São Paulo – Pesquisa CUT-Vox Populi mostra que 81% dos brasileiros desaprovam a reforma trabalhista que entra em vigor no sábado 11. Apenas 6% aprovam as mudanças, 5% são indiferentes e 8% não sabem ou não opinaram no levantamento divulgado na quinta-feira 9 .
O maior índice de rejeição às novas regras trabalhistas foi registrado no Sudeste (89,%). No Nordeste, a rejeição às mudanças é de 81%; no Centro-Oeste/Norte, 78%; e, no Sul, 60%.
“A nova legislação foi concebida e concretizada pelo setor patronal e irá acabar com vários direitos trabalhistas que estavam garantidos pela atual legislação, por isso os sindicatos deverão, mais do que nunca, assumir uma postura ativa e combativa em defesa dos trabalhadores que representam”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato, convocando os bancários para os protestos contra a retirada de direitos, nesta sexta-feira 10. Além disso, a CUT e sindicatos filiados à central promovem campanha para colher assinaturas de 1% do eleitorado para um projeto de lei de iniciativa popular (Plip) para revogar a reforma trabalhista. Saiba como participar e assinar.
“E a participação de todos os trabalhadores no fortalecimento das suas entidades representativas se mostrará cada vez mais importante. Participe das assembleias, sindicalize-se, informe-se e fortaleça seu sindicato e sua categoria. Defenda seus direitos que estão sendo anulados por um governo e um Congresso Nacional comprometidos exclusivamente com os interesses dos patrões”, conclama Ivone.
Boa para o patrão – Para 67% dos entrevistados, a reforma trabalhista só é boa para o patrão. Apenas 1% disse que ela é boa para os trabalhadores. Outros 6% disseram que ela é boa para ambos; 15% não tiveram dúvidas em dizer que não é boa para ninguém; e 11% não souberam ou não quiseram responder.
Os percentuais mais negativos ficaram com o Sudeste (76%); Centro-Oeste/Norte, com 68%; e Nordeste, com 65%, onde a maioria dos entrevistados acredita que as mudanças na CLT são boas somente para os patrões. No Sul, 44% respondeu que os patrões são os mais beneficiados com as mudanças.
O levantamento CUT-VOX Populi foi realizado entre os dias 27 e 31 de outubro, em 118 municípios brasileiros. Foram entrevistadas duas mil pessoas com mais de 16 anos de idade, residentes em áreas urbanas e rurais, de todos os estados e do Distrito Federal, em capitais, regiões metropolitanas e no interior, em todos os segmentos sociais e econômicos.
A margem de erro é de 2,2%, estimada em um intervalo de confiança de 95%.
“Quanto mais se informam sobre a reforma, mais os trabalhadores rejeitam as mudanças na CLT que o empresariado mais conservador e ganancioso mandou Temer encaminhar para aprovação no Congresso”, diz o presidente da CUT, Vagner Freitas, para quem a nova lei trabalhista legaliza o bico e dá segurança jurídica para os maus empresários explorarem os trabalhadores.
Alteração de 100 itens da CLT – A reforma, encaminhada por Temer e aprovada pelo Congresso Nacional, alterou 100 itens da CLT, a Consolidação das Leis do Trabalho. Entre as mudanças estão negociações individuais entre patrões e empregados, sem a presença do sindicato, para assinar acordos de demissão, jornada de trabalho, banco de horas, parcelamento de férias e intervalos para amamentação. Outra novidade é a legalização do contrato de trabalho sem vínculo, sem direitos e garantias, chamado de trabalho intermitente. O trabalhador só trabalha quando for chamado pelo patrão, e recebe de acordo com as horas de serviço prestadas. Não há garantia nenhuma de que será chamado a trabalhar.
Os altos percentuais de desaprovação à “nova CLT”, assim chamada por parte da mídia conservadora, foi registrado em todos os gêneros, idades e classes sociais.
Confira a estratificação:
Por gênero, as novas regras foram reprovadas por 82% das mulheres e por 79% dos homens.
Por idade, 83% entre adultos, 79% entre os jovens e 76% entre os maduros.
Por renda, a rejeição entre os que ganham mais de dois e até cinco salários mínimos foi a mais alta, 83%; entre os que ganham até dois salários mínimos ficou em 80% e em 77% entre os que ganham mais de cinco salários mínimos.
Por escolaridade, quem cursou até o ensino médio rejeitou mais (86%), seguido pelos que têm ensino superior (79%) e 77% entre os que têm ensino fundamental.