São Paulo – O termo 'mexicanização' tem sido muito utilizado pelos dirigentes durante as assembleias nas fábricas. Mas o que exatamente querem dizer quando afirmam “é preciso combater a mexicanização no Brasil”?
Em 2012, segundo matéria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, o Congresso Nacional mexicano aprovou uma reforma trabalhista. Após cinco anos, o projeto que prometia melhorar o emprego deixou a classe trabalhadora mais pobre e aumentou a precarização do trabalho. O número de desempregados aumentou e os que têm empregos são, na maioria, informais. Mais de 60% da população economicamente ativa está na informalidade. Já os que estão formalmente empregados têm baixos salários.
“Muitos dos metalúrgicos no México, mesmo os que trabalham nas grandes montadoras, são obrigados a ter um segundo emprego sem especialização para conseguir se manter, pois os salários são muito baixos”, afirmou o secretário-geral do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Aroaldo Oliveira da Silva, em assembleia na empresa Fledlaz, em Ribeirão Pires.
Com isso, a competitividade mexicana está ganhando espaço no mercado às custas dos empregados e essa situação de precarização pode ter reflexos aos trabalhadores do Brasil, com o fim do acordo comercial entre os países, que estabelece cotas de importação e exportação bilateral.
“O acordo acaba em 2019, mas se acabasse hoje, não seria renovado, conforme já sinalizou o governo brasileiro. Com o livre comércio, sem taxação, os produtos de lá entrariam aqui muito mais baratos, o que afetaria toda a cadeia produtiva brasileira e poderia destruir a indústria nacional e os empregos no Brasil.”
Previdência – Além da reforma trabalhista, o México também fez uma reforma da Previdência. Hoje, o beneficiário recebe com base apenas no que contribuiu, descontadas as taxas de administração dos fundos. Assim, por causa da elevada informalidade do mercado de trabalho, a maioria da população economicamente ativa não contribui para a Previdência. Entre os cidadãos com mais de 65 anos, idade mínima para a aposentadoria, 77% estão descobertos.
“Temos que combater a “mexicanização” no Brasil e defender os direitos historicamente conquistados com muita luta dos trabalhadores”, reafirmou o dirigente.