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Chapéu
Luta Internacional

Diretora do Sindicato preside UNI Finanças Mundial

Linha fina
Rita Berlofa foi eleita durante conferência na Turquia; ela será a primeira dirigente fora da Europa e a primeira mulher a assumir o cargo, cujo mandato é de quatro anos
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Foto: Reprodução

A diretora executiva do Sindicato Rita Berlofa é a nova presidenta da UNI Finance Mundial (UNI Finanças), setor financeiro da UNI Global Union (sindicato global) que representa 3 milhões de trabalhadores em 237 entidades sindicais em todo o mundo, entre elas a Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro). A sindicalista brasileira, que é funcionária do Santander, substituirá o italiano Edgardo Iozia. É a primeira vez que um dirigente sindical não europeu assumirá a presidência da entidade. Rita também será a primeira mulher a chegar ao cargo. A eleição aconteceu ao final da 4ª Conferência Mundial da UNI Finanças, na Turquia, realizada no final de outubro.

“Assumo o cargo com compromissos firmes como a busca permanente pela integração dos sindicatos em escala mundial, a luta pelo direito à sindicalização, que é desrespeitado em vários países, e pela regularização do trabalho”, disse Rita.

“Devemos travar ainda uma luta sem fronteiras pelo emprego e contra as más condições de trabalho nos bancos, que em geral são semelhantes, com assédio moral, venda irresponsável de produtos, pressão pelo cumprimento de metas e adoecimento. Outra bandeira fundamental é a regulamentação do sistema financeiro, no sentido de promoção do desenvolvimento sustentável. A crise de 2008 demonstrou que essa regulamentação é primordial para a proteção das economias e dos cidadãos de todo o mundo. Hoje, a sociedade serve aos bancos e é preciso inverter essa lógica”, acrescentou a dirigente, cujo mandato à frente da UNI Finanças vai até 2019.

Igualdade de oportunidades

Rita destacou a importância de ser uma mulher a assumir o cargo: “Somos mais de 50% dos trabalhadores do sistema financeiro mundial, mas em pleno século XXI ainda sofremos discriminações de séculos passados, e isso se verifica na dificuldade de ascensão na carreira e nos salários mais baixos. Minha gestão também será pautada pela busca da igualdade de tratamento entre homens e mulheres”.

Consenso

A presidência da UNI Finanças Mundial é definida por meio de consenso entre as UNI Finanças de cada região: UNI Américas, UNI Ásia, UNI África e UNI Europa. “Todos entenderam que era o momento de um dirigente da América do Sul liderar a entidade, e também apontaram a importância de ser finalmente uma mulher. Além disso, a escolha demonstra o reconhecimento do trabalho que executamos no nosso país como representantes de milhares de bancários brasileiros. Um exemplo de organização que estamos inclusive levando para os Estados Unidos, onde os bancários não são sindicalizados e sofrem as consequências disso”, destacou a dirigente, referindo-se à parceria com movimentos sociais e de trabalhadores naquele país, com o objetivo de ajudar os bancários norte-americanos a se organizarem na luta por direitos que hoje não possuem, como férias, plano de cargos e piso salarial.

> EUA são exemplo da falta que faz um sindicato

Reconhecimento

Para o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), o bancário Vagner Freitas, a eleição de Rita Berlofa coroa sua trajetória de luta e é um reconhecimento da força do movimento sindical brasileiro. “Rita sempre atuou no sindicalismo internacional. Mesmo sem qualquer cargo internacional, ela trabalhava na organização dos bancários do Santander na América Latina. Além disso, sua escolha representa o reconhecimento de todo o movimento sindical brasileiro. Demonstra que nossa luta em prol dos bancários no Brasil é frutífera e é reconhecida pelos outros países do mundo”, disse Vagner, que participou da conferência.

Ex-diretor do Sindicato e coordenador mundial da UNI Finanças desde 2011, Márcio Monzane também destacou a eleição da dirigente como o reconhecimento do papel da mulher e do sindicalismo brasileiro. “É a primeira vez que elegemos uma trabalhadora bancária, e isso envia uma mensagem para os demais sindicatos de que devemos continuar esse trabalho de inclusão das mulheres na vida sindical. A eleição da Rita também reforça que o Brasil, que tem crescido social e politicamente, pode contribuir com o diálogo global. Rita é diretora de um dos maiores sindicatos da América Latina, faz parte de uma confederação [Contraf] que representa em torno de 500 mil bancários e de uma central [CUT] que representa 30 milhões de trabalhadores. Portanto, temos tudo para contribuir ajudando na organização sindical de outros países”, disse o dirigente, também na Turquia.

Luta global

A presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, reforçou a relevância da eleição de Rita: “É muito importante termos uma mulher e uma brasileira nesse cargo. Nosso Sindicato, a Contraf e a CUT sempre atuaram na organização internacional dos trabalhadores e essa mobilização para além das fronteiras dos países é fundamental no mundo de hoje, em que o capital está globalizado. Se o capital é global e as empresas são multinacionais, a mobilização e organização dos trabalhadores também tem de ser”.

Militância

Oriunda do Banespa, a dirigente Rita Berlofa passou a atuar na área internacional depois que o banco estatal foi vendido para o grupo espanhol Santander, mais uma operação de privatização da era Fernando Henrique Cardoso, concretizada em 20 de novembro de 2000, após anos de forte resistência do movimento sindical e dos funcionários do Banespa.

> Saiba mais sobre a venda do Banespa   

Foi coordenadora por quase 10 anos da Rede Sindical para as Américas do Santander, pela UNI Finanças, e fez parte da diretoria executiva da UNI Finanças Mundial e da UNI Mundial como primeira suplente.


 
 
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