de vida aos trabalhadores; do imposto progressivo, com taxação de grandes fortunas, e bandeiras históricas como a defesa dos bancos públicos e da regulamentação do sistema financeiro. Agora vamos levar o resultado desse debate e as decisões que tiramos aqui para a 27ª Conferência Nacional dos Bancários, que acontece nos dias 22, 23 e 24 de agosto, em São Paulo”, destacou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, durante a mesa de abertura do evento.
A presidenta da Fetec-CUT/SP, Aline Molina, reforçou a importância da organização dos trabalhadores diante da ameaça estadunidense. “Estamos vivendo um ataque tão grave à nossa soberania e sabemos quais os interesses por trás disso. O Brasil é um dos países mais ricos em minerais e em biodiversidade, por isso Trump quer o Brasil como colônia, e os bilionários brasileiros aplaudem. O que estamos vendo é luta de classes, e neste momento, os debates da conferência e nossa organização são ainda mais importantes.”
A presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, criticou a aliança e apoio dos políticos de extrema direita aos ataques de Trump ao Brasil e reafirmou o compromisso da classe trabalhadora com a soberania e o desenvolvimento do país. “Não podemos aceitar a interferência dos EUA no nosso país”, afirmou a dirigente, que também é coordenadora do Comando Nacional dos Bancários.
Debates
A Conferência reuniu cerca de 300 delegados e delegadas de todo o estado e contou com mesas de debate de manhã e de tarde.
Na primeira mesa, cujo tema foi “Conjuntura política com recorte sobre Inteligência Artificial”, o sociólogo e professor da Universidade do ABC Sérgio Amadeu destacou que não há soberania nacional sem soberania digital. “Tecnologia é uma das principais fontes de poder da atualidade. O poder dos EUA é o poder da tecnologia e eles estão fazendo de tudo para manter esse poder. Através dos serviços prestados pelas bigtecs, eles vêm aqui e extraem nossos dados: da população, das universidades... Então não dá para o governo federal fazer uma nuvem soberana na Microsoft ou na Amazon, por exemplo. Então precisamos lutar contra essa dominação tecnológica e construir nossa soberania nacional”.
O professor citou dados do Internacional Monetary Found sobre os impactos da IA no mercado de trabalho. Nas economias avançadas, cerca de 60% dos empregos estão expostos à IA, devido à prevalência dos empregos orientados para tarefas cognitivas. A exposição geral é de 40% nas economias de mercado emergentes e de 26% nos países de baixa renda. “É um sistema alucinante de produtividade, e o movimento sindical deve reivindicar a distribuição desses ganhos, a participação dos trabalhadores na implantação dos projetos de IA e que a IA não gere desemprego. A negociação coletiva é um instrumento fundamental para regular o uso da IA no trabalho.”
Cabe destacar que os bancários já tomaram a frente nesse sentido e, em mesa com a Fenaban (federação dos bancos) sobre IA, conquistaram a instituição de negociações permanente sobre o tema. Leia abaixo.
A mesa também contou com a presença do cantor e compositor paulista e apresentador da TVT, Don Ernesto, que resgatou a história do país para lembrar que os EUA sempre interferiram na soberania nacional e da América Latina, promovendo golpes e ditaduras. “Isso aconteceu em 1964, na ditadura militar, aconteceu no golpe contra a Dilma e está acontecendo agora com Trump.”
União da esquerda
O deputado federal Guilherme Boulos foi palestrante na mesa da tarde. Boulos falou sobre a importância de unificar o campo da esquerda em torno da reeleição do presidente Lula para derrotar o fascismo brasileiro nas urnas em 2026. “É legítimo fazermos críticas, mas isso deve vir junto com responsabilidade histórica. E ela nos impõe o compromisso em reeleger o Lula sem titubear.”
“Com o avanço do fascismo, uma eleição passou a significar muito mais do que eleger um presidente. Passou a significar a diferença entre sobrevivermos ou mergulharmos no abismo. Passou a carregar a possibilidade de retrocessos profundos, de perda das liberdades democráticas, de catástrofes ambientais”, acrescentou Boulos.
Recorte estadual da Consulta Nacional
No evento, a Fetec-CUT/SP apresentou o recorte estadual da consulta nacional á categoria, realizada por sindicatos de todo o país entre maio e julho deste ano. Foram realizadas 12.520 consultas em todo o estado.
Moção
A 27ª Conferência Estadual também aprovou moção em defesa da soberania, do Pix e contra a taxação norte-americana aos produtos brasileiros.
Delegação para a Conferência Nacional
Ao final do evento, foram eleitos os delegados e delegadas de São Paulo que vão representar os bancários do estado na 27ª Conferência Nacional dos Bancários, que será realizada nos dias 22, 23 e 24 de agosto, na capital paulista. A cobertura, você verá no nosso site e redes sociais do Sindicato. Siga o Sindicato nas redes: @spbancarios.
