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Chapéu
Na base da punição

Pesquisa do Santander: como eu posso me enganar hoje?

Linha fina
Banco pede para que funcionários avaliem ambiente de trabalho, gestor e a própria empresa, mas resultado final do questionário poderá significar perda da remuneração variável e até do emprego
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Arte: Freepik

São Paulo – O Santander está aplicando um questionário aos seus funcionários para que avaliem o banco, seu ambiente profissional, a própria forma de trabalho, e a atuação dos gestores. Algumas das perguntas da enquete são: “meu gestor direto promove a importância da gestão de riscos ao identificar, gerenciar e reportar positivamente todos os riscos” e “meu gestor direto estimula ativamente um ambiente onde a equipe pode opinar, falar claramente e debater sem medo”. 

> Santander entra em contato e Sindicato esclarece sobre pesquisa

O problema é que o gestor terá acesso a todas as respostas.  Ao final do questionário, o bancário deverá atribuir uma nota a si mesmo e o gestor poderá aumentá-la ou diminui-la. A avaliação final poderá impedir o trabalhador de receber a remuneração variável (bônus) e possivelmente uma nota abaixo da média (3) o deixará vulnerável à demissão.

“Então não podemos responder a verdade, porque [as perguntas] têm um tom de insinuação. Temos de responder o que eles querem”, resume uma bancária.

“A forma como essa pesquisa está sendo aplicada reforça que o objetivo não é a melhoria das qualificações dos empregados e do ambiente de trabalho, pois os ninguém tem liberdade de responder aquilo que acredita”, critica a dirigente sindical e bancária do Santander Wanessa de Queiroz.

“O resultado desse questionário baseado em opressão e punição será enviesado e terá um efeito completamente nulo. Só servirá para retirar a remuneração variável dos bancários, fundamentar demissões ou enganar o próprio RH, como se o banco fosse um ambiente ótimo para se trabalhar e livre de assédio moral, o que está longe de ser realidade”, acrescenta a dirigente.

“A política do Santander gira em torno do slogan ‘o que a gente pode fazer por você hoje?’ Respondendo, o banco poderia contratar mais funcionários, não alterar as metas durante o período previamente estabelecido e respeitar a cláusula do Acordo Aditivo  dos funcionários do banco que coíbe práticas de assédio moral”, elenca a dirigente.

Os casos de assédio moral devem ser denunciados ao Sindicato, que fará apuração junto ao banco, garantindo o mais absoluto sigilo da vítima.  A denúncia pode ser feita diretamente a um dirigente, pelo canal Assuma o Controle, pela Central de Atendimento (3188-5200) ou enviando mensagem via WhatsApp (11) 97593-7749.

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