O presidente-executivo do Bradesco, Octavio de Lazari, informou que pretende fechar 150 agências ainda em 2018 e mais 150 em 2019. Diante do anúncio, uma reunião com a direção do banco para discutir a garantia dos empregos foi cobrada pela Comissão Nacional de Empregados (COE Bradesco), a qual o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região integra.
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A cláusula 54 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) dos bancários prevê a realocação e requalificação profissional em situações específicas decorrentes de reestruturações organizacionais. Os representantes dos trabalhadores vão reivindicar que a CCT, ratificada pelo Bradesco, seja respeitada.
O tema será uma das pautas da reunião entre a Comissão de Organização de Empresa do Bradesco e a direção do banco, marcada para 11 de dezembro.
“O anúncio causa preocupação, pois o que constatamos no dia a dia é a sobrecarga de trabalho cada vez maior causada pelo número insuficiente de funcionários, o que resulta em adoecimentos e leva o movimento sindical a deflagrar protestos. E mesmo assim, o banco vem eliminando postos de trabalho mesmo diante do crescimento do lucro. A esse cenário soma-se a falta de unidades bancárias nas periferias”, protesta a dirigente sindical e bancária do Bradesco Sandra Regina.
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Comprovação da sobrecarga
Em 12 meses encerrados em setembro de 2018 já são 2.529 empregos a menos, segundo o balanço do banco. No mesmo período já foram fechadas 193 agências – sendo 48 apenas no último trimestre – e 35 postos de atendimento (PA).
Em setembro de 2016, o Bradesco tinha 109,9 mil bancários e 93,3 milhões de clientes, o que equivale a 848,8 clientes para cada trabalhador. Dois anos depois, o número de clientes aumentou para 95,3 milhões, e o de funcionários diminuiu para 98,1 mil, fazendo a relação entre um e outro aumentar ainda mais: 971 correntistas para cada funcionário. Os dados são do Banco Central e dos relatórios de demonstração do Bradesco.
A declaração de Lazari foi dada alguns dias depois de o banco ter anunciado lucro de R$ 15,7 bilhões nos noves primeiros meses de 2018, um crescimento de 11,1%, em relação ao mesmo período de 2017 e de 6% na comparação ao trimestre anterior.
“Diante do lucro cada vez maior, do aumento do número de correntistas e da ausência do banco em muitos bairros das periferias, não há razão para que o Bradesco feche ainda mais agências. Queremos saber quais unidades serão fechadas e como será o processo de realocação dos bancários. Essa situação deve ser debatida com os representantes dos trabalhadores”, afirma Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato dos Bancários e funcionária do Bradesco.