A igualdade de gênero em locais de trabalho em todo o mundo levará mais de dois séculos para ser alcançada, segundo um relatório do Fórum Econômico Mundial divulgado nesta terça-feira 18. O estudo aponta também para a redução da participação feminina na política, além do acesso desigual à saúde e à educação, apesar de ligeira melhoria na equiparação salarial em 2018 na comparação com o ano anterior. O relatório estima ainda que, no atual ritmo, levará 108 anos para zerar a disparidade global e 202 anos para que seja estabelecida paridade econômica no trabalho entre os gêneros.
Após anos de avanços na saúde, educação e representação política, as mulheres sofreram recuos nestas três áreas este ano em termos globais. O único setor de melhoria foi o de oportunidade econômica. Apesar disso, o relatório conclui que a disparidade de renda entre homens e mulheres hoje é de 51%.
Em 2018, menos mulheres trabalhavam do que homens, e a principal razão era a falta de opções de cuidados infantis. Isso, de acordo com o estudo do Fórum Econômico Mundial, as mantém longe de empregos e de avançar para funções de liderança.
Nórdicos lideram
Os países nórdicos lideram o Índice Global de Disparidade de Gênero divulgado pelo Fórum Econômico Mundial. O primeiro colocado, ou seja, o país de maior igualdade entre os gêneros no mundo, é a Islândia, seguido por Noruega, Suécia e Finlândia. Na outra ponta, com as maiores discrepâncias gerais de gênero, estão Síria, Iraque, Paquistão e o Iêmen.
Entre as 20 principais economias do mundo, a França obteve o melhor resultado e ocupou a 12ª colocação geral, seguida por Alemanha (14ª), Reino Unido (15ª), Canadá (16ª) e África do Sul (19ª). Os EUA caíram para a 51ª posição geral, com o Fórum Econômico Mundial dando destaque a uma recente queda na paridade de gênero em cargos de nível ministerial.
95ª colocação
O Brasil ocupa a 95ª colocação mundial, abaixo de Senegal e Camboja e acima de Libéria e Azerbaijão. Na América Latina, terceira região do mundo de maior igualdade entre gêneros em 2018, ficou à frente somente de Paraguai, Guatemala e Belize.
Segundo o relatório, o Brasil teve em 2018 uma reversão significativa no progresso em direção à igualdade de gênero. Foi o pior índice registrado desde 2011, em grande parte devido às subcategorias de participação econômica e de oportunidade.
"Estes números mostram que a luta pela equidade de gênero é mundial. Aqui no Brasil, não podemos deixar pautas como igualdade de gênero e feminismo sejam atacadas", enfatiza Neiva Robeiro, secretária-geral do Sindicato.
O Fórum Econômico Mundial utilizou no relatório dados de instituições como a Organização Internacional do Trabalho (OIT), o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).