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STF, não deixe os trabalhadores na berlinda

Linha fina
Espetáculo teatral no centro de São Paulo vai denunciar riscos que eventual decisão do Supremo Tribunal Federal em favor da terceirização pode representar para relações de trabalho; decisão preocupa categoria
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Rodolfo Wrolli, Redação Spbancarios
3/11/2016


São Paulo – Uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) no dia 9 de novembro pode sacramentar a terceirização de todas as atividades das empresas e, com isso, instaurar a precarização das relações de trabalho para milhões de brasileiros.

> Votação da terceirização preocupa bancários  

Está previsto para esta data o julgamento do Recurso Extraordinário 958252, para derrubar decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) que definiu a terceirização praticada pela Cenibra (Empresa Brasileira de Celulose) como “transferência fraudulenta e ilegal” de mão de obra, com o “nítido propósito de reduzir custos de produção”

Para denunciar a ameaça e conscientizar a população sobre os riscos que representará uma decisão em favor da empresa, o Sindicato vai realizar ato lúdico em forma de encenação teatral na Praça do Patriarca, a partir das 10h, na segunda-feira 7. O espetáculo O Julgamento será representado pelo grupo de teatro Ágata.  

“É importante que os bancários participem do protesto que vai abordar de uma forma leve e bem-humorada um assunto de interesse geral”, convoca Marcelo Gonçalves, secretário de Cultura do Sindicato. “Esse julgamento pode levar a um futuro imediato no qual os salários serão bem menores e muitos dos direitos conquistados pela categoria deixem de existir”, acrescenta.

Menos direitos e mais exploração – Os terceirizados do setor financeiro ganham em média 1/3 do salário dos bancários, têm jornada maior e não usufruem de diversos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho. A Participação nos Lucros e Resultados (PLR) é muito menor.

No mercado de trabalho, de uma forma geral, o empregado terceirizado ganha em média 27% menos, trabalha três horas a mais por semana e fica cerca de 2,6 anos a menos no mesmo emprego. Os dados são de pesquisa elaborada pelo Dieese em conjunto com a CUT.

Pressão virtual – Em uma era em que o engajamento virtual ganha cada vez mais força, os bancários podem pressionar os ministros do STF pedindo que votem não à terceirização (clique aqui). Os trabalhadores também podem protestar nas redes sociais usando a hashtag #TerceirizaNãoSTF. 

Adeus salvaguarda – A decisão do Supremo terá repercussão geral, ou seja, valerá para todas as demais instâncias da Justiça. Com isso, se votar a favor da terceirização, a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST) perderá a validade. Hoje este é o único instrumento que protege a classe trabalhadora da precarização do emprego por meio da terceirização fraudulenta.

Vídeo: STF pode ampliar terceirização 

Graças à Súmula 331, muitos trabalhadores terceirizados pelos bancos, por exemplo, têm reconhecidos direitos da categoria bancária justamente porque prestam serviços nitidamente bancários. Ou seja, apesar de terceirizados, realizam a atividade-fim dos bancos, como abertura de contas, concessão de crédito etc.

“Essa lógica da terceirização representa um passo a mais na maior violência que existe no nosso país, que é a desigualdade social e econômica”, afirma Marcelo Gonçalves. “Significa que empresários e banqueiros concentrarão ainda mais a riqueza produzida pela classe trabalhadora, e essa, por sua vez, verá sua renda ainda mais reduzida. É o caminho inverso daquilo pelo qual lutamos, que é a ampliação dos direitos e dos salários”, acrescenta o dirigente.

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