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Para ajudar país sair da crise, Caixa tem de contratar

Linha fina
Banco apresenta lucro e desempenha função social, portanto pode e deve ampliar número de empregados; recado foi dado em audiência pública na Câmara dos Deputados
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São Paulo – A Caixa é um banco público com função social, por isso representa parte da solução para o Brasil enfrentar a crise, mas para isso é fundamental ampliar o número de empregados. Essa foi a mensagem transmitida na audiência pública realizada na Comissão de Trabalho, de Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados que discutiu o esvaziamento do quadro de trabalhadores da instituição financeira federal.

A reunião, promovida por Erika Kokay (PT-DF) e Daniel Almeida (PCdoB-BA), teve a participação de representantes dos trabalhadores, dos aprovados no concurso público realizado no ano passado, do banco e do Ministério do Planejamento.

A frente parlamentar em defesa da Caixa 100% pública, composta por mais de 200 deputados, irá convocar a presidenta do banco, Miriam Belchior, para cobrar a contratação de mais empregados. Além disso, os congressistas vão abraçar a campanha Mais Contratações para a Caixa, Mais Caixa para o Brasil. Esses foram os principais encaminhamentos da audiência pública, que ocorreu na terça-feira 29.

Clientes aumentaram 300% – Durante os debates, foram apresentadas informações que comprovam a urgência de acelerar o processo de contratação. Dados do Dieese e da demonstração financeira do banco revelam que entre dezembro de 2003 e julho de 2015 o número de empregados passou de 57 mil para quase 98 mil, o de agências aumentou de 2 mil para 4 mil e o de clientes saltou de 20 milhões para quase 81 milhões.

“Ou seja, o número de empregados variou em torno de 70%, enquanto o número de agências praticamente dobrou e o de clientes [aumentou] quase 300%”, explicou Fabiana Matheus, coordenadora da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa.

Os representantes do banco e do Ministério do Planejamento limitaram-se a alegar que a instituição financeira foi a que mais contratou nos últimos anos.

“A Caixa gosta de dizer que é o banco que mais contratou nos últimos anos, mas até o final de 2002 tinha em torno de 100 mil trabalhadores com metade das unidades que tinha hoje, sendo que metade desses 100 mil eram trabalhadores terceirizados que ela foi obrigada a substituir por mão de obra concursada por medida de intervenção do Ministério Público em ações de 2004 e 2008”, argumentou Fabiana.

Papel social e lucro – Outro dado que revela a sobrecarga dos empregados da Caixa: são 778 clientes para cada empregado. Para comparar, no Itaú essa relação é de 694. “Mas a diferença é que a Caixa faz uma série de atendimentos que os outros bancos não realizam, como a gestão de programas sociais, como FGTS e PIS, além dos créditos direcionados, como Minha Casa, Minha Vida e 70% de todo o crédito imobiliário, entre outras operações essenciais para a retomada do crescimento do país”, sublinha Dionísio Reis, diretor executivo do Sindicato e integrante da Comissão Executiva dos Empregados (CEE).

Em 2014, a Caixa teve lucro de R$ 7 bilhões. Nos primeiros seis meses deste ano, o resultado atingiu R$ 3,48 bilhões.  

Do desmonte para a expansão  – O presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), Jair Pedro Ferreira, lembrou que o banco ficou sem contratar nenhum empregado entre 1990 e 2000, com exceção dos estados do Rio e de São Paulo, onde foram realizados concursos em 1998. “Foi um período muito difícil, de reajuste salarial zero, de enfraquecimento da empresa,  quando se terceirizava e enxugava atividades, redução de agências, que a gente chamava de desmonte para a privatização.”

De 2003 a 2014 o banco experimenta uma nova fase. A retomada da organização dos trabalhadores e as greves levaram ao fortalecimento do banco e à expansão das suas atividades. Para ilustrar, Jair citou que a carteira de crédito concedido pela Caixa passou de R$ 112 bilhões em 2008 para R$ 648 bilhões no primeiro semestre de 2015. “Mas a quantidade de trabalhadores não acompanhou a quantidade de tarefas”, frisou.

A deputada federal e bancária Erika Kokay (PT-DF) defendeu a contratação dos mais de 30 mil aprovados no último concurso público, realizado no ano passado, e lembrou que a Caixa é a maior articuladora das políticas sociais do governo.

“Nós estamos falando de uma empresa que é fundamental para a construção de um Brasil mais igualitário e mais justo (...), estamos falando de uma empresa do sistema financeiro, que lucra em quaisquer condições, nós não estamos falando de uma empresa que participa de um setor que está absorvendo a crise que o país vivencia, aliás nós estamos falando de uma empresa que representa parte da solução para a própria crise (...)  Não podemos admitir que uma empresa que lucra desta forma, que se orgulha de ser o terceiro maior banco do país, abra agências com quatro, cinco empregados.”


Redação – 30/9/2015
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