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Bancários da Caixa na luta por moradia popular

Linha fina
Empregados e movimentos sociais mantêm pauta conjunta que pleiteia do banco público destinação de mais verba dos depósitos compulsórios para construção de moradia; manifestantes acampados em frente a prédio da Caixa lutam para que Minha Casa Minha Vida 3 saia do papel
Imagem Destaque
São Paulo – Cerca de 350 pessoas de diversos movimentos de moradia popular estão acampadas desde 5 de outubro em frente à Superintendência Regional  Sé da Caixa. O objetivo é pressionar o governo federal a receber comissão de coordenadores que entregará uma pauta de reivindicações.

As demandas são a publicação de uma medida provisória determinando o lançamento do Minha Casa Minha Vida 3, direcionado para famílias com faixas de renda entre R$ 1,8 mil e R$ 2,35 mil e 5% de juros; a revogação do corte de R$ 5 bilhões dos programas de moradia popular; e que o governo volte atrás na decisão de vender terras pertencentes a União e destine aquelas áreas à construção de casas.

O coletivo de dirigentes sindicais da Caixa Federal esteve no local na quarta-feira 14 para entregar mantimentos e prestar solidariedade à luta. No Congresso Estadual dos Empregados foi elaborada uma pauta conjunta entre os bancários e movimentos sociais de moradia, como a Central de Moradia Popular e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto.

Uma das reivindicações é a redução da atual alíquota do depósito compulsório de 20% para 15% e direcionar a aplicação desses recursos no financiamento da casa própria para famílias com renda mensal entre zero e R$ 4 mil. Essa redução representaria a liberação de cerca de R$ 32 bilhões para financiamento de imóveis. Os depósitos compulsórios são recolhimentos obrigatórios de recursos financeiros que os bancos devem fazer junto ao Banco Central.

“A Caixa é um banco com função social, portanto tem obrigação de financiar programas de moradias populares, e para isso deve permanecer 100% pública", destaca o diretor executivo do sindicato Dionísio Reis. "Os movimentos de moradia e dos empregados da Caixa uniram forças em torno dessa bandeira. É uma parceira muito importante", acrescenta.

Acampamento – No acampamento ninguém quer receber casa de graça, como muitos pensam. O que esses cidadãos querem é ter condições de poder pagar pelo seu teto, como frisa Jéssica Oliveira, de 21 anos, uma das acampadas.

“Com todas as mudanças dos últimos anos aumentou a renda do trabalhador, que muitas vezes tem o filho na faculdade, está ganhando um pouco mais, mas ainda mora em favela. O grande preconceito das pessoas é achar que o favelado tem que ser para sempre favelado, tem que usar chinelo mais barato, roupa mais barata, mas hoje não é mais assim.”

O coordenador-geral da Central de Movimentos Populares, Raimundo Bonfim, explica que o acampamento foi montado em frente a um prédio da Caixa pelo seu valor simbólico. “É a instituição que operacionaliza o Minha Casa Minha Vida e tem de baixar os juros, o seguro obrigatório e o depósito compulsório, principalmente para as pessoas de baixa renda”, afirma.

São cidadãos que vivem em favelas, pagam aluguéis que consomem praticamente toda a sua renda, moram em ocupações ou vivem de favor, como é o caso da também acampada Rita Rosa Lins de Almeida.  “Muita gente passa aqui e chama a gente de desocupado, mas se soubesse a nossa luta, viria até fazer parte dela com a gente. Se a gente tivesse condição de comprar nossa casa, não estaria aqui dormindo na rua, tomando chuva. Todo mundo tem que ter direito a moradia digna, sem precisar passar por isso.”


Rodolfo Wrolli -14/10/2015
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