Em reunião com representantes do Itaú, dirigentes sindicais reportaram diversas denúncias que o Sindicato vêm recebendo sobre problemas enfrentados pelos funcionários de agências digitais.
A principal reclamação dos trabalhadores é o aumento da carteira de clientes no segmento Smart, que passou de 700 para 1,5 mil clientes.
O banco alegou que este segmento demanda menos, por serem clientes que não procuram o banco. Por isso o número aumentou. Ainda segundo o Itaú, os clientes dos segmentos Premium e High, por sua vez, são mais ativos e demandam mais tempo dos funcionários, por isso as carteiras são menores.
“Nós contestamos a informação e dissemos ser humanamente impossível que um funcionário tenha sua carteira de clientes aumentada mais que o dobro. Um absurdo!”, afirma Valeska Pincovai, diretora do Sindicato e bancária do Itaú.
O banco alega que, desta forma, está promovendo o encarreiramento dos gerentes, porque eles começam no segmento Smart, e futuramente podem mudar para os clientes Vips (Premium e High).
Horas de ligação por dia
Sobre os bancários atenderem ligações mais de seis horas por dia, o banco negou a informação e diz ter relatórios de controle apontando que os bancários não ficam mais de três horas nos atendimentos, tanto no Personnalité como no Uniclass.
Os representantes do banco também negaram que os funcionários exercem múltiplas funções, e que o nome de "tutor" foi dado ao trabalhador que auxiliava os novos contratados na pandemia que, por estarem em home office, precisavam de alguém para ajuda-los no treinamento das funções. Por isso o banco nomeou alguns funcionários para esta demanda, em um período em que houve contratações. Mas por enquanto, segundo o banco, este projeto está suspenso.
Exposição a ranking
Os representantes dos empregados repassaram ao banco que os trabalhadores estão sendo expostos em rankings, o que é proibido pela cláusula 39 da Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária.
Os representantes do banco alegaram que se trata de "ranking positivo", e que só são divulgados os mais bem colocados.
“Nós contestamos afirmando que não existe ‘ranking positivo’, porque as pessoas estão sendo expostas, e quem não aparece na lista acaba sofrendo pressão e assédio do mesmo jeito”, afirma Valeska.
Metas abusivas
Os dirigentes sindicais enfatizaram que os funcionários nas agências digitais estão sofrendo com cobranças de metas absurdas, reestruturação que não conseguem entender, e muita pressão com ameaças de demissão.
“Mais uma vez temos que nos deparar com o problema de gestão no banco Itaú, onde muitas vezes os supervisores não são preparados para lidar com os funcionários, e falta diálogo e transparência em um sistema de comunicação ineficiente!” afirma Sérgio Francisco, dirigente sindical e bancário do Itaú.
Férias na agência digital Barra Funda
Por fim, na reunião também foi levada ao banco a denúncia dos bancários da digital Barra Funda, que estão proibidos de tirar férias e são obrigados a parcelarem os dias. Os representantes do banco se comprometeram a verificar e a dar um retorno.
Aumento da sobrecarga de trabalho
“Apesar de o banco negar todas as denúncias, o Sindicato sabe que o bancário está sofrendo, e os números comprovam, por meio de adoecimento e pedidos diários de demissão”, afirma Sérgio.
No terceiro trimestre de 2016, o Itaú tinha 67,9 milhões de clientes, número que saltou para 87,5 milhões no terceiro trimestre de 2021. Um aumento de 28,9%. A quantidade de trabalhadores, por sua vez, aumentou apenas 5,5% no mesmo período, passando de 81.737 para 86.195. Os dados são do Banco Central e das Demonstrações Financeiras do Itaú.
“Vamos continuar cobrando uma posição do Banco, e queremos respeito aos trabalhadores das Agências Digitais do Itaú”, acrescenta o dirigente.
Menos Metas, Mais Saúde
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região mantém a campanha Menos Metas, Mais Saúde, e pressiona o Itaú e demais bancos, nas redes e nas ruas, para que promovam um ambiente de trabalho mais saudável por meio da diminuição das metas e da ampliação das contratações.
“Se você está sofrendo pressão no seu local de trabalho, entre em contato com o Sindicato, e vamos juntos conseguir provar ao banco a realidade dos bancários nas Agências Digitais”, finaliza Sérgio Francisco.