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Chapéu
UNI Americas Mulheres

Mulheres discutem o futuro do trabalho e a defesa de direitos globais

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Conferência da UNI Américas Mulheres reforçou a urgência da intensificação da luta contra a violência e desigualdade de gênero; e a importância de as mulheres ocuparem mais espaço nos sindicatos. Encontro também elegeu a nova diretoria da entidade
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Foto: Divulgação

Em 2011, homens com ensino superior ganhavam, em média, R$ 3.058 no Brasil, enquanto as mulheres com o mesmo nível de formação ganhavam, em média, R$ 1.865, o que representa uma diferença de salário de 63,98%.

Em 2012, essa diferença começou a cair, passando para 61,78%. Em 2018, chegou a ser 44,7%, com homens ganhando, em média, R$ 3.752 e, mulheres, R$ 2.593. Em 2019, a diferença aumentou e passou a ser de 47,24%, com homens ganhando em média R$ 3.946 e, mulheres, R$ 2.680.

Os dados foram compilados para a Agência Brasil pela Quero Bolsa, plataforma de bolsas e vagas para o ensino superior, com base nos dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Além do aumento da desigualdade salarial entre gêneros, as mulheres também sofrem com a violência. Um total de 87 mil mulheres foram vítimas de feminicídio em 2017, segundo a Organização das Nações Unidas. Seis mulheres morrem a cada hora em todo o mundo vítimas de feminicídio por conhecidos, ainda de acordo com a ONU. 

O Brasil ocupa o 5º lugar no ranking mundial de feminicídio, segundo o Alto Comissariado das Nações Unidas pra os Direitos Humanos (ACNUDH). O país só perde para El Salvador, Colômbia, Guatemala e Rússia em número de casos de assassinato de mulheres.

6ª Conferência da UNI América Mulheres

Sob este contexto de violência de gênero, desigualdade salarial e de ataques aos direitos trabalhistas e sociais, mulheres de todo o continente americano se reuniram na 6ª Conferência da UNI América Mulheres, realizada virtualmente pela primeira vez por conta da pandemia de coronavírus.

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Com o tema “As mulheres defendem seus direitos e constroem um novo futuro”, as participantes da Conferência discutiram o futuro do trabalho com a premissa de que as mulheres continuam sob ataque e devem se unir para defender os direitos que foram construídos ao longo de décadas de história e luta, além de avançar em novos pontos, como por exemplo, mais mulheres dentro dos sindicatos; igualdade salarial entre homens e mulheres; fim da violência de gênero; e formação e capacitação para um novo mundo do trabalho que está cada vez mais digitalizado e caracterizado pelo home office – este último por conta da pandemia. 

“Essas preocupações foram debatidas ao longo do dia e documentadas através de três moções que abordaram as prioridades estratégicas da UNI; a igualdade de gênero nos sindicatos; e o combate à violência, com destaque para a convenção 190 da OIT, sobre violência e assédio no trabalho, que Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região luta para que o governo ratifique, mas no governo Bolsonaro será uma tarefa dificílima”, afirma a secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo e vice-presidenta da UNI Américas Mulheres, Neiva Ribeiro.

“40 por 40”

Uma das principais metas definidas na conferência, chamada de “40 por 40”, estabelece que a UNI (Union Internacional Networking) tenha 40% de mulheres em todos os comitês e espaços decisórios em todas as regiões onde se organiza: América, África, Europa, Ásia e Pacífico. A meta da UNI é chegar a paridade em 2022.

“A luta das mulheres em todos os países é fazer com que essa recomendação da UNI seja seguida pelas entidades filiadas e cada vez mais mulheres participem das entidades sindicais, das mesas de negociação, e dos espaços onde formulam políticas públicas”, afirma Neiva.

“Se as mulheres estão nas mesas de negociação e nos espaços onde as políticas públicas são feitas, certamente as melhores políticas são formuladas, porque quando são elas que estão na formulação, as políticas são pensadas de forma integral, pensando nos filhos, nos companheiros ou companheiras e em toda sociedade. Um exemplo é como a pandemia foi tratada em todo mundo, tendo a primeira ministra da Nova Zelândia, Jacinda Ardern, como a que melhor soube planejar seu país para a crise”, acrescenta a dirigente.

