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Chapéu
Luta e reflexão

Sindicato Cidadão promove Novembro da Resistência

Linha fina
Mês do Dia da Consciência Negra (20) e Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher (25) será de debates e atos, além da produção de série de reportagens sobre os temas
Imagem Destaque
Arte: Fabiana Lumi/Seeb-SP

Seminário, debates, edições especiais do MB (webtv), ato e uma série de reportagens (leia algumas ao final) marcarão os eventos deste mês no Sindicato dos Bancários de São Paulo. Intitulada Novembro da Resistência, a programação alude a duas datas importantes: no dia 20 comemora-se no Brasil o Dia da Consciência Negra, e em 25 é Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher.

“As diversas formas de violência, simbólica, física e econômica, que ainda sofrem a população negra e as mulheres no Brasil têm de ser combatidas. Essa luta se faz com indignação, com protestos e ativismo, mas também com diálogo e reflexão. Por isso nossa entidade, que sempre atuou como um Sindicato Cidadão, em defesa da democracia e de uma sociedade mais justa e igualitária, realiza o Novembro da Resistência, com uma programação variada para promover o debate e convidar bancárias e bancários a repensar conceitos e práticas”, explica a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.

A dirigente destaca ainda que o combate à desigualdade de gênero e raça é bandeira do Sindicato há muitos anos. “Sabemos que a desigualdade na sociedade se reflete no setor financeiro, onde o número de negras e negros é muito menor que o de brancos, correspondem a apenas 3,4% da categoria, e as bancárias ganham em média 23% menos que os homens”, informa Neiva, citando dados do Censo da Diversidade 2014, realizado pelos bancos.

“Lutamos contra essas injustiças há mais de duas décadas, tanto que fomos a primeira categoria no país a estabelecer uma mesa de negociação com os bancos para negociar soluções contra qualquer discriminação, seja por raça, gênero ou orientação sexual. O próprio Censo da Diversidade é uma conquista dessas negociações. E a Campanha dos Bancários deste ano conquistou a realização de um novo Censo da Diversidade”, destaca.

Dados da violência

Os números não deixam dúvidas. Segundo o Atlas da Violência 2018 – realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) – 4.645 mulheres foram assassinadas no país em 2016, o que representa uma taxa de 4,5 homicídios para cada 100 mil brasileiras, um crescimento de 6,4% em dez anos. Com isso, o Brasil se torna um dos países com taxas de assassinatos de mulheres mais altos do mundo.

Apesar de analisar dados de 2016, o relatório não deixa de citar um crime que chocou o país e o mundo: o atentado que tirou a vida de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro, negra e moradora da favela da Maré, em 14 de março deste ano. Marielle é lembrada na arte do Novembro da Resistência. 

O assassinato é a mais brutal, mas não a única forma de violência contra a mulher. O documento ainda destaca que muitas vezes, antes de se tornar uma vítima fatal, a mulher já passou por violências psicológica, patrimonial, física ou sexual. “Ou seja, muitas mortes poderiam ser evitadas, impedindo o desfecho fatal, caso as mulheres tivessem tido opções concretas e apoio para conseguir sair de um ciclo de violência”, conclui o estudo.

O mesmo Atlas da Violência aponta um número bem mais alto de assassinatos de negros. “A desigualdade das mortes violentas por raça/cor veio se acentuando nos últimos dez anos, quando a taxa de homicídios de indivíduos não negros diminuiu 6,8%, ao passo que a taxa de vitimização da população negra aumentou 23,1%. Assim, em 2016, enquanto se observou uma taxa de homicídio para a população negra de 40,2, o mesmo indicador para o resto da população foi de 16, o que implica dizer que 71,5% das pessoas que são assassinadas a cada ano no país são pretas ou pardas”, aponta o relatório. “É como se, em relação à violência letal, negros e não negros vivessem em países completamente distintos”, conclui.

O documento cita outras publicações que apontam ainda para um verdadeiro genocídio da juventude negra no país. Uma delas, o Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência de 2015 demonstra que o risco de um jovem negro ser vítima de homicídio no Brasil é 2,7 vezes maior que o de um jovem branco.

Convite à reflexão

“Infelizmente racismo e machismo ainda estão muito presentes na nossa sociedade e só vamos combatê-los com políticas públicas e ações concretas. Mas reverter esse quadro de violência, que também é simbólica, demanda ainda o esforço de cada um de nós no sentindo de revermos nossos conceitos. O Novembro da Resistência é um convite à ação e também ao questionamento”, acrescenta Neiva.

Programação do Novembro da Resistência

Dia 14
MB com a Presidenta especial (veja programa na íntegra abaixo).

Dia 20 (feriado)
Dia da Consciência Negra: marcha com concentração no Vão do Masp (Av. Paulista), às 9h30.

Dia 21
MB com a Presidenta especial (veja programa na íntegra abaixo);
Festa no Café dos Bancários.

Dia 28
Cine Birita, no Café, às 19h (exibição de curtas sobre os temas).

Ao longo do mês – reportagens em texto e vídeo, no site e redes sociais do Sindicato, sobre os temas. Veja os links abaixo.

Leia reportagens do Novembro da Resistência

Políticas afirmativas ajudam a formar geração de intelectuais negros
Filmes para refletir sobre a questão racial
Seis episódios recentes que mostram o quanto o Brasil é racista
> Meu cabelo e a cor da minha pele te incomodam, por quê?
> Ivone Silva: 'Você entra numa agência e não vê um negro'.
> Quais são os desafios para a promoção da igualdade racial?
> Cine Birita encerra o Novembro da Resistência
Filmes para debater a violência contra a mulher
> Sindicato inicia 16 Dias de Ativismo pelo Fim da violência contra a mulher
Lute como uma mulher!
> Por que o Brasil não pediu perdão pela escravidão?
Por que não temos o mês da consciência branca?

Veja abaixo MBs sobre o tema

MB do dia 14 sobre promoção da igualdade racial, que contou com as particpações do professor da Universidade Federal do ABC, Ramatis Jacino, autor de uma série de livros, entre eles Transição e Exclusão, e Adriana Vasconcelos, professora de História e Geografia da rede pública. 

Assista ao MB sobre Consciência Negra, na quarta 21, que debateu temas como combate ao racismo e à intolerância, desafios e perspectivas para se avançar na promoção pela igualdade racial no Brasil.  O programa foi conduzido pela secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro, e contou com as participações de Moisés da Rocha, programador musical e apresentador do Samba Pede Passagem e de Fernanda Paula, integrante da União de Negros pela Igualdade (UNEGRO).

 

 

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