Após pressão por mais contratações dos empregados e do movimento sindical nas últimas mesas de negociação com a Caixa, o presidente do banco público, Pedro Guimarães, anunciou a abertura de 800 novos postos de trabalho.
“É um número ainda muito insuficiente diante do movimento imenso de fechamento de postos de trabalho verificado nos últimos anos. Por isso a mobilização pela ampliação das contratações deve continuar”, afirma Dionísio Reis, coordenador da Comissão Executiva dos Empregados da Caixa (CEE/Caixa) e diretor executivo do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
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O anúncio foi feito nesta terça-feira 1º, durante audiência pública sobre a Caixa, na Comissão de Trabalho, Administração e Serviços Públicos (CTASP) da Câmara dos Deputados, uma iniciativa da deputada federal Erika Kokay (PT-DF). Pedro Guimarães já havia sido chamado para uma primeira audiência sobre o tema, em 9 de julho, mas não compareceu.
A Caixa contava com 101 mil empregados em 2014. Atualmente possui menos de 83 mil após diversos planos de aposentadoria incentivada, promovidos pelo governo Temer desde 2016.
“O fechamento de postos de trabalho, além de causar sobrecarga de trabalho aos bancários, precariza o atendimento à população, que passa a se posicionar contra o banco e começa a defender sua privatização. O sucateamento da empresa tem o objetivo nítido de entregá-la ao capital privado, cenário que se concretizado irá gerar grandes prejuízos à sociedade, já que a Caixa é o único banco 100% público com atuação nacional e responsável por administrar dezenas de benefícios sociais. Por isso os bancários e a sociedade devem se mobilizar em defesa da ampliação das contratações e da Caixa 100% pública”, afirma Dionísio.
Os 800 novos empregados se somariam aos cerca de 2 mil PCDs (pessoas com deficiência) contratados recentemente. “A contratação dos PCDs foi determinada pela Justiça e ainda não atende ao percentual exigido por lei", lembra Dionísio. Ele destaca que a soma das contratações de PCDs e dos novos 800 nem sequer repõe as 3 mil demissões ocorridas só neste ano.
O presidente da Caixa foi confrontado pela deputada Erika Kokay com os números de pesquisa da Fenae que mostra que 60% dos empregados se dizem sobrecarregados, em situação de assédio moral, temendo a reestruturação, mudanças bruscas na vida funcional e afirmam sofrer com planos de metas impostos sem discussãonão debatidos com os empregados. Mas afirmou que não tem conhecimento de assédio moral dentro da empresa.
A deputada lembrou ainda a preocupação dos empregados em relação a manutenção do Saúde Caixa para todos, ainda mais preocupante por conta do adoecimento da categoria. Na mesma pesquisa um em cada três empregados admite fazer uso de antidepressivos.
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Admitiu abertura de capital
Apesar de ter afirmado que a Caixa “é do povo brasileiro e para todos”, Pedro Guimarães admitiu, durante a audiência, que há discussão sobre abertura de capital do banco, o único 100% públicos do país.
A deputada Erika Kokay (PT/DF) questionou o presidente da Caixa: “Se por um lado o senhor diz que não há intenção de privatização, por outro o seu chefe, o ministro da Economia, Paulo Guedes, diz que a intenção é privatizar tudo e Bolsonaro declarou que deve se vender uma empresa pública por semana, que está demorando muito para privatizar. Então precisamos ter clareza de que há um risco sim de que a empresa perca sua característica pública e seja esquartejada”, disse.
Jair Ferreira, presidente da Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa Econômica Federal (Fenae), lembrou que o anúncio de venda de carteiras rentáveis, do setor de seguros e segmentos das loterias e que a redução de pessoal de 105 mil em 2015 para 82 mil atuais, enfraquece a empresa e compromete o papel social que a Caixa desempenha desde 1861.
FGTS fora da Caixa?
Guimarães disse também que não há orientação governamental para que a Caixa deixe de ser a gestora do FGTS, mas não explicou por que o governo decidiu retirar a Caixa do Conselho Curador do Fundo. “A empresa assume os riscos da gestão dos recursos do fundo, mas não participa das decisões sobre ele? Isso não é valorizar a empresa”, questionou a deputada Erika Kokay.
Minha Casa Minha Vida
O presidente da Caixa também foi questionado sobre a redução drástica de investimento no programa Minha Casa Minha Vida: de R$ 4,6 bilhões, em 2019, para R$ 2,7 bilhões, previstos para 2020. Guimarães disse que não pode se posicionar sobre isso porque “são decisões orçamentárias do governo”. Ainda assim, ele recolhe os louros de governos anteriores, ao percorrer o país com inaugurações de obras do Minha Casa Minha Vida contratadas nas gestões passadas.