Alguns bancos estão exigindo que colegas de grupo de risco, com comorbidades, voltem ao trabalho presencial, apesar dos riscos com a pandemia da Covid-19. A volta de bancárias e bancários desses grupos de risco preocupa o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, que defende a revisão dessas medidas.
A volta ao trabalho presencial dos grupos de risco será tema de discussão da reunião, nesta segunda-feira 29, entre o Comando Nacional dos Bancários com a Comissão Nacional de Negociações da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban).
“Queremos debater com os bancos os critérios para o retorno presencial ao trabalho, e enfatizarmos nossa preocupação e contrariedade com a volta presencial dos trabalhadores e trabalhadoras com comorbidades. Defendemos que todos estejam vacinados antes de qualquer intenção de retorno presencial dos trabalhadores do grupo de risco. Também é de fundamental importância que todos, bancários e bancos, continuem cumprindo os protocolos preconizados pela Organização Mundial da Saúde”, afirma Ivone Silva, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.
“Não podemos concordar com tais posturas. Defendemos que, mediante atestado por seu médico assistente, os bancos mantenham ou coloquem os bancários em home office. A pandemia não acabou, ainda temos muita gente contaminada e mortes, o que não pode ser banalizado. Sabemos que, graças à vacinação, diminuiu o número de casos graves e mortes. Mas a vacina não evita de se contaminar e contaminar outras pessoas. Quem tem uma comorbidade severa corre o risco de ter complicações graves”, alerta o secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT, Mauro Salles.
No início da pandemia, em 2020, uma das primeiras medidas adotadas na categoria foi proteger os grupos de risco. “Por que mudar essa postura agora? Sabemos que os bancos conseguiram continuar operando com a maioria dos empregados trabalhando em casa. Os bancos têm responsabilidades com a saúde e vida de seus funcionários. Essas medidas desnecessárias adotadas por alguns bancos precisam ser revistas. Chamar quem tem comorbidade é colocar a vida de muitos colegas em risco”, afirma o secretário.
Nova onda
Países da Europa e da Ásia Central já enfrentam uma nova onda de infecções e mortes causadas pela Covid-19. Os países dessas regiões foram responsáveis por cerca de 60% dos novos casos da doença e metade das mortes nas últimas semanas, de acordo com levantamento descrito pela Fiocruz. Técnicos da Fiocruz orientam que seja possibilitado a permanência do trabalho em casa para os grupos de risco.
Outra preocupação é com a nova variante do coronavírus identificada esta semana na África do Sul e que pode ter uma capacidade ainda maior de contágio do que as variantes anteriormente identificadas.
O diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhanom, manifestou preocupação com a falta de cuidados para a prevenção da doença. “As vacinas salvam vidas, mas não evitam totalmente a transmissão da Covid-19. Estamos preocupados, em muitos países e comunidades, com a falsa sensação de segurança de que as vacinas acabaram com a pandemia da Covid-19 e que os vacinados não precisam tomar quaisquer outros cuidados”, afirmou o diretor-geral da OMS.