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Chapéu
23ª Conferência dos Bancários

Para voltar a crescer, Brasil precisa de presidente comprometido com os mais pobres

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“Já demonstramos durante 13 anos que é possível ter um Brasil melhor e com menos desigualdade social, o que precisamos é de inspiração no que deu certo para voltar a sonhar com um país melhor para todos”.

Com essa frase Tereza Campello, ex ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff abriu a mesa 4, que tem como tema Brasil sem Desigualdade, na 23ª Conferência Nacional dos Bancários, na tarde de sábado 4.

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Tereza Campello ainda criticou as pessoas que estão engajadas somente em lutar contra a fome, e não contra as desigualdades.

“As pessoas tendem a naturalizar a desigualdade social, dizem que conseguiram algo por conta dos méritos próprios e julgam como preguiçoso aqueles que não conseguiram algo ou não evoluíram. Nós sabemos que não é bem assim que as coisas funcionam. Se não enfrentarmos as desigualdades estruturais, o Brasil nunca terá um crescimento sustentável com inclusão e garantias para todos”, diz.

Campello ainda relembrou como era o Brasil na época dos governos Lula e Dilma, exemplificando como os brasileiros passaram a ter acesso a bens de consumo, alimentação e educação de qualidade.

Entre os períodos de 2002 a 2015, a renda dos brasileiros cresceram 38%, enquanto que nos governos Temer e Bolsonaro, cresceu somente 5%.  E que ainda conseguiram, graças aos programas sociais, fazer crescer, na média nacional, em 84% a renda dos mais pobres e 23%, a dos mais ricos. Enquanto nos governos Temer e Bolsonaro, os mais pobres perderam sua renda em pelo menos 10%, enquanto os ricos ficaram 7,7% mais ricos, aumentando a desigualdade social que estava sendo diminuída.

A ex ministra também fez comparação em relação a educação. Antes de 2002, os jovens de baixa renda com idade entre 15 e 17 anos, não conseguiam concluir os estudos. Na era Lula e Dilma, de 2002 a 2015, 40% dos jovens na mesma idade conseguiram concluir o ensino fundamental e médio. Já com Temer e Bolsonaro, esse número regrediu para 10% e a tendência é ser pior, devido a pandemia. E ela relembrou que se o estudante for negro, as condições são ainda mais difíceis e foram interrompidas a partir do golpe.

Acesso a água

Tereza Campello também comparou o acesso das famílias brasileiras a água encanada. Em 2002, a porcentagem saltou de 88,6% para 95,2%, no geral. Porém, entre os mais pobres, saltou de 49,6 % para 76%. Com Temer e Bolsonaro esse número reduziu drasticamente, e com a pandemia, foi escancarado que 10 milhões de famílias não têm acesso nem para lavar a mão.

Bens de consumo

Um dos bens de consumo, relembrou Campello, que não estava presente na grande maioria dos lares brasileiros, a geladeira, foi que o item mais comprado na era Lula e Dilma. Segundo a ministra , no Brasil, a maioria dos lares 87,3% possuíam geladeira e esse número subiu para 98,2%.

O abismo entre as pessoas consideradas mais pobres foi quebrado quando os programas sociais permitiram que eles tivessem acesso ao produto mais barato e permitindo o poder de compra, saltando de 44,1% para 91,2% dos lares com geladeira.

“Não foi só o item mais barato. Houve também toda uma política social por traz com o pagamento do Bolsa Família, aumento da renda com a geração de empregos, crescimento da renda com aumento no salário, energia elétrica nas residências e claro, redução de impostos na linha branca. E nada disso estamos vendo agora, infelizmente”, destaca.

Insegurança alimentar

Já em relação a fome, a ex-ministra lembra que 35% das famílias viviam em insegura familiar, após os governos Lula e Dilma esse número reduziu para 30%, depois 22,9% e parou com o golpe e voltou a crescer com o corte dos programas sociais e auxílios durante a pandemia, na era Bolsonaro atingindo hoje o patamar de 55,2% de famílias que não tem o que comer.

“É muito triste ver que o país que saiu do Mapa da Fome e foi referência em várias áreas tenha regredido e chegado no ponto que está. Mostramos que em 13 anos, conseguimos reverter a realidade e demos demonstração do que é possível fazer e nós queremos esse país de volta com direitos iguais para todos”, finaliza Campello.

 Tributação dos mais ricos

A mesa também contou com a participação de Maria Regina Paiva Duarte, presidente do Instituto Justiça Fiscal, que destacou que o problema do Brasil é a concentração de renda, o favorecimento aos ricos e a falha no sistema tributário que faz o pobre pagar mais em relação ao rico.

Ela ainda destaca que mesmo com a crise causada pela pandemia do novo coronavírus, o Brasil registrou o aumento de 11 bilionários a mais em 2020, segundo a revista Forbes, e que esses 65 novos bilionários têm renda mensal, em média, de R$ 135 mil reais.

Em contrapartida, o Brasil, sem política pública registra 14 milhões de desempregados e se somados com os desalentados, chega a 20 milhões de pessoas.

“A única saída é mudar a tributação no país é fazer o rico pagar mais e o pobre pagar menos. É preciso redistribuir essa tributação, tirar do rico e entregar para o mais pobre. Além disso, rever a tributação em cima de heranças e patrimônios e tirando das costas do trabalhador e da população em geral, a carga de impostos mais altos”, diz.

Ela ainda comenta que vivemos um momento em que o país é um paraíso para os ricos e inferno para o trabalhador. E se analisar o sistema financeiro a realidade se torna ainda pior.

“O lucro dos bancos cresceu absurdamente em 2020. Os cinco maiores bancos no país lucraram, 136 milhões com tarifas e serviços e pagam pouco imposto, enquanto o peso da carga tributária é jogada nas costas do trabalhador. A desigualdade social não pode ser naturalizada, o imposto preciso ser revisto urgente e seguir modelos que deram certo no exterior para aplicar no Brasil”, finaliza Maria Regina.

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