Entre janeiro e setembro deste ano, os bancos já eliminaram 1.741 postos de trabalho em todo o país, segundo o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho. Ao todo, foram 22.284 admissões e 24.025 desligamentos nos nove primeiros meses de 2018.
> Faça a sua sindicalização e fortaleça a luta em defesa dos direitos dos bancários
Os bancos múltiplos com carteira comercial (entre eles Itaú Unibanco, Bradesco, Santander e Banco do Brasil) foram responsáveis pelo fechamento de 870 postos no período. A Caixa, por sua vez, eliminou 1.021 vagas de janeiro a setembro. Juntos, estes cinco bancos empregam cerca de 90% dos bancários no país e lucraram, somente no primeiro semestre, R$ 41,9 bilhões, crescimento de 17,8% em relação ao mesmo período de 2017.
“O saldo negativo de contratações contrasta com o lucro sempre crescente dos bancos. Itaú, Santander, Bradesco, Banco do Brasil e Caixa, que já divulgaram seus balanços semestrais, apresentaram resultados bem acima do que tiveram no mesmo período de 2017, ano em que já tiveram lucros recordes. Não existe qualquer justificativa para esse número de cortes. Como concessões públicas, os bancos deveriam ter responsabilidade social”, critica a diretora do Sindicato, Marta Soares.
Rotatividade
Além de economizar com o corte de postos de trabalho, os bancos também encontraram na rotatividade uma forma de reduzir a remuneração média no setor e maximizar ganhos. De janeiro a setembro, os bancários admitidos recebiam, em média, R$ 4.272, enquanto desligados tinham remuneração média de R$ 6.525. Ou seja, a remuneração dos admitidos correspondeu a apenas 65% do salário médio dos que deixaram o setor.
Desigualdade entre homens e mulheres
Os dados do Caged também revelam a desigualdade de gênero na remuneração do trabalhador bancário. As 10.726 mulheres admitidas no setor entre janeiro e setembro recebem, em média, R$ 3.587, valor que corresponde a 73% da remuneração média dos 11.558 homens admitidos (R$ 4.907) no mesmo período.
Entre os desligados, a desigualdade de gênero também se revela. As 11.900 mulheres desligadas dos bancos recebiam, em média, R$ 5.585, 75% da remuneração média dos 12.125 homens (R$ 7.449) desligados entre janeiro e setembro.
“Na propaganda dos bancos tudo é lindo e o respeito e o empoderamento das mulheres são constantemente mencionados. Porém, na vida real, os dados do Caged mostram que mulheres entram no setor ganhando menos que os homens e, uma vez dentro, possuem maiores obstáculos para subirem na carreira. A igualdade de oportunidades no setor é uma luta histórica e fundamental para o Sindicato”, conclui Marta.