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Santander lucra R$ 5 bilhões e demite milhares

Linha fina
Resultado do banco espanhol nos primeiros nove meses de 2016 foi 6,5% maior do que no mesmo período de 2015; mesmo assim, quase 2,5 mil postos de trabalho foram eliminados entre janeiro e setembro
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Rodolfo Wrolli, Redação Spbancarios
26/10/2016


São Paulo – O Santander apresentou lucro líquido gerencial de R$ 5,350 bilhões nos primeiros nove meses de 2016, com crescimento de 6,7% em relação ao mesmo período de 2015. Em comparação ao segundo trimestre de 2016, o aumento foi de 6,5%. O resultado obtido no Brasil representou 20% do lucro global de € 4,606 bilhões.

Considerado apenas o terceiro trimestre, o lucro apresentado foi de R$ 1,884 bilhão, alta de 4,3% em comparação ao trimestre anterior, e de 10,3% ante o mesmo período de 2015.

Nos primeiros nove meses de 2016, o banco espanhol eliminou 2.495 postos de trabalho em relação ao mesmo período no ano passado, encerrando o 3º trimestre de 2016 com 48.024 empregados. O número de agências manteve-se no período, em 2.255 unidades.

“O aumento da lucratividade não foi motivo suficiente para o banco contratar. Pelo contrário, seguiu demitindo pais e mães de família, mesmo com os trabalhadores brasileiros voltando a colocar o Santander Brasil como o principal responsável pelo lucro global da holding”, critica Maria Rosani, diretora executiva do Sindicato.

“Se o banco não fez demissões imotivadas na Espanha, mesmo durante o período mais grave da crise, por que essa prática segue aqui no Brasil, que é o país que mais enriquece a empresa?”, questiona a dirigente.

Aumento de tarifas X atendimento precário – A receita com prestação de serviços mais a renda das tarifas bancárias cresceu 13,9% em doze meses, totalizando R$ 9,86 bilhões. As despesas de pessoal subiram 8,5%, atingindo R$ 6,38 bilhões. Assim, em setembro de 2016, a cobertura dessas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 154,56%.

“Ao mesmo tempo em que lucra cada vez mais com as tarifas cobradas dos clientes, o Santander precariza o serviço prestado à população retirando os caixas e vigilantes das agências, além de colocar em prática um atendimento discriminatório, exclusivo para clientes de alto poder aquisitivo”, critica Maria Rosani.

O retorno sobre o Patrimônio Líquido Médio Anualizado (ROE) ficou em 12,9%, com crescimento de um ponto percentual em doze meses.

Crédito excludente – A carteira de crédito ampliada do banco teve queda de 6,3% em doze meses e atingiu R$ 311 bilhões, mas cresceu 0,8% no trimestre. As operações com pessoas físicas aumentaram 6,8% em relação a setembro de 2015 e 1,9% no trimestre, chegando a R$ 88,4 bilhões.

As operações com pessoas jurídicas alcançaram R$ 125 bilhões, com queda de 13,9% em doze meses. No segmento de pequenas e médias empresas houve queda de 10% e no segmento de grandes empresas, a queda foi de 15,1% em relação a setembro de 2015.

“A maioria dos empréstimos do Santander são operações de baixo risco, concedidos para grandes empresas, ou em transações que possuem lastro”, ressalta Rosani. “Ou seja, além de não cumprir seu papel social na geração de empregos, o banco encarece o crédito, o que prejudica o desenvolvimento econômico”, acrescenta a dirigente.

Ganhos fáceis com seu dinheiro – O resultado do banco foi influenciado principalmente pelas contas relacionadas a câmbio (derivativos, câmbio e empréstimos e repasses), que geraram receitas de R$ 18,5 bilhões.

“O Santander ganhou muito com o dólar sem precisar ter feito absolutamente nada, só especulando em cima da alta da moeda. E fez isso com o dinheiro que os clientes mantêm nas poupanças ou em contas correntes. Mas quando esses mesmos clientes precisam de empréstimo, os juros cobrados são inviáveis”, critica Rosani. 
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