Neiva lembra ainda que o Sindicato dos Bancários tem um compromisso histórico com a Igualdade de Oportunidades e a promoção da igualdade de gênero.

“Hoje na Contraf-CUT temos uma presidenta mulher e um Comando Nacional com várias mulheres. O Sindicato tem cerca de 40% de mulheres na direção, e a maioria de mulheres em cargos expressivos na diretoria executiva, tendo a sua frente a condução da presidenta Ivone Silva. É uma história representativa dessa luta e que mostra o avanço da nossa entidade na questão da igualdade de gênero”, finaliza Neiva.

Violência contra a mulher

A secretária da Mulher da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Elaine Cutis, também ressaltou as iniciativas da categoria bancária em combater a violência doméstica através de ações como criação de canais de denúncia e acolhimento de mulheres nestas condições.

“Dados sobre violência doméstica são tratados com indiferença no mundo coorporativo, ainda que impactem diretamente na nossa economia, já que mulheres vítimas de violência perdem em média 18 dias de trabalho ao ano, o que impacta, em volume salarial, quase R$ 1 bilhão ao ano no Brasil”, lembra Elaine.

Por isso, o movimento sindical bancário buscou analisar como a violência impacta negativamente a carreira das trabalhadoras e como a questão era tratada dentro dos bancos, constatando que não havia políticas internas relacionadas à violência contra a mulher e o despreparo dos gestores para tratar o tema. 

Em mesa de negociação, as bancárias garantiram um acordo inédito com os bancos que, mais tarde, seria incorporado de forma definitiva na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria.

“Isso inclui a conscientização e treinamento de funcionários e até mesmo a criação de um canal de atendimento sigiloso para denúncias, passando por ações de apoio psicológico, de transferência de local de trabalho, flexibilização de horários, abono de ausências relacionadas a violências sofridas e até mesmo linhas de crédito especiais. Só no último trimestre, 35 bancárias buscaram atendimento nesta plataforma”, disse a dirigente sindical.

Basta! Não Irão nos Calar!

Além disso, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, oferece, desde 2019, serviço jurídico especializado e atua em parceria com a Rede Municipal de Enfrentamento à Violência Doméstica, atendendo as demandas jurídicas de bancárias e não bancárias em situação de violência doméstica e de gênero, contribuindo para a plena superação do contexto de violência.

O agendamento está sendo realizado via Central de Atendimento, por chat ou pelo telefone 4949-5998. A vítima também pode falar diretamente com o advogado plantonista  via Whatsapp por meio do número 11 97325-7975 (Clique aqui para falar diretamente via WhatsApp). O plantão acontece inclusive nos finais de semana.

Debates na conferência

Tiveram destaque na 6ª Conferencia as mobilizações de combate à violência de gênero que ocorreram em todo o mundo, demonstrando que as mulheres em todas as partes estão se unindo contra o machismo, o feminicídio, a LGBTfobia, como por exemplo o "Ninguna a menos", na Argentina, Uruguai e Chile, Zapatos Rojos, no México, Me too, nos Estados Unidos, e o Ele Não, no Brasil.

Ao final da conferência foi aprovado o plano estratégico e feita a eleição da nova presidenta Thereza Mprtmer, do Caribe, que substitui Alejandra Stoup, da Argentina, e as vice-presidentes Neiva Ribeiro, representando a Contraf-CUT, Cristiane Oliveira, do Sintetel, ambas brasileiras, e Milagro Pau, bancaria da AEBU, do Uruguai.

UNI Américas

A UNI Américas é o braço continental da Uni Global Union, sindicato que reúne entidades de diversas categorias profissionais de 140 países. A UNI-Sindicato Global, ao qual a Contraf-CUT é filiada, representa mais de 20 milhões de trabalhadores dos setores de serviços em todos os continentes.

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