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Em audiência pública, Sindicato cobra dos bancos maior investimento em segurança

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Mesa da audiência pública sobre segurança bancária

Foi realizada na tarde desta quinta-feira 14, na Assembleia Legislativa do Estados de São Paulo (Alesp), por iniciativa do deputado estadual e ex-presidente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino, uma audiência pública para debater a segurança em estabelecimentos bancários. O evento reuniu dirigentes sindicais bancários, dos vigilantes, além de representante da Fenaban [federação dos bancos].

A secretária-geral do Sindicato, Lucimara Malaquias, abriu a sua fala enfatizando que o tema central do debate da segurança bancária não deve ser a defesa do patrimônio, e sim a defesa da vida de bancários, trabalhadores e clientes.

“Com base nesta premissa, o movimento sindical bancário atua firmemente nas negociações com os bancos, bem como nas denúncias constantes de situações de fragilidade e de risco para a vida”, destacou Lucimara.

Agências de negócios

A dirigente chamou a atenção para as chamadas agências de negócio, que não contam com portas de segurança e nem vigilantes, o que aumenta a insegurança dos trabalhadores.

“Essas agências possuem áreas de autoatendimento, com caixas eletrônicos, e muitas delas ainda realizam compensação dos depósitos. Até padaria de bairro possui vigilante. Não existe justificativa para que os bancos não tenham. A decisão sobre de quais locais vão retirar as portas giratórias em muitos bancos é uma decisão da área comercial, não passa pela área de segurança, o que fragiliza essa decisão”, alertou.

“A redução dos mecanismos de segurança e a escolha de dispositivos de alta tecnologia visam exclusivamente a segurança patrimonial. Quando o representante da Fenaban diz que o marginal não chega ao cofre em questão de segundos, pode ser que não chegue, mas ele chega no bancário, no cliente, nas pessoas que estão naquele ambiente como ocorreu na agência de Poa, em setembro, que custou a vida de uma gerente. É disso que estamos falando”, acrescentou.

Foi enfatizado ainda por Lucimara o impacto do aumento da insegurança nas agências na saúde mental dos trabalhadores, assim como o fato das agências possuírem equipamentos visados por criminosos como, por exemplo, celulares e computadores.

Falta investimento

A diretora executiva do Sindicato lembrou que, em 2022, os cinco maiores bancos brasileiros investiram menos de 5% dos seus lucros com serviços de segurança e vigilância. “Menos de 5% do lucro é investido para defender e proteger a vida dos trabalhadores.”

Na Campanha Nacional dos Bancários de 2022, os representantes dos bancários apresentaram para a Fenaban um levantamento que apontou a ocorrência de 839 ataques em 2020, sendo 321 explosões ou arrombamentos de caixas eletrônicos; 439 assaltos; 34 ataques a carros fortes; e 45 saidinhas bancárias. Dentre as ocorrências, foram identificadas 6 vítimas fatais.

De acordo com o portal de transparência da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, até setembro foram registrados 1.602 boletins de ocorrência envolvendo instituições bancárias.

“Um ambiente de trabalho não pode nunca ser um local no qual você perca a vida. Mais que uma rubrica contábil, nós defendemos o aumento do investimento em segurança bancária, priorizando a proteção da vida”, diz Lucimara.

Insegurança eletrônica

Segundo dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública, em 2022 os estelionatos alcançaram o recorde de 1.719.000 ocorrências – dentre elas golpes, fraudes e estelionatos eletrônicos – o que equivale a 217 casos registrados por hora no Brasil.

“A quantidade de celulares roubados e furtados reforça a ampliação de golpes envolvendo PIX”, avalia a secretária-geral do Sindicato.

Desigualdade social

Lucimara encerrou a sua fala lembrando que a violência é fruto da desigualdade social estrutural no Brasil, e cobrou dos bancos, o setor mais lucrativo da economia, que tenham de fato responsabilidade social.

“O crescimento da violência, sobretudo na cidade de São Paulo, é reflexo da ampliação do número de pessoas em situação de pobreza, em vulnerabilidade social, e aumento de pessoas em situação de rua. Tratar de segurança bancária é, inclusive, tratar da necessidade de um novo modelo econômico que priorize a justiça social. Ainda se faz necessário cobrar o óbvio. Onde está a responsabilidade social do setor mais lucrativo da economia? Qual a contrapartida os bancos oferecem para a sociedade?”, questionou a dirigente.

“Por fim, quero reforçar que o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região preza pela vida e pela segurança. Continuaremos protestando e cobrando que as vidas sejam a prioridade”, concluiu a secretária-geral do Sindicato.

Assista abaixo a audiência pública na íntegra:

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