O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e o Comando Nacional dos Bancários realizaram nesta segunda-feira 29 reunião com a Comissão Nacional de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para tratar da manutenção dos protocolos de segurança contra a Covid-19 e a questão das bancárias e bancários que têm comorbidades.
Ficou acertado no encontro que todos os protocolos de segurança continuam a ser cumpridos, pois a pandemia ainda não acabou. A Fenaban ficou de discutir a reivindicação do Comando de revisão de convocações para que esse grupo de risco retorne ao trabalho presencial, feita por alguns bancos. O debate sobre a questão será feito em nova reunião, na semana que vem. Também foi discutida a tentativa do governo Bolsonaro de atacar a conquista dos vales refeição e alimentação, limitando o benefício por decreto.
“Na reunião com a Fenaban o movimento sindical reforçou que é contra o retorno dos bancários com comorbidades ou do grupo de risco que não tenham atestado do médico particular permitindo a volta presencial, porque a pandemia não acabou e a nova cepa identificada recentemente na África do Sul é motivo de preocupação. Os bancários com comorbidades e do grupo de risco foram os primeiros a entrar em home office e devem ser os últimos a voltar, e apenas com anuência do seu médico. Vamos seguir acompanhando esta questão e continuar cobrando dos bancos a garantia da proteção à saúde dos trabalhadores bancários.”
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
“Quem tem comorbidade, a tendência, em caso de reinfecção, é que se agrave a doença. Não é à toa que elas foram classificadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como grupo de risco. É por conta da maior incidência de um maior número de mortes. Tem banco que já convocou o retorno desse grupo, outro que está chamando de volta. Isso sem conversar com a gente. O retorno, quando acontecer, que seja feito com avaliação do médico assistente, que acompanha a pessoa. Queremos preservar vidas. Por isso colocamos a importância de se manter todos os protocolos de segurança, manter o uso de máscara, inclusive para os clientes, manter o distanciamento. Não é hora de se retirar os cuidados. Tem que cumprir os protocolos”, afirmou Juvandia Moreira, coordenadora do Comando Nacional e presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT).
Pandemia se agrava com a Ômicron
A reunião ocorreu no momento em que uma nova variante do coronavírus foi identificada na semana passada na África do Sul. A nova cepa do coronavírus pode ter uma capacidade ainda maior de contágio do que as variantes anteriormente identificadas.
A notícia da nova variante, chamada de Ômicron, aumentou a preocupação das autoridades sanitárias em todo o mundo, principalmente na Europa e na Ásia Central, regiões que já enfrentam uma nova onda de infecções e mortes causadas pela Covid-19.
Os países dessas regiões foram responsáveis por cerca de 60% dos novos casos da doença e metade das mortes nas últimas semanas, de acordo com levantamento descrito pela Fiocruz. Técnicos da Fiocruz orientam que seja possibilitada a permanência do trabalho em casa para os grupos de risco.
“A OMS fez um alerta na semana passada, de que temos que ter cuidados com a falsa sensação de segurança. Temos que ter cuidado ainda mais com essa nova variante. Alguns bancos estão ensaiando fazer a volta dos que têm comorbidade. Temos que lembrar que, no início da pandemia, o primeiro grupo que foi protegido foi o grupo de risco. Não é de graça. Sabemos que quem tem comorbidade pode ter complicação. Aqui em Porto Alegre, um colega que tinha câncer, era hipertenso e asmático entregou todos os laudos ao banco e, mesmo assim, ele teve que voltar ao presencial. Resultado: pegou covid e está isolado com complicações pulmonares. Quem é o responsável por isso? Não tem logica os bancos deixarem de respeitar os cuidados com o grupo de risco”, criticou Mauro Salles, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Outra questão levantada pelos bancos na reunião foi como agir caso, em algumas localidades, prefeitos ou governadores baixem decretos derrubando a obrigatoriedade do uso de máscaras. Juvandia Moreira disse que tais decretos não interferem na obrigatoriedade para bancárias e bancários usarem máscaras. “Eles não podem simplesmente liberar. Que isso seja discutido com a gente em cada caso”, disse a presidenta da Contraf-CUT. Os representantes da Fenaban concordaram em discutir com os sindicatos eventuais decretos que liberem medidas de segurança.
Vales refeição e alimentação
Outro ponto discutindo na reunião foi o recente decreto do governo Bolsonaro que limita a dedução do Imposto de Renda das empresas na concessão de vales refeição e alimentação. O Decreto pode entrar em vigor a partir do dia 11 de dezembro e estabelece que apenas os valores pagos até um salário mínimo poderão ser descontados da base de cálculo do Imposto de Renda das empresas que oferecem o benefício a seus trabalhadores.
Os representantes da Fenaban manifestaram preocupação com o decreto. “É mais uma medida absurda desse governo para acabar com nossos direitos. Vamos brigar para que caia essa proposta. Não é assim que se resolve o problema de tributação do país. Vamos brigar para que saia de pauta, seja revogado”, afirmou Ivone Silva. Foi destacado na reunião que o decreto de Bolsonaro é ilegal, pois uma mudança na lei só pode ser feita pelo Congresso Nacional. Tanto o Comando Nacional como a Fenaban concordaram em desenvolver esforços para derrubar essa tentativa de Bolsonaro de atacar mais uma conquista dos trabalhadores.