
Nesta terça-feira, 9 de setembro, dirigentes do Sindicato estiveram no CEIC (Centro Empresarial Itaú Conceição) e no CT (Centro Tecnológico) para protestar contra a demissão em massa promovida pelo Itaú na segunda 8, que atingiu cerca de mil bancários e bancárias.
A justificativa do Itaú foi de que os empregados demitidos estavam sendo monitorados há mais de seis meses e foi detectada "baixa aderência ao home office". Porém, os trabalhadores foram dispensados sem qualquer advertência prévia e sem diálogo com o Sindicato, em claro desrespeito aos bancários e à relação com o movimento sindical.
“Viemos até o CEIC e o CT protestar contra este absurdo promovido pela direção do Itaú, além de dialogar com os trabalhadores. O Itaú afirma que as demissões se justificam em registros de inatividade nas máquinas corporativas. Porém, consideramos esse critério extremamente questionável, já que não foi informado aos trabalhadores e não leva em consideração a complexidade do trabalho bancário remoto, possíveis falhas técnicas, contextos de saúde, sobrecarga, ou mesmo a própria organização das demandas pelas equipes”, enfatiza o dirigente do Sindicato e bancário do Itaú, Maikon Azzi.
“Ainda mais grave é a forma como foi realizada esta demissão em massa. Sem qualquer diálogo prévio com os bancários ou com o Sindicato. Não existiu diálogo, os trabalhadores não foram advertidos e nem receberam qualquer feedback para que fizessem possíveis ajustes de conduta. Não tiveram direito de defesa e, além de demitidos, foram expostos na mídia como vagabundos, preguiçosos que não trabalhavam”, acrescenta.
Sem transparência
O relato de um trabalhador demitido, que estava há seis anos no banco, sem qualquer feedback negativo, reforça que as demissões foram feitas de forma arbitrária e sem transparência. “Sempre bati minhas metas. Minha avaliação 360 sempre foi boa. Sempre fui considerado uma referência, sempre elogiado pelos gestores. Inclusive, recebi uma promoção para outra área. E fui desligado.”
O bancário relata ainda que nem ele e nem nenhum outro colega foi informado sobre o monitoramento do trabalho remoto e seus critérios. “Não sabíamos que estávamos sendo monitorados."
Outra bancária demitida, que estava no banco há 15 anos, também relata que não foi informada sobre o monitoramento do home office e seus critérios, mas que acredita que a demissão dela não está relacionada com o trabalho remoto.
“Quando fui desligada ontem, não me falaram o motivo. Todos que também foram demitidos e eu conversei, falaram que foi uma situação de falta de aderência no home office. No meu caso, não me falaram nada. Eu acabo desacreditando nessa justificativa relacionada com o home office. Pelo fato de que eu garanto o meu trabalho. Sempre bati as minhas metas”, diz a trabalhadora.
Trabalhadores demitidos que tenham histórico de enfermidades, afastamentos ou que descobrirem que estavam gestantes no momento da demissão, devem entrar em contato com o Sindicato, que avaliará caso a caso para atuar junto ao banco.
Reunião com o Itaú
Também nesta segunda 9, dirigentes do Sindicato se reuniram com representantes do Itaú para esclarecimentos sobre a demissão em massa. O Sindicato questionou a falta de transparência e diálogo prévio com o movimento sindical.
“As pessoas foram monitoradas por seis meses e o banco não deu nenhum alerta sobre a alegada baixa aderência. Não houve nenhuma possibilidade de se opor, ou de se defender”, observou a dirigente do Sindicato e coordenadora da COE Itaú (Comissão de Organização dos Empregados do Itaú), Valeska Pincovai. “Além de não ter havido qualquer advertência prévia aos trabalhadores, também não houve qualquer diálogo com o sindicato, num claro desrespeito aos bancários e à sua representação sindical”, acrescentou.
“Cobramos que as regras do teletrabalho sejam repactuadas de forma transparente para todos os funcionários. O Itaú alega falta de produtividade, mas estamos falando de cerca de mil pessoas. Não é razoável usar mecanismos de monitoramento e vigilância para justificar cortes em massa. É preciso estabelecer limites claros para a vigilância digital, pois esse tipo de prática pode gerar pressão excessiva, afetar a saúde mental e criar um ambiente de trabalho opressivo. Se há um mecanismo de avaliação no teletrabalho, por que esses funcionários não foram advertidos antes de serem demitidos?”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
“Vamos nos reunir com esses trabalhadores nesta quinta 11 para ouvi-los, prestar apoio e definir os próximos passos da mobilização. O Sindicato não aceitará que o Itaú, maior banco privado da América Latina e que lucrou R$ 22,6 bilhões no primeiro semestre de 2025, use o teletrabalho como justificativa para demissões em massa”, completou Neiva.
O Sindicato cobrou ainda que sejam negociadas e incluídas no Acordo de Teletrabalho as medidas de monitoramento adotadas pelo banco. “Solicitamos negociação sobre o Acordo de Teletrabalho e que haja transparência das medidas que são tomadas pelo banco, para que as pessoas tenham ciência de todo o monitoramento”, conclui Valeska.
Plenária
Na quinta-feira, 11 de setembro, 16h, o Sindicato vai realizar uma plenária com os bancários afetados pela demissão em massa no Itaú, na qual os trabalhadores serão ouvidos e definidos os próximos passos da mobilização.
Em breve, o Sindicato informará o link para participação.
Repercussão
A repercussão nas redes sociais sobre a demissão em massa promovida pelo Itaú foi extremamente negativa. Leia abaixo alguns comentários:
"O Itaú fecha agências físicas todos os dias e reclama dos funcionários em home office"
“Quem é do meio bancário sabe que o Itaú tá encugando o pessoal de tudo que é forma possível. Várias agências fechadas e cada vez mais migrando para implementação de sistemas automatizados. Na verdade, só criaram uma desculpa para demitir uma leva que vai ser substituída por uma IA e quem sobrou vai ficar com medo e trabalhar por três para não ser mando embora também"
“O Itaú teve um faturamento líquido de R$ 41,4 bilhões em 2024. Entre janeiro e junho, teve faturamento de R$ 22,6 bilhões. Ou seja, tende a ter um lucro líquido semelhante ao ano passado. Essas demissões não se justificam sob o viés de prejuízos, mas sim na maximização de lucros ao colocar IAs paara desenvolver tarefas de humanos. O futuro é esse e o capitalismo é feroz. Não vai pensar nas famílias. Apenas em maximizar lucros e nada mais"
“Final do ano tem a Fernanda Montenegro falando em respeito”
"Não caiam nesse papinho de banqueiro. Isso é só para desmoralizar o home office e voltar a colocar o cabresto nos funcionários. Eles têm pavor que os funcionários tenham o mínimo de qualidade de vida"
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