São Paulo – De acordo com dados do IBGE, os brasileiros pretos e pardos (grupos agregados na categoria negros) representam 54% da população. Porém, entre os bancários do Bradesco são apenas 23,1%, percentual inferior à média geral dos bancos brasileiros, 24,8% segundo o Censo da Diversidade 2014.
“Se levarmos em consideração somente os pretos, excluindo bancários pardos, a situação é ainda pior. Apenas 3,1% dos bancários do Bradesco são pretos. A representatividade no banco é muito baixa”, avalia a dirigente sindical e bancária do Bradesco Sandra Regina.
Quanto mais alto o cargo, menos negros – A ausência de representatividade de negros e negras no Bradesco se revela ainda mais aguda quando analisados cargos de diretoria, superintendência e gerência.
“Não temos nenhum negro ou negra em cargos de diretoria e superintendência. Nos cargos de gerência, os gerentes pretos representam apenas 0,3% do total de funcionários do banco, pardos 2,95%, enquanto gerentes brancos são 11,2%. Esses dados, incluídos no relatório de sustentabilidade do banco, revelam que negros e negras têm mais dificuldades de ascender profissionalmente no Bradesco, apesar de possuírem formação e competência para isso”, relata Sandra.
Setor financeiro – Nos bancos brasileiros, negros têm rendimento médio correspondente a 87,3% do rendimento médio dos brancos. E as mulheres negras sofrem ainda mais discriminação: seu rendimento médio corresponde a apenas 68,2% do dos homens brancos. Os dados são do Censo da Diversidade Bancária, levantamento mais recente, realizado em 2014.
“No Brasil, a luta contra o racismo, a discriminação e pela representatividade de negros e negras ainda é longa. Por 350 dos seus 517 anos, nosso país impôs a escravidão a quase seis milhões de africanos e seus descendentes, sendo o último país a abolir o regime escravocrata, em 1888. Esse vergonhoso passado se reflete nos dias de hoje em todos os setores, inclusive no financeiro, o mais lucrativo do país”, afirma a dirigente do Sindicato.
“Cobramos do Bradesco que promova políticas de promoção da diversidade e de ascensão profissional de bancários negros. Não podemos mais aceitar que negros e negras sigam relegados a posições de baixa visibilidade nas instituições financeiras, reforçando um racismo estrutural que contamina todos os setores do nosso país. É mais do que na hora de ocuparem posições de destaque. Formação e competência não faltam”, conclui Sandra.