Luta é vida! Foi com este tema que os bancários deram início à sua 23ª Conferência Nacional, na noite desta sexta-feira 3. O encontro prosseguirá neste sábado 4, encerrando-se ao final do dia com a aprovação das resoluções da categoria para resistir aos desmontes pelos quais passa o país. Realizada pela segunda vez consecutiva de forma virtual, a conferência iniciou com homenagens aos bancários mortos pela Covid-19 e lembrando as quase 600 mil vidas perdidas no Brasil desde o início da pandemia. Grande parte dessas mortes, como bem lembraram os participantes, poderiam ser evitadas não fosse a gestão criminosa da crise sanitária pelo governo federal.
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A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, lembrou que, mesmo na pandemia e com a necessidade de isolamento social, a categoria bancária conseguiu fechar um acordo na Campanha de 2020 que garantiu todos os direitos da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) até setembro de 2022, com reajuste e abono no ano passado e aumento real neste ano. “Isso nos permite fazer a luta pela defesa da vida, dos nossos direitos, contra as desigualdades e pela defesa do país que queremos. Para isso, é importante somarmos esforços com os movimentos sociais e com as demais categorias de trabalhadores."
Ivone citou o aumento do desemprego, da fome, o crescimento da população de rua, a alta nos preços dos alimentos, da gasolina, da energia elétrica e do gás de cozinha e as ameaças à democracia como as consequências do golpe de 2016, e da infeliz escolha que o país fez ao eleger Jair Bolsonaro em 2018. E destacou que a Conferência Nacional dos Bancários é o momento de pensar os desafios para a categoria, a conjuntura e o projeto de país que se quer: “A categoria bancária tem muitos desafios. Teremos que enfrentar as questões do teletrabalho e do uso da tecnologia. A tecnologia não pode ser boa apenas para os patrões, ela deve beneficiar também a classe trabalhadora, com a redução da jornada, por exemplo. Essa é uma discussão que temos que fazer no Brasil e no mundo. Mas outro grande debate que teremos que fazer é que país queremos construir. Temos que tomar um rumo oposto ao do atual governo: queremos um Brasil mais igualitário e melhor para todos. E para isso, temos que votar em candidatos e candidatas que defendam os interesses dos trabalhadores e que se preocupem com a população”, disse a dirigente, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
A necessidade de escolher parlamentares comprometidos com os trabalhadores também foi destacada pela presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira, que divide com Ivone Silva, a coordenação do Comando Nacional dos Bancários.
“Os ataque que estamos sofrendo, contra direitos como jornada, vales refeição, etc., mostra a importância de nos mobilizarmos para que o Congresso represente a classe trabalhadora, as mulheres, os negros, os homossexuais. Temos que olhar para as assembleias legislativas e temos de ver pessoas que nos representam, que trabalhem pela melhoria das nossas vidas. Temos que eleger políticos comprometidos com a manutenção de estatais como os Correios e os bancos públicos, que são fundamentais para o país e hoje sofrem ameaça de privatização pelo governo Bolsonaro. Temos que fazer o debate do Brasil que a gente quer, e temos que ter esperança para mudar”, afirmou Juvandia.
A abertura da conferência contou ainda com uma mensagem do ex-presidente Lula, que destacou a importância da categoria bancária na construção e defesa da democracia brasileira, e citou alguns dos problemas que os bancários enfrentam hoje: “Vejo hoje o fechamento de muitas agências da Caixa, BB, BNDES, BASA que abrimos [durante os governos do PT]. Faz tempo que eles querem diminuir a categoria, com terceirização, demissões e agora os desafios do home office. Mas não percam a fé, não percam a esperança, vamos lutar para recuperar a dignidade da categoria bancária, e a dignidade desse país.”
Também participaram da abertura o presidente da CUT, Sérgio Nobre, e representantes de outras centrais sindicais, como a Intersindical, CSP Conlutas e CTB.
A 23ª Conferência Nacional dos Bancários terá quatro mesas de debates no sábado e a mesa final de encerramento e aprovação das propostas, com base nas propostas aprovadas nas conferências estaduais realizadas em todo o país. Participam 1.175 delegados e 131 convidados. Veja a programação completa aqui.