Com faixas e cartazes na Avenida Paulista, coração financeiro de São Paulo, bancários denunciaram à população, as demissões promovidas pelos três maiores bancos privados no país: Santander, Bradesco e Itaú. O protesto – que ocupou também as redes sociais com a hastag #QuemLucraNãoDemite – fez parte do Dia Nacional de Luta contra Demissões nos Bancos e em Defesa dos Bancos Públicos, que contou com atos por todo o país.
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Até o momento, foram mais de 1 mil desligamentos no Santander, outras 427 demissões no Bradesco e 400 no Itaú. Com isso, os três descumprem um compromisso assumido publicamente em março, o de não demitir durante a pandemia. E apesar do lucro alcançado por essas instituições financeiras mesmo na crise – juntos, os três bancos lucraram R$ 21,7 bilhões no primeiro semestre –, contribuem com o aumento do nível de desemprego no Brasil.
“Todos perdem com as demissões no país. Já são mais de 13 milhões de desempregados e o setor mais lucrativo da economia brasileira contribui para o aumento desses números. Muitos trabalhadores são surpreendidos com as demissões por e-mail ou WhatsApp e entram em desespero porque já estão fragilizados durante a pandemia”, destaca a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Ivone Silva.
Nas calçadas da Avenida Paulista e em frente às agências dos três bancos na região, os dirigentes do Sindicato apontaram a contradição entre as mensagens passadas pelos bancos em suas propagandas e a realidade, com demissões, sobrecarga de trabalhadores, taxas de serviços e de juros altíssimas cobradas da população, o que impede a concessão de crédito num momento em que o país mais precisa.
“Onde está a imagem de respeito com a população que os bancos propagam nas suas peças publicitárias?”, questiona Ivone.
“Os bancos são uma concessão pública e têm um papel social importante no crescimento de um país. É importante que as instituições financeiras, responsáveis por cuidar do dinheiro da população, sejam um instrumento para o desenvolvimento econômico e não para fragilizar ainda mais a economia”, acrescenta a dirigente.
Nas redes sociais
Com a pandemia, as redes sociais têm sido um importante espaço de mobilização para a categoria bancária. “Nossos tuitaços e protestos nas redes têm dado resultados importantes e incomodado os bancos. Isso porque, ao denunciar demissões, sobrecarga e cobrança de metas sobre os funcionários e juros abusivos cobrados dos clientes, a gente arranha a imagem que os bancos tanto tentam construir, com investimentos milionários em marketing e propaganda. Deixamos claro que o que eles pregam nas peças publicitárias é irreal, e que o setor bancário está longe de cumprir o papel social que deveria. E cobramos que eles cumpram na prática o que publicizam nas propagandas: não demitir na pandemia agregaria mais às suas marcas do que os comerciais fantasiosos”, observa a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
O tuitaço desta quinta-feira 15 também foi intenso, e usou a hastag #QuemLucraNãoDemite.