São Paulo - Razões não faltam para parar! E os bancários – que fazem uma das maiores greves de sua história desde 6 de setembro por aumento digno para salários, PLR, vales e auxílio-creche, respeito ao emprego, por melhores condições de trabalho – participarão da paralisação nacional contra a retirada de direitos, nesta quinta-feira, rumo à greve geral.
A categoria já manifestou sua disposição para essa luta. Em assembleias realizadas pelo Sindicato com 14.941 trabalhadores em centenas de unidades em São Paulo e Osasco – sobre outra paralisação, em 10 de junho –, 12.095 ou 81% votaram pela mobilização nacional contra a retirada de direitos. Na consulta da campanha nacional, a preocupação com esse quadro de retrocesso ficou na casa dos 80% a 90%. A Conferência Nacional da categoria, em julho, também aprovou a pauta contra a retirada de direitos.
Por isso tudo, quinta-feira é dia de rua! Trabalhadores de todas as categorias estarão concentrados, a partir das 16h, no vão livre do Masp (Avenida Paulista, 1.578).
“Há muita coisa em jogo e não podemos aceitar que um governo imponha um projeto de extermínio de direitos que jamais passaria em uma eleição”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva. “Estaremos nas ruas nesta quinta e em todas as ocasiões que os trabalhadores forem ameaçados. Não aceitamos nenhum direito a menos!”
Será que aguento até os 65? - Essa é a pergunta que não quer calar. Apesar de boa parte dos integrantes da gestão Temer já estar aposentada e com ganhos na casa dos R$ 40 mil – inclusive o próprio presidente da República –, eles planejam para o resto da população brasileira aposentadoria somente a partir dos 65 anos. Pode ser homem, mulher, do campo, da cidade, ter começado a trabalhar aos 16. Nada disso interessa para esse governo que poderia buscar recursos taxando grandes fortunas, a remessa de lucros ao exterior, combatendo a sonegação que somente em 2016 bateu a casa dos R$ 339 bilhões.
CLT na berlinda - A reforma trabalhista de Temer quer estabelecer que o negociado prevaleça sobre o legislado. Assim, tudo que está na CLT poderá ser negociado entre patrões e empregados. Imagine o patrão podendo discutir qual será a jornada de trabalho, o tempo de almoço, se é necessária redução de salário, se paga PLR ou não, auxílio-creche, férias, 13º salário, licença-paternidade, FGTS. Para o governo, tudo isso pode ser tratado entre patrões e empregados, diretamente. Alguém aí realmente acredita que o banqueiro, por exemplo, vai deixar de engordar os lucros em respeito aos empregos ou direitos dos bancários?
Terceirização total - Outro projeto defendido pelo governo Temer é a terceirização ilimitada dos serviços. A situação é uma dura realidade dentro dos bancos, que mantêm milhares de terceirizados fazendo serviço bancário, mas ganhando 70% menos numa jornada maior e praticamente sem direitos. Hoje, como existe um entendimento na Justiça do Trabalho que limita isso, as instituições financeiras ainda tomam certo cuidado ao fazer essa manobra, já que perdem ações milionárias na Justiça, movidas por sindicatos e pelos terceirizados que provam estar envolvidos com as atividades-fim dos bancos.
Linha fina
Mobilização nacional rumo à greve geral é um aviso ao governo Temer e ao Congresso Nacional: não avancem sobre empregos promovendo a terceirização, sobre a aposentadoria com idade mínima de 65 anos, sobre férias, 13º, jornada de trabalho, PLR, auxílio-creche, férias, FGTS. Ou vamos parar o Brasil!
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