O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região voltou a protestar contra as demissões promovidas pelo Santander em meio a pandemia do novo coronavírus. O ato foi deflagrado em frente ao Geração Digital 1, na manhã desta terça-feira 29, e é o quarto de uma série que está denunciando aos trabalhadores o acúmulo de problemas e abusos praticados pela direção brasileira do banco espanhol.
Além das demissões, as manifestações estão abordando outros problemas: a volta do trabalho presencial; a terceirização no Vila Santander Paulista; o acordo de home office extremamente prejudicial imposto pelo banco; além de cobrar informações sobre a empresa Santander Tecnologia da Informação, e a respeito do possível fechamento do Geração Digital 2.
Demissões
Em plena pandemia o Santander está demitindo por telefone: em 12 meses (de junho de 2019 a junho de 2020) foram fechados 2.564 postos de trabalho, sendo que 844 apenas no segundo trimestre de 2020, ou seja, durante o período de pandemia da Covid-19.
Mesmo com a crise causada pela pandemia do coronavírus, o Santander lucrou R$ 5,989 bilhões no primeiro semestre de 2020. Sem o aumento da Provisão para Devedores Duvidosos (PDD), que é a provisão feita pelos bancos para cobrir possíveis calotes, o lucro do banco seria de R$ 7,749 bilhões e, nesse caso, a alta seria de 8,8% em 12 meses e de 1,1% no trimestre.
“Durante a pandemia, o Santander não demitiu na Espanha, não demitiu na Argentina, mas está demitindo no Brasil. Uma postura que revela total falta de humanidade da direção brasileira do banco espanhol e reforça que o banco espanhol considera os trabalhadores brasileiros de segunda classe. Não há qualquer razão para demitir justamente no Brasil, onde o Santander obtém 30% do seu lucro mundial”, protesta o dirigente sindical e bancário do Santander Cassio Murakami.
STI
O Santander criou a STI (Santander Tecnologia e Inovação), uma nova empresa do banco que atuará especificamente com tecnologia.
“Os bancários da área de tecnologia estão preocupados com a possibilidade de perderem seus empregos ou mesmo serem transferidos para esta nova empresa e deixarem de ter os direitos garantidos pela Convenção Coletiva de Trabalho e demais acordos específicos dos bancários”, afirma Alexandre Caso.
Acordo de home office prejudicial
Trabalhadores de algumas áreas do Santander receberam no dia 23, pelo portal RH, um acordo aditivo ao contrato de trabalho extremamente prejudicial para atuarem em home office a partir de primeiro de outubro de 2020. As cláusulas determinam que os trabalhadores irão arcar com todos os custos dos equipamentos. Além disso, serão responsabilizados pelos riscos à saúde (veja no quadro abaixo). Para piorar, o banco obrigou os trabalhadores a assinarem até o último dia 25.
“A redação deste acordo joga todos os custos dos equipamentos para o bancário, que ainda será responsável por não ficar doente. Um abuso inaceitável. A pressão para que seja assinado é mais um desrespeito por parte do Santander que tem atuado na contramão das outras instituições durante pandemia. Este acordo é mais um exemplo das práticas abusivas da direção brasileira do banco espanhol, que adotou postura contrária em outros países, como a Argentina, onde foi dada uma ajuda de custo aos trabalhadores em teletrabalho”, afirma o dirigente sindical e bancário do Santander Wagner Cabanal.
Volta do trabalho presencial
Em muitas áreas de diversos centros administrativos, o Santander está abandonando o home office implantado por conta da pandemia do coronavírus, mas não deu nenhuma informação sobre como irá promover este retorno ao trabalho presencial com garantias de proteção à vida e à saúde dos seus trabalhadores.
“O Sindicato cobra que o banco respeite o distanciamento social e implante todas as providências e protocolos de saúde, conforme orientações da Organização Mundial da Saúde”, afirma José Roberto Santana da Silva.
Terceirização do call center
O protesto no Geração Digital também criticou a postura adotada pelo Santander com os trabalhadores do Vila Santander Paulista. O Santander vem há meses alterando as funções e o trabalho em diversas áreas do call center, em meio à pandemia.
Além disso, o banco iniciou uma megaoperação terceirizada de call center em Novo Hamburgo (RS), que já conta, no momento, com 150 trabalhadores terceirizados.
Diariamente o Sindicato está recebendo denúncias apontando que o Santander está demitindo trabalhadores do Vila Santander, por telefone ou com convocações para que os bancários compareçam à Bráulio Gomes para trocar seus notebooks, sendo surpreendidos com a demissão quando chegam.
“Reivindicamos do banco informações sobre o projeto em andamento e, principalmente, a manutenção dos empregos desses trabalhadores que operam em SP e no RJ, que têm qualificação e conhecimento para serem alocados em outras áreas do banco”, ressalta a dirigente sindical a bancária do Santander Ana Marta Lima.
Possível fechamento do Geração Digital 2
Correm boatos entre os funcionários sobre o fechamento do Geração Digital 2. O Sindicato cobrou informações a respeito, mas o banco não respondeu. O protesto desta terça-feira 29 voltou a reforçar ao banco que o Sindicato e os trabalhadores querem explicações a respeito.
“A conduta do Santander reforça total falta de diálogo e de interesse em negociar. Em meio à pandemia, a direção do banco espanhol desrespeita a representação dos trabalhadores e atropelou os direitos dos empregados ao demitir, terceirizar e impor um acordo de home inaceitável”, protesta Cassio Murakami.
“Essa postura nos obriga a realizar protestos contra os abusos perpetrados pela direção brasileira do banco espanhol, que parece se esforçar para tornar o Santander o pior banco para bancários e clientes. Nós reivindicamos a abertura imediata de negociação entre o banco e o Sindicato. Do contrário, os protestos e denúncias irão continuar”, finaliza o dirigente.