São frequentes os casos de bancários demitidos em tratamento de doenças causadas por causa do trabalho, mas que ainda não tiveram o reconhecimento da enfermidade pelo INSS – uma situação que não garante a estabilidade no emprego.
“Trabalhadores que forem demitidos nestas circunstâncias devem procurar o Sindicato, que intervirá junto ao banco e auxiliará no processo da obtenção do reconhecimento da doença do trabalho junto ao INSS.”
Valeska Pincovai, secretária de Saúde do Sindicato e bancária do Itaú
Veja orientações
- Se estiver doente, se trate e busque orientação médica;
- Procure o médico e o Sindicato imediatamente (veja contatos no final deste texto);
- Se tiver recomendação médica de afastamento, aceite e se afaste. Nada vai te prejudicar mais do que trabalhar doente. Sua saúde é o mais importante, e a licença médica é garantida pela lei;
- Se o banco te demitir e não for possível o cancelamento da demissão, o Sindicato poderá te orientar juridicamente.
Demissões têm sido revertidas
O Sindicato tem conseguido reverter muitas demissões de bancárias e bancários com doenças do trabalho, o que permite a estabilidade de um ano e possibilitará o tratamento com mais tranquilidade.
Nos últimos três meses (julho, agosto e setembro), 10 demissões foram revertidas, e os trabalhadores foram reintegrados nos quadros dos bancos. Em alguns casos, as instituições financeiras insistiram em manter a demissão, comprando a estabilidade que é garantida pela lei com o benefício acidentário do INSS, mas os bancários preferiram garantir seu emprego.
‘Passei por muito assédio moral’
É o caso de Fernando (nome fictício). Ele é empregado do Bradesco há mais de 10 anos e precisou se afastar depois de adoecer por causa do trabalho exercido no banco.
“Faço tratamento psicológico há muito tempo. Passei por muito assédio moral. Virei gerente de conta e as cobranças pioraram mais ainda. Depois de um tempo eu surtei. Adoeci e tive de me afastar. Controlei a depressão com remédio e terapia. Quando retornei ao banco, solicitei da minha médica a readaptação. O banco me readaptou em outra função.”
No começo deste ano, Fernando teve de fazer uma cirurgia e um exame constatou uma mancha no cérebro. Mesmo assim ele seguiu trabalhando.
“Avisei a gestores que teria de fazer exames e precisaria ficar fora do trabalho por dois dias. Dez dias depois fui demitido. Procurei o Sindicato e me informaram para buscar atendimento médico e fazer a Comunicação de Acidente de Trabalho [CAT]. Depois dei entrada no INSS, que me concedeu afastamento B-91 [auxílio-doença acidentário]. No total fiquei três meses afastado pelo INSS. Eu pensei que seria um processo mais difícil, mais moroso. Mas foi um processo bem tranquilo”, relata Fernando.
‘Procurei o Sindicato, que me deu todo apoio’
Outro caso em que o Sindicato conseguiu reverter a demissão foi do bancário do Itaú Paulo (nome também fictício). Ele relata que foi promovido para gerente de atendimento, mas o gerente-regional o vivia trocando de agência. Ao mesmo tempo, o gerente-regional promoveu uma gestora e a deixou no comando da última agência onde Paulo trabalhou.
“Essa gestora chegou perseguindo, cobrando resultado, ameaçando de demissão. Eu fiquei doente e precisei fazer uma cirurgia quando ela saiu de férias. Avisei a ela sobre a cirurgia, que foi até a agência no meio das férias dizendo que precisava alinhar uns pontos comigo. Mas ela me chamou de canto e me demitiu sem nenhuma testemunha. Saí da agência em surto. Ao mesmo tempo o banco enviou um telegrama para a minha casa comunicando a demissão. Minha família soube antes de mim que havia sido demitido”, conta.
“Procurei o Sindicato por meio da dirigente sindical Marcia Basqueira, que me deu todo apoio, me amparou em tudo, porque meu psicológico estava acabado. O Sindicato tomou a frente e cobrou do banco uma posição sobre ter demitido um bancário doente. Nesse momento a gente se sente perdido, desesperado e, se não tivesse procurado o Sindicato, provavelmente eu estaria demitido”, avalia Paulo, que foi reintegrado, mas segue afastado do trabalho pelo INSS.
“Os bancos tentam passar uma imagem de que trabalhar para eles é perfeito, é maravilhoso, mas muitos bancários são demitidos quando adoecem justamente por causa das metas abusivas e do assédio moral no ambiente de trabalho. É muita maldade. Nós sempre priorizamos o processo negocial para reforçar que demitir bancário doente não está certo. Mas mesmo quando este caminho não é possível por causa da intransigência dos bancos, nós vamos buscar os direitos dos trabalhadores para reverter essas demissões, por meio do ordenamento legal e jurídico. Este é o nosso papel.”
Márcia Basqueira, dirigente sindical e bancária do Itaú
Transtornos mentais: epidemia na categoria bancária
A luta do Sindicato por melhores condições de trabalho, pelo fim do assédio moral e das metas abusivas é constante. No entanto, esses fatores, aliados à insegurança permanente com relação ao próprio emprego, tem causado uma epidemia de transtornos mentais relacionados ao trabalho na categoria bancária.
Em 2022, os bancários chegaram a 25% dos afastamentos acidentários relacionados à Saúde Mental e Comportamental.
De todos os benefícios por acidente de trabalho em 2022 na categoria bancária, os transtornos mentais representaram 57% de todos os benefícios por acidente de trabalho. No Estado de São Paulo este percentual chega a 79%, e no município de a 82%. Os dados são do INSS.
“Você não está só. Confie no Sindicato, se associe, pois assim você está se ajudando e ajudando a muitos outros colegas nessa luta. Nossa luta constante é por melhores condições de trabalho, pelo fim do assédio moral de das metas abusivas”, finaliza Valeska Pincovai, secretária de Saúde do Sindicato.
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