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Chapéu
Iguadade racial nos bancos!

Em fórum nacional, Sindicato define propostas contra o racismo no setor financeiro

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Imagem mostra membros do coletivo de combate ao racismo do Sindicato dos Bancáiros de São Paulo em frente a um painel do VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro

O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro, realizado em Fortaleza (CE) nos dias 6 e 7 de novembro de 2025, reuniu especialistas, acadêmicos, servidores públicos e entidades sindicais – como o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região – para debater e construir propostas concretas para a luta antirracista no setor financeiro.

A organização se faz necessária diante dos números da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) elaborados pelo Dieese. A remuneração média das mulheres pretas no setor bancário é 37,7% inferior à remuneração média do bancário branco do sexo masculino.

O que ajuda a explicar esta discrepância é a sub-representação de pessoas negras nos cargos de liderança. Do total de 65.945 cargos de chefia, 15.934 são ocupados por negros (pretos e pardos), 24% do total.

E mesmo nos cargos de liderança, as mulheres pretas ganham 50,3% do que ganham os homens brancos. E as mulheres pardas 51,1%.

Os homens e mulheres negros estão sub-representados em toda a categoria bancária, ocupando apenas 28,15% dos cargos, enquanto são 55,5% da população.

“O objetivo central da luta antirracista vai além do aumento na contratação de pessoas negras, focando na garantia de um plano de cargos e salários justo, livre do viés racista que permeia a sociedade, e cujas propostas servirão de norte na próxima campanha salarial [Campanha Nacional dos Bancários]”, afirma Susana Malu Córdoba, coordenadora do coletivo racial do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

Formação, resistência e políticas afirmativas

Nas mesas temáticas foram debatidas desde a construção histórica do racismo no Brasil até desafios atuais, como o impacto da tecnologia e práticas de gestão que reproduzem desigualdades. Pesquisadores como Arilson dos Santos Gomes e Rodrigo Monteiro trouxeram análises sobre resistência negra, relações de trabalho e mitos sobre contratação de pessoas negras no setor bancário.

Expositores também destacaram a urgência de políticas de ações afirmativas e a necessidade de vigilância constante para impedir retrocessos, reforçando que avanços obtidos nas últimas décadas são fruto de forte mobilização social e que dependem da participação ativa do movimento sindical.

O VIII Fórum Nacional pela Visibilidade Negra no Sistema Financeiro encerrou-se reafirmando que a luta por igualdade e reparação deve ser permanente.

Carta de Fortaleza

Entre os principais encaminhamentos aprovados no Fórum estão:

  • Promoção de formação permanente sobre relações raciais;
  • Criação de protocolos antirracistas e canais de denúncia;
  • Realização de fóruns locais e atividades nas datas históricas da luta negra;
  • Qualificação profissional com foco na juventude negra;
  • Criação de coletivos e fundos de apoio para ampliar a participação de dirigentes negros;
  • Ações de promoção da saúde da população negra;
  • Realização periódica de reuniões de mobilização e organização.

Ana Marta Lima, diretora executiva do Sindicato e membro do coletivo racial ressalta que a Carta de Fortaleza é um novo passo na luta contra o racismo no setor financeiro. “Estes pontos definidos na carta serão apresentados aos bancos na Campanha Nacional de 2026 e permearão a luta para que o sistema financeiro dê oportunidades para todos, sem discriminação racial”, afirma.

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