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Bancários cruzam os braços no ITM do Itaú

Linha fina
Assédio moral, pressão e falta de valorização são os principais motivos que levaram os trabalhadores a aderir à greve
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São Paulo – Cerca de 4 mil bancários cruzaram os braços na concentração do ITM, do banco Itaú, na Vila Leopoldina. A paralisação geral do prédio na sexta-feira 21 confirmou a força que a greve tem ganhado desde que começou, no dia 18.

Logo pela manhã, a adesão proporcionava sensação de alívio no semblante de diversos bancários, que claramente estavam exaustos da pressão e do assédio moral que vivem constantemente. Em muitas rodas de conversa ouvia-se: “ainda bem que o Sindicato está aqui”.

Para outro bancário, são diversos os motivos que fazem a greve ser necessária. “De todas as reivindicações, acho que tudo afeta um pouco a gente. É reajuste insuficiente, PLR menor, assédio moral, metas e mais metas. Tudo é importante nessa greve.”

Ele ainda destacou a alta rotatividade e as recentes demissões no banco. “A gente sabe que muita gente foi demitida, pois convivíamos com algumas. No meu setor, o gerente e muitas pessoas foram mandadas embora e não sabemos como vai ficar. A insegurança é muito grande, amanhã pode ser comigo.”

Consciência de classe – Segundo o bancário que trabalha há mais de 10 anos na instituição, a greve é importante, pois é a única maneira de os trabalhadores lutarem pelos seus direitos e contra as injustiças praticadas pelos bancos dentro e fora do local de trabalho. “O reajuste, por exemplo, é ruim, pois tem muita gente fazendo o trabalho de outros que ganham bem mais. Então, esse reajuste de 0,58% não ajuda. É preciso reposição salarial para consertar essa injustiça.”

Segundo o funcionário, esse exemplo acontece muito com os terceirizados. “Eles trabalham igual ou mais que nós e ganham bem menos. E não podem errar, senão são substituídos mais rapidamente. É muito triste o que acontece, pois infelizmente nossas reivindicações não os contemplam. É sacanagem isso que os bancos fazem.”

Greve forte – Juvandia Moreira, durante sua intervenção junto aos bancários paralisados, parabenizou todos os trabalhadores do ITM pela grande mobilização. “Isso é muito importante para pressionar os bancos a chamarem para negociação e apresentarem uma proposta decente. Somente quando paramos o trabalho é que eles valorizam quem atende o telefone, quem faz operações de crédito, quem cuida da tecnologia e todos os outros serviços que fazem girar a máquina que gera tanto lucro aos bancos.”

Daniel Reis, diretor executivo do Sindicato e funcionário do Itaú, também destacou a forte participação dos bancários na concentração do ITM e alertou sobre a necessidade de denunciar ao Sindicato os casos de abusos. “Somente dessa forma conseguiremos sair vitoriosos. Podem ter certeza que a greve forte irá garantir melhores salários e condições de trabalho. É com luta e mobilização que se tem conquistas.”

Esse reconhecimento também esteve presente na fala de Luiz Claudio Marcolino, deputado estadual (PT) e ex-presidente do Sindicato. “A greve está mais forte no Itaú este ano, pois é reflexo da política intransigente que o banco vem utilizando há tempos. Por isso, é fundamental essa demonstração e disposição de luta. Desde 2004 a categoria tem aumento salarial. Direito conquistado não se tira, se amplia.”

Além dos 4 mil bancários de braços cruzados, o setor de seguros do banco também parou. Cerca de 570 securitários trabalham no prédio do ITM.

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Tatiana Melim – 21/9/2012

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