São Paulo – Um ano depois de se comprometer a não transferir o setor do Câmbio, situado no centro de São Paulo, para a Vila Leopoldina, na zona oeste, o Bradesco voltou atrás e, sem qualquer negociação com o Sindicato, impôs a mudança aos funcionários.
“Eles estão armando pelas costas desde agosto. Fizeram uma reunião com todos os funcionários e o diretor foi avisando com ar de arrogância, de superioridade, tipo ‘eu mando e acabou’. E pediu: ‘vão divulgando para a rádio peão. Lá é ótimo, não vão precisar carregar um móvel para lá’. Só que o povo está odiando e não é só quem mora na zona leste. Só umas 20 ou 30 pessoas devem estar felizes, porque moram perto. Até quem era do HSBC está odiando ter que voltar para lá”, relata uma funcionária.
O prédio para onde o Bradesco quer mudar o setor é o antigo Casp, do HSBC, situado na distante Vila Leopoldina, onde as opções de transporte público são escassas, assim como restaurantes e outros serviços.
“Dos problemas que nós apontamos no prédio, o banco atendeu várias reinvindicações, com melhoria do transporte de vans entre o prédio e as estações da CPTM e do Metrô, além de reformas na infraestrutura e no restaurante, porém há o problema da distância, já que a grande maioria mora nos extremos da cidade”, argumenta Vanderlei Alves, dirigente sindical e bancário do Bradesco.
Segundo os bancários, além da distância, o centro administrativo – agora chamado de Núcleo Vila Leopoldina – é palco de problemas de gestão. “Falam que lá é um regime militarista, não pode nem ir ao banheiro direito, se passar mais de cinco minutos a gerente já pega no pé. Lá dentro tem que cantar conforme a música do Droc [outro setor do banco]”, afirma uma bancária.
“O câmbio está localizado no mesmo prédio há mais de 30 anos, onde há toda a facilidade da região central da cidade, além da questão da distância ser mais próxima dos funcionários que vivem em outras regiões da cidade. O banco deveria valorizar a vontade dos bancários, até porque ninguém sabe o real motivo da mudança”, afirma o dirigente.