É inegável que na gestão Pedro Guimarães os abusos contra empregados da Caixa ganharam uma escala sem precedentes. Sobrecarga de trabalho, assédio moral e ameaças de descomissionamento são práticas da gestão por medo praticadas pela atual direção, sob ordens do governo federal.
Entretanto, é importante relembrar aos trabalhadores do banco público que a sua organização e mobilização, junto aos sindicatos e demais entidades representativas, conquistou garantias como, por exemplo, o fim do descomissionamento sumário.
Em junho de 2016, a direção da Caixa alterou os normativos RH 184 e RH 151, possibilitando o descomissionamento sumário, imotivado, de empregados. A intenção era que a chefia apresentasse o documento de descomissionamento para o gestor ou empregado comissionado, e ele tivesse a função destituída de imediato, sem direito a defesa e nenhuma garantia. Diante de tamanha arbitrariedade, o Sindicato, junto com as demais entidades representativas, travou uma grande luta e derrotou o descomissionamento sumário.
Foi garantido aos empregados que a chefia deve apresentar um primeiro documento, relatando as razões para o descomissionamento, e somente após 60 dias poderia apresentar novo documento para destituição de fato da função. Este período de 60 dias foi uma conquista, uma vez que neste período o empregado pode buscar as entidades representativas para a sua defesa, muitas vezes assegurando o seu não descomissionamento. Além disso, também foi assegurado ao empregado descomissionado, com mais de 10 anos no cargo, a incorporação de função.
“Hoje, com a gestão pelo medo praticada pela direção da Caixa, o receio de perder a função é tão grande entre os empregados que eles não se lembram destas garantias conquistadas com muita luta. Acreditam que a chefia pode descomissionar imotivadamente, o que não é verdade. Nós derrotamos o descomissionamento sumário, imotivado. Não devemos baixar a cabeça para os abusos. Os empregados podem e devem contar com as garantias conquistadas e com a força das nossas entidades representativas na sua defesa”, enfatiza o diretor do Sindicato e empregado da Caixa, Dionísio Reis.
“A ameaça de descomissionamento como uma espécie de ferramenta de gestão não pode, de maneira nenhuma, ser normalizada. Ameaça de descomissionamento é assédio moral e deve ser denunciada ao Sindicato. O sigilo é garantido”, acrescenta.
Nação Caixa
O mais recente episódio de assédio moral cometido pela gestão Pedro Guimarães se deu no evento Nação Caixa, que reuniu gestores do banco público para apresentação de resultados e metas para 2022.
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O alto escalão da Caixa, diretores e vice-presidentes, foram constrangidos para fazerem flexões no palco do evento, que ainda contou com palestra do coronel da reserva e assessor do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Adriano de Souza Azevedo, reforçando a tônica militar presente em outros momentos do Nação Caixa. A cena das flexões foi repetida também por boa parte dos gestores na platéia.
“Essa é a ‘cultura institucional’ que Pedro Guimarães quer para a Caixa e seus empregados. Uma ‘cultura’ autoritária, baseada no assédio moral, no constrangimento, na humilhação. Um empregado com alto cargo, submetido a este constrangimento, passa a entender que este é o método de gestão que a chefia espera que ele aplique aos seus subordinados. E, dessa forma, a gestão pelo medo vai se alastrando por todos os níveis hierárquicos”, alerta Dionísio.
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O Sindicato, com outras entidades representativas, tem trabalhado em uma denúncia junto ao Ministério Público do Trabalho na qual serão elencados todos os relatos de assédio moral que estão sendo praticados institucionalmente na Caixa como, por exemplo, o assédio aos empregados para venda de ações da Caixa Seguridade. Os episódios inaceitáveis ocorridos no Nação Caixa serão incluídos na denúncia.
“Nós, os empregados, que fazemos a Caixa ser este banco público tão fundamental para o país, apesar de tão maltratado pelo governo Jair Bolsonaro, temos de ter a consciência de que a nossa organização é forte, que nossa história de luta fala por si só, e que lutaremos e venceremos estes absurdos. Não se intimide. Denuncie qualquer prática de assédio moral ao Sindicato. Juntos somos mais fortes”, conclui Dionísio.