Nos últimos meses, cresce entre os bancários do Itaú o sentimento de frustração com o Programa Oportunidades e Carreiras (POC), iniciativa que deveria facilitar a movimentação interna de funcionários dentro da instituição. Diversos relatos apontam que, na prática, transferências para outras áreas têm sido barradas sem explicações claras, mesmo quando os candidatos cumprem todos os pré-requisitos exigidos.
Segundo os depoimentos, gestores têm alegado excesso de funcionários nas cotas ou a existência de um “freezing”, um tipo de bloqueio temporário para movimentações internas. “Dizem que as transferências estão travadas, mas as vagas continuam sendo divulgadas. É desanimador”, comenta um funcionário da rede de agências, que preferiu não se identificar.
O cenário é ainda mais confuso quando se trata das áreas digitais do banco. Internamente, comenta-se que as transferências para o digital estão liberadas — exceto para quem vem das agências físicas, o que reforça o sentimento de desigualdade e falta de transparência.
“Muitos colegas se inscrevem nas oportunidades acreditando que poderão crescer ou mudar de área, mas acabam barrados pelo gestor, sem uma justificativa objetiva”, desabafa outra funcionária. “Isso faz o programa perder credibilidade, porque a gente passa a duvidar se essas vagas realmente estão abertas para todos.”
Enquanto não há um posicionamento oficial, os bancários seguem com a sensação de que o POC — criado para promover mobilidade e valorização interna — acabou se tornando, para muitos, um símbolo de frustração e estagnação profissional.
“Trata-se de um programa meramente simbólico, implementado apenas ‘para inglês ver’, uma vez que o funcionário não consegue se candidatar a uma vaga disponível, ainda que atenda plenamente a todos os pré-requisitos exigidos para a função. Se não há possibilidade real de transferência dos empregados, o mais coerente seria encerrar a vaga. Dessa forma, evita-se a frustração dos bancários e poupa-se os gestores da necessidade de criar justificativas para negar as transferências”, afirma Márcia Basqueira, diretora do Sindicato e funcionária do Itaú.