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Chapéu
Injustiça

Sindicato contesta demissões por justa causa no Vila Santander

Linha fina
Banco não tem justificativa plausível para aplicar a pena máxima e arruinar a vida de quatro gerentes digitais PJ vítimas da falta de orientação dos gestores e transparência e de um procedimento falho do processo de trabalho
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Foto: Seeb-SP

Em carta à direção do Santander, o Sindicato dos Bancários exigiu o imediato cancelamento das demissões por justa causa ocorridas no dia 24 de setembro e o restabelecimento do plano de saúde de quatro gerentes digitais PJ lotadas no Vila Santander Paulista, zona norte de São Paulo. As trabalhadoras foram demitidas injusta e sumariamente sem que tivessem praticado qualquer ato que justificasse a medida.

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Uma das bancárias relata que um mês antes de ser mandada embora, ela e as outras três colegas tiveram de dar explicações à auditoria do banco sobre um procedimento de praxe realizado no setor para que conseguissem finalizar o atendimento aos clientes.

Em razão de uma enorme demanda e de uma série de atribuições que só aumentam, reflexo das sucessivas demissões em massa promovidas pelo banco, muitas vezes gerentes digitais PJ não conseguem fazer o registro dos atendimentos aos clientes, pois, dependendo do tempo, o sistema utilizado pelo Santander apaga o que foi informado. Além disso, também é impossível realizar uma pausa para o registro – há uma punição aos funcionários neste caso, o de colocar pausa no final do atendimento.

À auditoria, as trabalhadoras explicaram todo o processo de trabalho e esclareceram que precisavam deixar o ramal telefônico ocupado para terminar o atendimento, uma vez que não é possível fazer isso com o cliente na linha. Também informaram que não dispõem, como os gerentes das agências físicas, de nenhum assistente ou suporte que concluam e resolvam as pendencias. E ainda alegaram que nunca receberam orientação de gestores do banco para que não agissem dessa forma.

“Esse procedimento é a única alternativa que temos para executar nosso trabalho de forma correta, já que todo o processo é realizado sem ferramentas adequadas e tempo necessário. E todos no setor fazem a mesma coisa para poderem finalizar o atendimento ao cliente”, declara uma das vítimas.

Antes da auditoria e das demissões, as quatro bancárias eram elogiadas por seus superiores. Recentemente, ocuparam posições de destaque pelo trabalho apresentado em uma avaliação com 200 trabalhadores do Gerencial PJ. Além disso, nunca tiveram reclamação no Bacen ou dos clientes.

“O que mais me deixa indignada é que procedimentos muito mais graves, como fraudes sem autorização nas contas e transferências de clientes para carteiras de outros gerentes para bater metas, não foram punidos pelo banco com demissões por justa causa. Agora, os funcionários que continuam no setor, além de indignados, estão preocupados com seus empregos e com as alegações do Santander de que essas práticas burlam o sistema. Parece que o banco faz isso para acabar com todas as suas áreas de call center”, desabafa a bancária.

O dirigente sindical André Bezerra esteve no Vila Santander Paulista e confirmou com colegas o que disseram as bancárias à auditoria: para finalizar o atendimento ao cliente, muitas vezes os trabalhadores precisam deixar a linha ocupada. O dirigente também ouviu dos bancários relatos de que as bancárias demitidas sempre foram muito comprometidas com o trabalho.

“Esta função tem jornada de 8 horas e consiste em dar atendimento remoto através de telefone (call center) para uma carteira com cerca de mil clientes. Além do suporte a todo tipo de problema e demanda, as trabalhadoras são incumbidas de fazer negócios de forma a atingir as metas impostas e manter qualidade e a satisfação do cliente no atendimento”, ressalta o dirigente.

“Lembremos que onde as funcionárias trabalhavam, no Vila Santander Paulista, tivemos nos meses de maio, junho e julho mais de 200 demissões, o que causou sobrecarga de trabalho para os que ficaram. Além disso, muitas vezes, gerentes fazem trabalhos de call center e outras múltiplas tarefas executadas por estes profissionais, intensificando muito o processo de trabalho”, acrescenta André Bezerra.

“O Sindicato se opõe frontalmente a essas demissões por justa causa, pois não houve dolo, não houve prejuízo financeiro ou à imagem do banco. Esta atitude afeta severamente a vida dessas trabalhadoras, que por anos se dedicaram ao Santander. Além disso, elas nunca foram ao menos orientadas, alertadas ou advertidas pela gestão em relação ao procedimento que o banco julgou incorreto. Faltou transparência da direção do banco”, acrescenta a dirigente Vera Marchioni. “A gestão do Sr. Sergio Rial pode ser muito boa para os acionistas, mas não respeita os trabalhadores da unidade mais lucrativa do banco no mundo”, conclui a dirigente.

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