A Avenida Paulista voltou a ser palco de resistência, memória e afirmação da luta do povo negro neste 20 de novembro, Dia da Consciência Negra. Com o tema "Zumbi e Dandara – 300+30 anos", o ato reuniu coletivos, movimentos sociais e organizações do movimento negro. Como em anos anteriores, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região marcou presença e reforçou sua atuação histórica no combate ao racismo.
A concentração teve início ao meio-dia, no vão livre do MASP. Movimentos sociais, famílias, trabalhadores, estudantes e representantes de diversas categorias caminharam juntos, lembrando o legado de Zumbi dos Palmares, assassinado em 20 de novembro de 1695, e de Dandara, símbolos da resistência quilombola que seguem inspirando a luta antirracista no Brasil.
A marcha contou com uma série de apresentações artísticas e discursos de lideranças sociais. Com faixas e cartazes contra o racismo e em defesa de pautas populares, os manifestantes seguiram em caminhada exigindo respeito e igualdade.
Na visão de Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato, a participação na Marcha reforça o compromisso permanente da entidade com a promoção da igualdade racial.
"Temos um Coletivo de Combate ao Racismo que é muito atuante nesta pauta. Também participamos de uma mesa de negociação que cobra da Fenaban a inclusão das pessoas negras no sistema financeiro, com os mesmos direitos e salários. Então é muito importante para nós fazer essa luta ao lado da CUT e dos movimentos sociais, reforçando nossa luta por uma sociedade justa, igualitária e sem racismo", ressaltou Neiva.
Ana Marta Lima, diretoria executiva do Sindicato e membro do Coletivo de Combate ao Racismo, também esteve presente no ato. Ela deu destaque ao significado político da mobilização e lembrou da Marcha das Mulheres Negras, prevista para 25 de novembro.
"Essa marcha remete à luta e resistência do nosso povo preto. Convido todos e todas a fazerem essa luta, que é minha, que é sua, é de todos nós! Também ressalto que no dia 25/11 teremos a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, que ocorrerá em Brasília. O Sindicato dos Bancários estará presente fortalecendo essa luta contra o racismo, a violência e em defesa de direitos", afirmou Ana Marta.
Racismo no mundo do trabalho
Para além da celebração, a marcha também chamou atenção para os dados que evidenciam a desigualdade racial no mercado de trabalho. De acordo com dados compilados pelo DIEESE, pessoas negras representam apenas 28,15% da categoria bancária. Em 2012, essa participação era ainda menor: 18,9%. A desigualdade salarial segue gritante: mulheres pretas recebem, em média, 37,7% menos que homens brancos, e apenas 24,2% dos cargos de liderança no setor são ocupados por pessoas negras.
O cenário nacional também revela desafios profundos. Segundo dados recentes da PNAD Contínua/IBGE, trabalhadores negros enfrentam maior desemprego, mais informalidade e salários cerca de 40% inferiores aos de trabalhadores brancos, indicadores que ajudam a dimensionar a urgência da luta.
Programação especial na sede do Sindicato
As atividades do Mês da Consciência Negra não terminam com a Marcha. A sede do Sindicato, na Rua São Bento, 413, terá diferentes atividades entre os dias 24 e 28 de novembro. Das 10h às 17h, acontece a Feira Negritude Faz Arte, com exposição e venda de produtos de empreendedores e artesãos negros.
No dia 28 de novembro, das 14h30 às 19h, será realizado o seminário "Do Trabalho Doméstico à Tecnologia: Onde estão as mulheres negras?", que abordará a trajetória e os desafios enfrentados por mulheres negras no mundo do trabalho. Participam da mesa Andressa Freires (fundadora da DiversiDATA), Ana Marta Lima (diretora executiva do Sindicato e integrante do Coletivo de Combate ao Racismo) e Lucimara Malaquias na mediação, secretária-geral da entidade.
O encerramento da semana será às 19h, no Café dos Bancários, com apresentação do grupo Juntos Dá Samba, dentro do projeto Sons da Democracia. A entrada é gratuita para pessoas sindicalizadas e custa R$ 15 para não sindicalizadas.
