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Ato na Jornada Mundial pelo Trabalho Decente

Linha fina
Trabalhadores vão para a Fiesp e a Nissan, ambas em São Paulo, entregar pauta de reivindicações
Imagem Destaque

São Paulo - A CUT e as demais centrais promoverão na segunda-feira 7 dois protestos em São Paulo como parte da Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, um dia de mobilizações que unifica as entidades sindicais desde 2008.

As manifestações ocorrerão diante da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), na Avenida Paulista, e em frente à concessionária da Nissan, na Mooca, com a entrega da pauta da Classe Trabalhadora.

Secretário-Geral da CUT, Sérgio Nobre, explica que a montadora japonesa foi escolhida por conta de denúncias de práticas antissindicais, principalmente, nos Estados Unidos, onde impede que os trabalhadores se organizem e estejam filiados a sindicatos.

“Cada vez mais o Capital é internacional, e a luta da classe trabalhadora também deve ser. Em pleno século 21, não é possível mais conviver com empresas que desrespeitam os direitos dos trabalhadores, principalmente de organização sindical”, destacou.

A mobilização será reforçada ainda pelas categorias em campanha salarial neste segundo semestre, dentre ellas, os bancários. Químicos, metalúrgicos, comerciários, trabalhadores nos Correios e petroleiros também devem participar.

Lula e OIT - Trabalho decente é aquele adequadamente remunerado, exercido em condições de liberdade, equidade e segurança e capaz de garantir uma vida digna aos trabalhadores, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). No Brasil, tornou-se um compromisso assumido pelo Estado em 2003, quando o então presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou acordo com a representação da ONU.

Três anos depois, foi elaborada a Agenda Nacional do Trabalho Decente, que inclui a geração de empregos com igualdade de oportunidades, a erradicação do trabalho escravo e infantil e o fortalecimento do diálogo social.

Em agosto de 2012, o País poderia ter avançado ainda mais nessa agenda, caso os empresários não tivessem impedido a conclusão da I Conferência do Trabalho Decente, ao fugirem do encontro. Graça Costa lembra desse momento e aponta a necessidade de o Ministério do Trabalho intensificar a pressão sobre Estados e municípios para apressar essa agenda.

PL 4330 – A luta por trabalho decente engloba também o combate à aprovação do Projeto de Lei 4330-2004, da terceirização, que amplia a precarização no País e ameaça os direitos de todos os trabalhadores com carteira assinada, será um dos temas principais da pauta dos atos deste ano.

Pronto para ser votado desde maio, a tramitação do projeto não avançou graças à pressão da CUT, que realizou grandes mobilizações dentro e fora do Congresso Nacional. Em junho, uma mesa quadripartite foi constituída, mas emperrou no limite para a contratação de terceirizadas (as centrais sindicais não aceitam a terceirização para todos os setores da empresa), a garantia de organização sindical e a adoção da responsabilidade solidária – aquela em que a contratante assume as pendências deixadas pela terceira.

> Trabalhadores viram o jogo contra o PL 4330

Neoliberalismo – Secretário de Relações Internacionais da CUT, João Felício, ressalta ainda que a jornada cumpre o papel de resgatar a luta de classes como componente da agenda do trabalho decente.

“Ao contrário do que apregoam os neoliberais, o caminho do desenvolvimento sustentável e inclusivo não será trilhado com a asfixia do mercado interno, com o arrocho de salários e a supressão de direitos, mas com a sua oxigenação, com o aumento real do poder de compra. É isso o que a experiência brasileira tem demonstrado por meio da política de valorização do salário mínimo”, afirmou.

Para Sérgio Nobre, o Brasil ainda está longe de poder afirmar que possui um ambiente decente de trabalho. Segundo ele, apesar de as organizações sindicais terem sido reconhecidas e deixado a marginalidade, a democratização necessária nas relações entre Capital e Trabalho ainda não aconteceu.


Luiz Carvalho - 3/10/2013

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