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Dia 22: esquenta em defesa dos direitos ameaçados

Linha fina
Governo Temer aposta em reformas trabalhista e previdenciária para atender interesses de banqueiros e empresários; trabalhadores não aceitam pagar o pato e na quinta-feira vão parar, rumo à greve geral
Imagem Destaque

Cláudia Motta, Redação Spbancarios
20/9/2016


Greve é um direito assegurado pela Constituição, “competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender”.

Então, se tem uma hora que o Brasil deve parar, é agora! O governo Temer já anunciou que fará reformas trabalhista e previdenciária que têm por objetivo atender aos interesses de empresários e banqueiros.

E os bancários estão atentos. Em assembleias realizadas pelo Sindicato em centenas de locais de trabalho, sobre outra paralisação, em 10 de junho, dos 14.941 que participaram, 12.095 ou 81% votaram pela mobilização nacional contra a retirada de direitos. Na consulta da campanha nacional, a preocupação com esse quadro de retrocesso ficou na casa dos 80% a 90%.

“Os bancários estão em greve desde 6 de setembro e novamente vão engrossar a luta ao lado das demais categorias nesse dia nacional de paralisação, na quinta-feira 22”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Ivone Silva. “Nossa categoria é negativamente ameaçada por essas reformas. Vamos para a luta pressionar esse governo e o Congresso Nacional. Não aceitamos nenhum direito a menos!”

Aposentadoria pelo ralo - Se depender do governo Temer, aposentar, mesmo que você tenha começado a trabalhar muito cedo, só a partir dos 65 anos. E, olhe lá, se depois de passadas as eleições municipais, essa idade mínima não subir ainda mais – afinal, os candidatos apoiados pelo PMDB de Temer estão tendo de explicar esse golpe nos direitos dos trabalhadores.

“É uma violação à própria vida do trabalhador”, disse um bancário que teve seu primeiro registro em carteira aos 16 anos e terá quase 20 anos a mais de labuta se a reforma passar. “É justo ter de trabalhar 50 anos ininterruptos e, se tiver sorte e estiver vivo, se aposentar aos 65 anos?”

Outro reclama. “Pelas minhas contas, com essa regra (65 anos) eu teria de trabalhar mais 17 anos. Na regra atual eu trabalharia mais uns oito anos aproximadamente, o que já não é uma tarefa fácil dentro do banco. A preocupação deixa a gente inquieto todos os dias.”

Adeus CLT - Estão ameaçados, também, direitos hoje garantidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), como jornada, PLR, auxílio-creche, férias, 13º salário, licença-paternidade, tempo de almoço, FGTS.  Para o governo, tudo isso pode ser tratado entre patrões e empregados, diretamente. A ideia é que o negociado prevaleça sobre o legislado: ou seja, tudo que está na CLT e puder ser negociado, será. Deixa de ser lei e vai depender da vontade do patrão conceder o que hoje é direito. Alguém aí tem dúvida do que vai acontecer? Acredita que banqueiro, por exemplo, vai deixar de engordar os lucros para atender direito de bancário?

Terceirização total - Tem, ainda, a terceirização ilimitada dos serviços, apoiada por esse governo e que já é uma praga na categoria bancária. Podendo contratar alguém que ganha 70% menos numa jornada maior e praticamente sem direitos, os bancos vão acabar com os empregos bancários. Hoje pensam duas vezes antes de fazer essa manobra, já que perdem ações milionárias na Justiça, movidas pelos sindicatos e por terceirizados que fazem serviço bancário.

Dia 22, é rua! - Por isso, na quinta-feira, na Avenida Paulista (vão livre do Masp), a partir das 16h, a CUT e outras grandes centrais sindicais do país estão convocando o “esquenta para a greve geral”. A ideia é mobilizar trabalhadores de todo o Brasil para começarem uma grande luta em defesa dos seus direitos, por um projeto de desenvolvimento com geração de emprego e distribuição de renda, trabalho decente, aposentadoria digna e redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais sem redução de salário.

“Dia 22 de setembro, todos nós temos de estar nas ruas, dando um recado para esse governo golpista, dizendo que não vamos tolerar que mexam em nossos direitos. Rumo à greve geral”, convoca o presidente nacional da CUT, Vagner Freitas. 

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