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Chapéu
Internacional

Na OIT, Sindicato debate diversidade e proteção dos trabalhadores frente à tecnologia e eventos climáticos extremos

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Diálogo tripartite Eventos Climáticos Extremos, Mulheres e Diversidade em Negociações Coletivas

O Sindicato, representado por sua presidenta, Neiva Ribeiro, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, participou nesta quarta 11 do diálogo tripartite Eventos Climáticos Extremos, Mulheres e Diversidade em Negociações Coletivas, parte da programação da 113ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que está sendo realizada na sede da entidade, em Genebra, Suíça.

O movimento sindical bancário levou para o encontro tripartite – que reuniu representantes dos trabalhadores do ramo financeiro, das empresas do setor e do governo brasileiro – suas experiências no apoio, através de medidas negociadas com os bancos, aos bancários afetados pelas enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024; e também iniciativas para promoção da diversidade e igualdade de oportunidades nos bancos, assim como para o combate à violência de gênero e qualquer outra forma de discriminação.

Além da presidenta do Sindicato, participaram dos debates como representação dos trabalhadores Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e coordenadora do Comando Nacional dos Bancários; e Rita Berlofa, secretária de Relações Internacionais da Contraf-CUT. Representando a UNI Finanças Global, convidada para acompanhar as discussões, estiveram presentes Ângelo Di Cristo, chefe de departamento da UNI Finanças Global, e a coordenadora da entidade, Anna Harvey.

Representando o governo, o Congresso e o Judiciário, participaram o ministro do Trabalho e Emprego do Brasil, Luiz Marinho; os ministros do Tribunal Superior do Trabalho, Aloysio Corrêa da Veiga (presidente), Sérgio Pinto Martins e Antônio Fabrício de Matos Gonçalves; o procurador-geral do Trabalho, José de Lima Ramos Pereira; e os deputados federais Leonardo Monteiro, Leo Prates e Geovania de Sá.

Já lado do setor patronal, participaram o diretor executivo de Relações Institucionais, Trabalhistas e Sindicas da Fenaban, Adauto Duarte, e a assessora da CONSIF e Fenaban, Paula Lins.

Formação de mulheres em TI

Uma das experiências relatadas pelo movimento sindical bancário foi a conquista, na Campanha Nacional dos Bancários 2024, de 3.000 bolsas de estudo para capacitação de mulheres em programação, na escola PrograMaria; e 100 bolsas para formação avançada de mulheres em tecnologia, na escola Laboratória; previstas nas cláusulas 100 e 101 da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Nos últimos cinco anos, mais de 18 mil empregos bancários foram eliminados, sendo que 94% correspondem a postos de trabalho ocupados por mulheres. Em 2018, mulheres representavam 49,3% do total de bancários, proporção que caiu para 47,0% em 2024. Essa redução está associada, principalmente, ao fechamento de postos de trabalho tradicionalmente vinculados às agências físicas. Em contrapartida, observa-se a expansão de vagas nas áreas de Tecnologia da Informação (TI), onde a presença feminina é significativamente menor, correspondendo a apenas 25% do total.

“Por isso, essa nossa conquista, estas 3.000 bolsas para capacitação de mulheres na área de TI, na área de análise, interpretação e construção de dados foi tão importante. Nós sabemos que o futuro será na área de tecnologia, e as mulheres não estão nesta área", enfatizou a presidenta do Sindicato.

Confira abaixo exemplos de outras conquistas da categoria voltadas especificamente às mulheres, negros e negras, pessoas com deficiência (PCDs) e LGBTQIA+:

  • A instalação da mesa de negociação Igualdade de Oportunidades, em 2000;
  • Censo da Diversidade (em 2025 será realizada a quarta edição), instrumento necessário para conhecer o perfil da categoria e direcionar as reivindicações;
  • Mecanismos de combate ao assédio moral, sexual e outras formas de violência no ambiente de trabalho;
  • Ampliação da licença maternidade de 160 para 180 dias;
  • Ampliação de direitos da CCT aos casais homoafetivos;
  • Programa de Prevenção à Violência Contra a Mulher;
  • Abono de ausência para reparo ou conserto de próteses e equipamentos para PCDs;
  • Cláusula de igualdade salarial entre homens e mulheres.

Inteligência Artificial

A negociação da Campanha Nacional Unificada 2024 conquistou também cláusula relacionada ao tema Inteligência Artificial, estabelecendo apoio à requalificação e promoção de oportunidades em face de novas tecnologias, enfatizando a igualdade de oportunidades para as mulheres.

“Sobre a Inteligência Artificial, é fundamental aprimorar mecanismos regulamentadores com vistas a garantir a proteção da sociedade contra quaisquer ameaças à saúde, segurança e direitos fundamentais, contra quaisquer formas de preconceito e/ou exploração das pessoas mais vulneráveis”, avaliou a presidenta do Sindicato.

“É essencial fortalecer o processo de negociação entre sindicatos, governos e empresas que assegure que os avanços tecnológicos beneficiem também os trabalhadores — com medidas como a redução da jornada de trabalho — e não sirvam apenas para ampliar os lucros. Da mesma forma, é urgente estabelecer limites ao uso dessas tecnologias quando representarem riscos à preservação da natureza e ao equilíbrio ambiental”, acrescentou.

Combate à violência de gênero

O movimento sindical bancário apresentou ainda na OIT medidas de combate à violência contra a mulher como, por exemplo, o Programa de Prevenção à Violência Contra a Mulher, negociado com os bancos e que prevê medidas como, por exemplo, ações de conscientização; realocação da bancária vítima de violência, com sigilo do novo local de trabalho; oferta de linha de crédito para a bancária vítima de violência; canais de apoio nos bancos para bancárias vítimas de violência; entre outras.

Também foi apresentada a iniciativa pioneira do Sindicato com o projeto “Basta! Não irão nos calar!”, que oferece apoio, acolhimento e orientação jurídica gratuita para mulheres vítimas de violência. Criado pelo Sindicato, hoje o projeto se espalhou, por meio da Contraf-CUT, para 532 municípios de todo o Brasil, através de 14 sindicatos bancários.

O agendamento para atendimento pelo projeto Basta! Não irão nos calar É realizado via Central de Atendimento, por chat, no telefone 3188-5200 e também via WhatsApp, por meio do número 11 97325-7975 (Clique aqui para falar diretamente via WhatsApp)

Eventos climáticos extremos

Por fim, foi abordada a questão dos cada vez mais frequentes e graves eventos climáticos extremos, que exigem respostas de governos e da sociedade civil organizada para mitigação de danos, incluindo apoio aos trabalhadores impactados por meio de iniciativas derivadas também da negociação coletiva.

Em 2024, com as grandes enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul (RS), o movimento sindical bancário conseguiu agir rapidamente para conquistar, em negociação com os bancos, medidas de apoio aos trabalhadores das regiões afetadas. Entre elas, a antecipação de gratificação semestral, adiantamento de parcelas do décimo terceiro salário, carência de até seis meses de parcelamentos com crédito consignado, flexibilização de antecipação de férias e o abono do ponto eletrônico.

A partir dessa experiência, que exigiu do movimento sindical e também dos bancos ações rápidas, foi conquistada na Campanha Nacional dos Bancários 2024 uma cláusula que garante que, no caso de eventos climáticos extremos ou outras calamidades, será criado um Comitê de Gestão de Crise, reunindo representantes dos bancários e dos bancos. Comitê este que terá autorização prévia para colocar em prática medidas que protejam os bancários e seus direitos.

“Enfrentar a emergência climática exige um Pacto Global de Transição Justa, que promova a recuperação e preservação do meio ambiente com geração de empregos de qualidade, baseados nos princípios do trabalho decente. Essa política deve incluir um plano de transição para os empregos e comunidades impactadas e garantir uma reforma da governança global, com base em pilares sólidos das democracias locais, que assegure o desenvolvimento e a justiça socioambiental para todo o planeta”, concluiu a presidenta do Sindicato.

113.ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT

A 113.ª Conferência Internacional do Trabalho da OIT está em andamento em Genebra, na Suíça, e vai até o dia 13 junho.

Durante a conferência, representantes dos trabalhadores, do patronato e dos governos dos 187 países membros da OIT debatem questões importantes relacionadas ao mundo do trabalho, incluindo possíveis novas normas internacionais de proteção aos trabalhadores, promoção do trabalho decente na economia de plataformas, proteção contra riscos biológicos no trabalho, abordagens inovadores para a formalização da economia e do trabalho, entre outras.

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